3. Responsabilidade ambiental
Diante da preocupação crescente e da conscientização quanto aos efeitos das ações humanas sobre a capacidade de suprimento dos recursos naturais finitos, nas últimas décadas configuraram-se novos cenários institucionais, onde principalmente as empresas viram-se obrigadas a mudar práticas e filosofias de trabalho em pról de atitudes mais responsáveis em relação ao meio ambiente e utilização dos recursos naturais. A criação de legislações mais rigorosas e consumidores atentos à responsabilidade social e ambiental das organizações, fizeram com que estas desenvolvessem práticas de gestão visando a gerar menores impactos sobre o ambiente.
As discussões da Organização das Nações Unidas em 1987 já demonstravam os impactos que o desenvolvimento econômico gerava sobre o meio ambiente, sendo criado nessa época e muito difundido atualmente o conceito de Desenvolvimento Sustentável,. Este visa ao equilíbrio entre as relações de consumo das sociedades e a capacidade do planeta em gerar recursos para tal, ao prostrar como seu principal objetivo “suprir as necessidades do presente sem comprometer a habilidade das gerações futuras de suprir as suas próprias necessidades” (UN, 1987).
Uma transposição dessas ideias para o nível empresarial permite conceituar o desenvolvimento sustentável como a satisfação das necessidades dos stakeholders diretos e indiretos de uma firma, sem comprometer sua habilidade de satisfazer as necessidades dos stakeholders futuros (Dyllick e Hockerts, 2002). De fato, no caso das empresas, houve uma progressiva conscientização e mudança de visão sobre a importância de buscar um desenvolvimento que inclua não somente aspectos econômicos, mas também sociais e ambientais. Segundo Elkington (1994), nas últimas décadas um número crescente de indústrias passou a ser pressionado por ambientalistas e por consumidores mais atentos para reduzir ou eliminar seus impactos ambientais. A indústria do tabaco, por exemplo, já está na “linha de fogo” dos ambientalistas desde a década de 1970, mas recentemente recebeu a companhia de muitas outras indústrias que há pouco tempo passariam incólumes pelos olhares dos grupos de pressão (Elkington, 1994).
Como consequência dessas pressões e de legislações cada vez mais rigorosas, as empresas também responderam de formas diferentes, desde avaliações dos impactos ambientais gerados pelas suas atividades até ao estabelecimento de estratégias ambientais, gestão da cadeia de suprimentos e análise do ciclo de vida dos produtos, em períodos recentes. A divulgação das ações de responsabilidade social e ambiental passou a fazer parte dos relatórios anuais das empresas, como uma forma de prestar contas à sociedade quanto aos impactos de suas atividades. Além disso, é crescente a adoção de práticas de Produção mais Limpa e Ecodesign ou ainda a busca de certificações (como ISO 14001) para suas práticas de gestão ambiental, como forma de atestar a validade das ações empresariais e buscar colocação em mercados exigentes.
Além disso, a cobrança também recaiu sobre a gestão da cadeia de suprimentos dessas indústrias. Não só a empresa focal precisou adequar suas práticas, como também fiscalizar e exigir responsabilidade ambiental dos seus fornecedores e parceiros de negócio. A ideia de estabelecer uma cadeia de suprimentos verde ganha força à medida que consumidores e outros stakeholders nem sempre conseguem distinguir uma organização de seus fornecedores. Normalmente os stakeholders tomam a empresa líder como a responsável pelos impactos ambientais adversos de todas as organizações de uma cadeia produtiva (Rao e Holt, 2005). Assim, em muitos casos essa empresa líder tem a atribuição de estabelecer e monitorar práticas de responsabilidade ambiental em toda a cadeia, como forma de estabelecer e preservar uma reputação ou mesmo para evitar críticas de clientes, governos ou grupos interessados. Como reforçam Rao e Holt (2005), a gestão de uma cadeia de suprimentos verde promove eficiência e sinergia entre empresas parceiras, melhorando a imagem corporativa e as vantagens competitivas nos mercados internacionais.
4. Método
Nesta seção do artigo apresenta-se o método de pesquisa utilizada, justificando sua escolha como forma de viabilizar o alcance dos objetivos estabelecidos. A escolha do método, no presente estudo, está fortemente relacionada às restrições impostas pelo setor fumageiro para coleta de dados junto às empresas do arranjo.
4.1 Método de pesquisa e amostra
O estudo tem caráter exploratório-descritivo e foi realizado através do método de estudo qualitativo básico. “O estudo qualitativo genérico é aquele conduzido com o objetivo de descobrir ou entender um fenômeno, um processo ou as perspectivas e visões de mundo das pessoas envolvidas” (Merriem, 1998, p. 11) e os resultados são um misto de descrição e análise. Tais estudos buscam solucionar problemas qualitativos, como descobrir o que ocorre, como ocorre e os relacionamentos entre as ocorrências.
Como unidade de análise, optou-se pelo estudo das ações de responsabilidade ambiental implementadas pela cadeia produtiva do tabaco no Sul do Brasil na última década, período em que houve significativo recrudescimento das campanhas antitabagistas no país. A opção pela cadeia – e não por uma empresa em particular – deve-se à ampla divulgação das ações ambientais da cadeia e às dificuldades de acesso às empresas individuais.
4.2 Técnica de coleta e análise de dados
Os dados sobre as ações de responsabilidade ambiental do setor foram coletados através de análise documental. Na primeira etapa, relatórios do setor (em especial de entidades representativas) ofereceram informações sobre as práticas de gestão ambiental adotadas pela cadeia. O Anuário Brasileiro do Fumo, publicado a partir de 1997, oferece um panorama detalhado do setor e informações relevantes sobre as mudanças em termos de produção e tecnologia. Através da análise documental dos Anuários de 1997 a 2006, foi possível elaborar uma versão preliminar da rede de stakeholders da cadeia produtiva do tabaco, classificando-os conforme sua orientação a favor ou contra a cadeia.
Na segunda etapa, realizou-se análise de conteúdo das informações divulgadas pelo setor com referência às suas práticas de gestão ambiental. Através dessa análise, foi possível identificar os stakeholders que tiveram maior influência nas decisões da cadeia para adotar essas práticas de gestão ambiental.
5. A Cadeia Produtiva do Tabaco
A indústria do tabaco é conhecida mundialmente pelo seu poder econômico e pelas controvérsias que caracterizam o segmento de negócio. Governos e, em maior medida, organizações não-governamentais com ramificações internacionais, questionam as práticas adotadas pela indústria fumageira e principalmente os riscos à saúde provocados pelos cigarros. A indústria, por outro lado, apóia-se fortemente em argumentos como o direito à liberdade de escolha dos consumidores, os impactos sociais que proporciona às regiões produtoras e beneficiadoras do produto, além da alta carga de impostos que incide sobre os produtos e gera arrecadações gigantescas para os governos onde essas empresas estão instaladas. Dados da Receita Federal disponibilizados pela AFUBRA (2007) indicam que, no Brasil, a cadeia do tabaco gerou um faturamento de aproximadamente R$ 14,1 bilhões em 2006, dos quais cerca de R$ 7 bilhões em impostos.
De acordo com entidades ligadas à cadeia do tabaco, aproximadamente 925.000 pessoas trabalham no campo produzindo tabaco e outras 35.000 estão vinculadas à indústria, no Brasil. Na região sul do país, mais de 182.000 famílias de agricultores estiveram envolvidas com a cultura na safra 2006/2007, gerando uma produção em torno de 760.000 toneladas (Afubra, 2008). Do número total de famílias, 37,1% possuem propriedade com área de 1 a 10 hectares e quase 21% trabalham em regime de parceria, sem área própria. Esses dados mostram o número de famílias cuja renda é originada da produção de tabaco e o impacto social da cultura para as regiões produtoras. Propriedades de pequeno porte, como as da maioria dos produtores citados, dificilmente encontram alternativas mais rentáveis quanto a proporcionada pelo tabaco, além de receber das empresas assistência técnica e garantia de compra de toda a safra produzida.
No Brasil, as principais indústrias da cadeia do tabaco estão instaladas na região do Vale do Rio Pardo – centro do estado do Rio Grande do Sul. Essa região tem um vínculo histórico com a produção de tabaco, a qual teve início em meados do século XIX e se desenvolveu rapidamente em função da adequação do clima, mão-de-obra abundante e pouca necessidade tecnológica. Na década de 1850 “a cultura do fumo, então no seu início, prometia o considerável desenvolvimento que, mais tarde, deveria constituir a principal fonte de prosperidade e riqueza da Colônia” (Menezes, 2005, p. 34). Com o passar das décadas, a ‘planta de ouro’ produzida inicialmente para consumo local transformou-se no principal produto da região e começou a ser comercializado em outros mercados (Vargas, Santos e Alievi, 1999). Posteriormente, a instalação de indústrias para o beneficiamento desse tabaco impulsionou significativamente a economia regional. O sistema de produção integrado contribuiu para o crescimento da produção e para garantir segurança tanto aos produtores quanto para as indústrias. Atualmente, as principais empresas multinacionais do ramo fumageiro estão instaladas nas cidades pólo da região. Apesar da redução no volume produzido (Gráfico 1), nos últimos anos houve recordes sucessivos nas exportações de tabaco. Enquanto no ano 2000 as exportações atingiram US$ 857,5 milhões, em 2007 esse número girou em torno de US$ 2,2 bilhões (Sinditabaco, 2008).
Gráfico 1: Volume de tabaco produzido no Brasil
Fonte: SINDIFUMO (2008)
Em períodos recentes, essas empresas reforçaram investimentos em ações de responsabilidade ambiental e social. Relatório elaborado pela Organização Mundial da Saúde (Who, 2003) mostra que a inclusão da responsabilidade social corporativa (RSC) na agenda das grandes corporações tornou-se um elemento imprescindível para o sucesso nos negócios. “Diversos negócios em um amplo espectro de setores conduzem projetos e programas que objetivam reduzir a desigualdade social. (...) Setores específicos estão reconhecendo suas responsabilidades e orientando seus esforços de RSC para áreas especialmente relevantes ao seu negócio” (Who, 2003, p.7). A título de exemplo, empresas de alimentos têm responsabilidade em modificar os hábitos de alimentação dos consumidores e as condições nas quais os produtos agrícolas são produzidos, empresas de transportes precisam reduzir os impactos ambientais do seu negócio, bem como o desperdício de energia e a segurança das pessoas. Segundo a OMS, a indústria do tabaco não deixou de acompanhar essa tendência.
5.1 A cadeia produtiva do tabaco e stakeholders das empresas fumageiras
A cadeia do tabaco gira em torno de um conjunto de empresas que beneficia o produto e é responsável pela coordenação da produção no campo, através de um sistema que integra os produtores à empresa. Através do sistema integrado de produção os produtores recebem a garantia de que a sua safra será adquirida pela empresa a que esãoá vinculados, enquanto esta tem assegurada a produção do volume de tabaco que necessita. Além disso, os produtores são assessorados pelas empresas para que a qualidade desejada seja atingida e o manejo seja realizado adequadamente. Em paralelo, a integração permite que as empresas repassem novas tecnologias de manejo e produção aos agricultores, bem como orientações para atender a exigências legais ou demandas de mercado.
A indústria está congregada no Sindicato da Indústria do Tabaco (Sinditabaco), entidade representativa que defende os interesses dos associados nas questões polêmicas que envolvem o setor. O Sinditabaco é também responsável pela articulação de uma série de programas de responsabilidade social e ambiental que envolve diversos elos da cadeia e as comunidades em que as empresas estão inseridas. No que se refere aos agricultores, há entidades representativas que atuam na defesa dos seus interesses, como o Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR), a Federação dos Trabalhadores na Agricultura (FETAG), o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra). Esta última, em especial, está diretamente envolvida na defesa dos produtores de tabaco, inclusive como representante em fóruns nacionais (como a Câmara Setorial do Fumo, junto ao Governo Federal) e em fóruns internacionais (como a International Tobacco Growers Association).
O mapeamento dos stakeholders de uma organização, dentro da proposta de Rowley (1997), envolve compreender como eles estão relacionados à organização, seja direta ou indiretamente. Ligações indiretas ocorrem quando indivíduos ou grupos ligados aos stakeholders diretos de uma empresa têm influência sobre ela ou são por ela influenciados. Mesmo indiretamente, esses stakeholders podem ter influências significativas sobre a organização focal. No caso da cadeia produtiva fumageira, há um grande número de stakeholders interessados tanto na promoção quanto no combate da atividade, e nem todas as relações entre eles são claras e diretas. Com base em análise de documentos sobre o setor fumageiro, elaborou-se um mapa de apresentação dos stakeholders da cadeia (Figura 3), procurando identificar também as relações entre eles, conforme a proposta de Rowley (1997). Embora os principais stakeholders tenham sido identificados e apresentados, é praticamente impossível conhecer todas as relações e influências entre eles.
O eixo central da cadeia é formado pelos plantadores de tabaco (cerca de 180.000 famílias, nos três estados do sul), pelas empresas beneficiadoras, fabricantes de produtos derivados do tabaco (tanto no Brasil como no exterior1) e consumidores finais dos produtos. Os stakeholders foram divididos em duas categorias principais e diferenciados por cores: pró-tabaco (em azul) e anti-tabaco (em vermelho). As características do produto final da cadeia, considerado nocivo à saúde pelas próprias empresas do setor, faz com que haja uma identificação clara dos stakeholders que defendem o tabaco e aqueles que são contrários. O Governo não foi representado como um único ator, mas através de seus órgãos internos, os quais possuem interesses divergentes em relação ao tabaco, como por exemplo o Ministério da Agricultura e o Ministério da Saúde.
Há ainda stakeholders de influência controversa, como o caso do Movimento dos Pequenos Agricultores. Embora arbitrariamente ele tenha sido classificado como pró-tabaco, uma vez que é constituído por produtores, ele se empenha em conseguir melhores preços para o produto e preocupa-se com a questão da diversificação rural, evitando a dependência da monocultura do tabaco. Além disso, é notável que muitos outros stakeholders das empresas clientes no exterior influenciam a cadeia do tabaco, sendo no entanto inviável mapeá-los, devido à dispersão dos compradores do fumo produzido no Brasil.
Legenda:
MP |
Ministério Público (estadual e federal) |
ITGA |
International Tobacco Growers Association |
INCA |
Instituto Nacional do Câncer |
STR |
Sindicato dos Trabalhadores Rurais |
MT |
Ministério do Trabalho |
FETAG |
Federação dos Trabalhadores na Agricultura |
IBAMA |
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente |
MPA |
Movimento dos Pequenos Agricultores |
OMS |
Organização Mundial da Saúde (WHO) |
AFUBRA |
Associação dos Fumicultores do Brasil |
ONG |
Organização Não Governamental |
SINDIFUMO |
Sindicato das Indústrias do Fumo |
|
|
ABIFUMO |
Assoc. Brasileira da Indústria do Fumo |
Figura 3: cadeia produtiva do tabaco e stakeholders das empresas fumageiras
Fonte: Elaborada pelo autor, com base em BELING (2002, 2003, 2004, 2005, 2006, 2007); NEUMANN (1997, 1998, 1999, 2000, 2001).
5.2 Ações de responsabilidade ambiental
Através de ações conjuntas, Sinditabaco e Afubra têm acesso a todos os produtores de fumo do sul do país, facilitando a realização de ações e programas de responsabilidade social e ambiental no âmbito da cadeia, além de ações que eventualmente são realizadas pelas empresas individuais. O Anuário Brasileiro do Fumo, editado desde 1997, traz as principais informações e estatísticas do setor, inclusive as ações de responsabilidade social e ambiental realizadas pelas empresas que coordenam a cadeia. O Quadro 3 apresenta as ações desenvolvidas e divulgadas pelo setor entre 1997 e 2007, relacionando cada ação com os stakeholders que tiveram maior influência no seu desenvolvimento.
Quadro 3: Ações de responsabilidade ambiental na cadeia do tabaco divulgadas de 1997 a 2007
Anuário do fumo 1997 |
Stakeholder(s) |
Em dez anos, área reflorestada dobrou: a área representava 5,7% do total das propriedades na safra 1984/1985 e na safra 1995/96 chegou a 9,6%. A área coberta por florestas nativas manteve-se estável nas últimas quatro safras (atualmente em 22,7%). Dessa maneira, a zona fumageira, frequentemente acusada de derrubar árvores para curar o fumo em suas estufas, encontra-se bem acima de outras regiões, com cobertura florestal de 30,2%. Essa posição favorável se deve a diversos programas desenvolvidos por entidades do setor. O principal instrumento que levou o produtor a reflorestar foi o convênio assinado em 1991 entre Afubra, Sindifumo e Fetag RS, SC, PR com o IBAMA, comprometendo-se que cada produtor plantaria 500 árvores ao ano por estufa, no prazo de cinco anos.
Programas incentivam o reflorestamento: além do convênio com o IBAMA, incentivando o produtor a reflorestar, a Afubra possui um viveiro que fornece 600.000 mudas de eucalipto, 100.000 mudas de pinus e 300.000 de espécies nativas. Também dá assistência a 34 viveiros. Há ainda o programa de Florestas Demonstrativas, que consiste em implantar florestas-modelo na região fumicultora, realizando dias de campo com os produtores. E o projeto Verde é Vida, lançado na década de 1990 e que abrange 7.100 escolas, desenvolvendo o interesse das crianças pela natureza. |
Sindifumo, Afubra e Fetag, por “convênio” com o IBAMA.
Afubra |
Anuário do fumo 1998 |
Stakeholder(s) |
Cada vez menos defensivos agrícolas: entre 1997 e 1998 cresceu sensivelmente o número de produtores que estão utilizando tecnologias que representam menor emprego de defensivos agrícolas. Além dos produtos biológicos, os demais fungicidas e inseticidas utilizados na lavoura de fumo vêm reduzindo a sua toxicidade e a sua eficiência. A perspectiva é que se reduza o volume de defensivos e o número de aplicações, e que aumente a conscientização do produtor quanto à necessidade de EPIs. |
Fornecedores |
Anuário do fumo 1999 |
Stakeholder(s) |
Uso de agrotóxicos está caindo: o uso de novas tecnologias está ajudando a diminuir o uso de agrotóxicos, o que se constitui em fator importante na preservação do meio ambiente e da saúde da família rural. O uso do float é um passo decisivo nesse processo, pois o brometo de metila elimina três quilos de princípio ativo por hectare. Além disso, os produtos mais tóxicos estão sendo substituídos por outros com menor grau de toxicidade e maior eficiência. Outra questão que tem preocupado as empresas e entidades do setor é o destino das embalagens vazias de agrotóxicos. |
Governo (cumprindo acordo internacional)
Eliminação do Brometo de metila2 |
Anuário do fumo 2000 |
Stakeholder(s) |
Auto-suficiência em lenha é a meta: além do incentivo ao reflorestamento, o setor tem introduzido avanços tecnológicos no processo de cura do fumo, tornando-o mais eficiente e reduzindo o consumo de lenha. O consumo, que era de 34,2 metros por ha. de fumo, atualmente está em 25,4 metros. O assunto também foi parar na pauta das autoridades responsáveis pela fiscalização e controle da exploração florestal. Ao longo deste ano, foram realizadas diversas reuniões, convocadas pelo MP de SC para encontrar uma forma de evitar que produtores de fumo utilizem a mata nativa para retirar lenha para suas estufas. A promotoria solicitou às empresas que incluam no Contrato de Compra e venda de fumo uma cláusula que proíba a aquisição do fumo de produtores flagrados utilizando lenha de espécies nativas. Outra solicitação foi dirigida às empresas para que intensifiquem os programas de reflorestamento junto a seus produtores, a fim de garantir a auto-eficiencia em lenha. Para atender a essas exigências, Sindifumo e Afubra estão preparando campanhas de esclarecimento e uma cartilha de instruções.
Embalagens têm destino seguro: a destinação de embalagens vazias de agrotóxicos utilizados no fumo está ganhando uma solução, por meio de convênio assinado entre Sindifumo, Afubra e o Consórcio Intermunicipal de Recebimento de Embalagens de Agrotóxicos (Cinmabalagens) de Passo Fundo. |
Sindifumo e Afubra, por exigência do MP de Santa Catarina.
Governo Federal, por meio de legislação |
Anuário do fumo 2001 |
Stakeholder(s) |
Adesão ao float dentro da meta: a produção de mudas de fumo em bandejas que flutuam sobre uma lâmina dágua, conhecida como sistema float, deve chegar nesta safra entre 80 e 85% dos produtores da região sul, assegurando até 2003 a eliminação do brometo de metila, gás prejudicial à camada de ozônio, compromisso assumido pelas empresas na Carta de Florianópolis em 23 de outubro de 1996. O grande problema é seu custo, inviabilizando a passagem total de um sistema ao outro para alguns produtores. Um impulso para o uso do float foi o fornecimento de 2 milhões de bandejas pela Unido, Organização das Nações Unidas para o desenvolvimento industrial, distribuídas aos produtores na última safra.
Reflorestamento brota no sul: Uma das prioridades da cadeia produtiva do fumo é a preservação da mata nativa e o reflorestamento, como forma de manter o equilíbrio ambiental e abastecer os produtores com lenha para a cura do produto. As empresas e entidades que congregam produtores e indústrias investem muito em campanhas de conscientização. Prova da prioridade com que o tema é tratado foi a Assinatura do termo de Ajustamento de Condutas, celebrado entre o MP de SC e representantes do segmento, em novembro de 2000, com a meta de assegurar a preservação das matas nativas e ampliar a cobertura florestal no minifúndio catarinense. O setor assumiu o compromisso de não adquirir fumos cuja secagem tenha aproveitado lenha de fontes irregulares. |
Governo – Carta de Florianópolis
(cumprindo acordo internacional para eliminação do Brometo de metila
Sindifumo e Afubra, por exigência do MP de Santa Catarina.
|
Anuário do fumo 2002 |
Stakeholder(s) |
Alterações da lei entram em vigor: a legislação ambiental foi alterada em 1999, tornando-se ainda mais rigorosa com relação à destinação das embalagens vazias de agrotóxicos. As medidas, no entanto, só entraram em vigor em maio de 2001. Os fabricantes são obrigados a darem destino final para a embalagem, por meio de reciclagem ou incineração. Os comerciantes – as empresas fumageiras – devem receber as embalagens dos produtos, devolvidas pelos produtores. Estes são obrigados por lei a devolver os recipientes, logo após a utilização do produto. Os agricultores ainda têm o dever de realizar a tríplice lavagem.
Uma questão de respeito: resíduos sólidos gerados pela indústria fumageira encontram destino com organização comunitária no Rio Grande do Sul. Em Venâncio Aires o processo é realizado pela Fundação Ambiental de Venâncio Aires, que reúne nove grandes empresas geradoras de resíduos sólidos, dentre elas quatro fumageiras. Em Santa Cruz do Sul, 13 empresas, das quais seis do setor fumageiro, e duas associações comunitárias, criaram a Fundação de Proteção Ambiental (Fupasc). O objetivo foi montar uma estrutura para dar destino aos resíduos. O investimento é superior a R$ 1 milhão, garantindo espaço para os resíduos que essas empresas produzirem ao longo de 120 anos.
Cada vez menos agroquímicos: A fumicultura é um dos segmentos da agricultura brasileira que mais evoluiu na redução dos volumes de produtos agroquímicos aplicados nas lavouras. Isso ocorre em sintonia com os anseios dos produtores, dentro de filosofia definida por uma política setorial voltada ao meio ambiente e em consonância com a legislação em vigor. |
Governo Federal, por meio de legislação
(Artigo 53, do Decreto 4.074, de 04 de janeiro de 2002)
Governo Federal, por meio de legislação
Produtores rurais |
Anuário do fumo 2003 |
Stakeholder(s) |
Brometo de metila deixa de ser usado definitivamente na fumicultura brasileira em 2003: esta é a última safra em que o setor admite o uso de brometo de metila, adotado na esterilização do solo nos canteiros convencionais de produção de mudas. No mundo todo, os acordos ambientais fixam 2010 como o ano em que o brometo de metila deixará de ser produzido comercialmente. |
Governo – Carta de Florianópolis
(cumprindo acordo internac.) |
Anuário do fumo 2004 |
Stakeholder(s) |
Programa de recolhimento de embalagens de agrotóxicos alcança 1,5 milhão de unidades recolhidas na região fumageira: este material é transformado em canos corrugados para instalação elétrica, cordas e embalagens diversas.
Bandejas de isopor usadas na produção de mudas de fumo pelo sistema float, quando descartadas, vão servir à indústria calçadista: apesar de não serem prejudiciais ao meio ambiente, as bandejas que saírem do sistema de produção, após cinco anos de vida útil, serão recolhidas. O EPS será transformado em uma pasta endurecida, que posteriormente é moída e misturada a outros componentes. O produto resultante é repassado às fábricas de calçados e transformado em solados. |
Governo Federal, por meio de legislação
Empresas beneficiadoras |
Anuário do fumo 2005 |
Stakeholder(s) |
De bem com a natureza: a produção orgânica de fumo ainda enfrenta barreiras, seja de custo, seja na disponibilidade de materiais. Porém, a produção pode ser incentivada à medida que houver mercados que aceitem pagar um preço mais alto para receber um produto cultivado sem o uso de fertilizantes químicos e agrotóxicos. |
Clientes |
Anuário do fumo 2006 |
Stakeholder(s) |
Nova consciência: O projeto Verde é Vida teve papel fundamental para a formação de uma nova mentalidade nas relações dos fumicultores com o meio ambiente. Mantido e realizado pela Afubra desde 1991, leva informações, conceitos e práticas de preservação ambiental às comunidades rurais. Inicialmente, promoveu a distribuição de mudas de árvores nativas nas escolas e comunidades. Distribuiu gratuitamente 4 milhões de mudas de árvores nativas. No total, mais de 170 mil estudantes foram beneficiados pelo programa. |
Afubra |
Fonte: Beling (2002, 2003, 2004, 2005, 2006, 2007); Neumann (1997, 1998, 1999, 2000, 2001) |