ISSN 0798 1015

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Vol. 38 (Nº 39) Año 2017. Pág. 18

Internações em UTI Neonatal

Hospitalization in Neonatal ICU

Nanci Verginia Kuster de PAULA 1; Adalberto GERBASI 2; Ana Paula dos SANTOS 3; Emili Karine MARCOMINI 4; Madeleine Gisele CEBRIAN 5; Mikhael dos Santos THEODORO 6

Recibido: 27/03/2017 • Aprobado: 12/04/2017


Conteúdo

1. Introdução

2. Metodologia

3. Resultados e Discussão

4. Conclusões

Referências bibliográficas


RESUMO:

A alta morbimortalidade em UTI Neonatal (UTIN) é preocupante, desta forma objetivou-se caracterizar as causas determinantes de internações em UTIN, ressaltar patologias associadas às internações relativas ao nascimento e gestacional e relacionar internações em UTI Neonatal com o pré-natal. Dentre as causas de internação destacou-se a prematuridade que pode ser decorrente de Infecção do Trato Urinário (ITU) na gestação. Concluiu-se que existem condições que poderiam ser modificadas no pré-natal, através da identificação precoce dos fatores de risco como a Infecção do Trato Urinário (ITU).
Palavras-chave: Unidades de Terapia Intensiva Neonatal; Prematuro; Pré-Natal

ABSTRACT:

The high morbidity and mortality in neonatal intensive care unit (NICU) is a concern, in order to characterize the determinant causes of hospitalizations in NICUs, to highlight pathologies associated with hospitalizations related to birth and gestation and to relate hospitalizations in neonatal ICU with prenatal care. Among the causes of hospitalization, the prematurity that may be due to Urinary Tract Infection (UTI) in gestation was highlighted. It was concluded that there are conditions that could be modified in prenatal care through the early identification of risk factors such as ICU.
Keywords: Neonatal Intensive Care Units; Premature; Prenatal

1. Introdução

Sendo assim, para que a gravidez evolua de forma segura para este binômio, faz-se necessário uma assistência ao pré-natal apropriada e qualificada (BRASIL, 2001). No estado do Paraná,  a “Rede Mãe Paranaense”, proporciona atendimento com ações direcionadas a atenção materno-infantil envolvendo pré-natal, parto e puerpério, recomendando à gestante a realização de no mínimo sete consultas durante a gestação (PARANÁ, 2015). No entanto, estudos vêm mostrando que as negligências cometidas no pré-natal oferecido as gestantes por parte dos profissionais da saúde, têm comprometido a qualidade dessa assistência, expondo a gestante e o feto à doenças que poderiam ser diagnosticadas e tratadas adequadamente, contribuindo assim, para eventos gestacionais indesejáveis, para a saúde da mãe e de seu bebê (BRASIL, 2010; MELO, OLIVEIRA E MATHIAS, 2013).  Um destes eventos indesejáveis é a prematuridade que segundo Silveira et al. (2008) vem aumentando significativamente em todo o mundo e é considerada também uma das principais causas de morte neonatal (SALGE et al., 2009). Dados levantados no período de 1990 a 2006 demonstraram uma diminuição de 64% na taxa de mortalidade infantil no Brasil (IBGE, 2010). Apesar, de que estes números sofreram uma queda nos últimos anos, a taxa de mortalidade infantil ainda permanece elevada, e dentre as causas de morte encontram-se as perinatais que são resultantes de disfunções na gestação, parto e nascimento (ONU, 2003; BASSO, NEVES E SILVEIRA, 2012). É considerado recém-nascido (RN) prematuro ou pré-termo aquele que nasce antes da 37° semana de gestação (LANSKY et al., 2014). O RN prematuro nasce com deficiência em diversos dos seus sistemas orgânicos, como exemplo, imaturidade do sistema respiratório, controle da temperatura, sistema digestivo, entre outros (RAMOS E CUMAM, 2009). Este RN usualmente necessitará de cuidados intensivos, devendo ser direcionado para a Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) visando o estabelecimento de suas funções vitais (MOLINA et al., 2009). Partindo deste pressuposto, objetivou-se com este estudo caracterizar as causas determinantes de internações em UTIN, ressaltar patologias associadas às internações relativas ao nascimento e gestacional e também a relação de internações em UTI Neonatal com o pré-natal. Justifica-se o estudo por contribuir com o estabelecimento de ações que minimizem as internações em UTIN e a morbimortalidade infantil em nossa região.

2. Metodologia

Trata-se de uma pesquisa documental e de natureza quantitativa, ocorrida na UTI Neonatal (UTIN) do hospital NOROSPAR, da cidade de Umuarama - PR. A amostra abrangeu os recém – natos (RN) com idade de 0 a 28 dias de nascimento dos municípios de Umuarama e região, admitidos entre o período de 1º de Abril de 2016 a 31 de Julho de 2016. Para atingir os objetivos propostos foi concretizada uma entrevista com 38 mães dos RN associados aos dados de identificação e gestacionais relativos aos antecedentes pessoais e de pré-natal. Utilizou-se também um formulário com questões pertinentes ao nascimento dos 41 RN e condições de admissão na UTIN, que foi aplicado na avaliação dos prontuários e livros de registros da UTIN e Sala de Apoio ao RN. A Coleta de dados foi efetuada diariamente entre segunda-feira até sexta-feira no mesmo período da pesquisa. Os dados coletados foram submetidos em uma análise estatística. A pesquisa foi executada após aprovação do comitê de ética envolvendo seres humanos (CEPEH) sob parecer 1.258.993 da UNIPAR.

3. Resultados e Discussão

Para a apresentação consideramos os achados das entrevistas com as mães e também os dados obtidos pelas respostas das questões contidas no formulário referentes ao nascimento e condições de admissão na UTI Neonatal, para o resumo dos dados usamos tabelas e posteriormente a elaboração de gráficos. O total de mães pesquisadas no período foi de 38, e o total de internamentos de recém nascidos (RN) foi de 41, devido a duas gestantes, uma com nascimento de gêmeos e a outra de trigêmeos. As idades das mães participantes variaram de 14 anos a 42 anos. Para a tabulação dos dados e confecção de tabelas dividimos em cinco faixas etárias, conforme tabela a seguir:

Tabela 1 - Idade de mães com bebês internados na UTI Neonatal
do Hospital NOROSPAR, Umuarama-PR, 2016 (Por faixa etária).

Idade (em anos)

Quantidade

Porcentagem (%)

14 ˫ 18

4

10,5

18 ˫  22

9

23,7

22 ˫  26

7

18,4

26 ˫  30

11

28,9

      30 ou mais

7

18,4

TOTAL

38

100,0

Fonte: Dados Hospital NOROSPAR, Umuarama-PR, 2016 / Compilação: os autores.

Gráfico 1 - Idade de mães com bebês internados na UTI Neonatal
do Hospital NOROSPAR, Umuarama-PR, 2016 (Por faixa etária)

Fonte: Dados Hospital NOROSPAR, Umuarama-PR, 2016 / Ilustração: os autores.

A pesquisa revela que a gestação de adolescentes e de mães acima dos 35 anos tem sido frequente em nossa sociedade conforme a tabela 1. Há dois períodos em que visualizamos maior ocorrência de complicações perinatais: as gestações que ocorrem antes dos 15 anos, que pode estar relacionada a menarca e atividade sexual iniciada cada vez mais precocemente (BELO; SILVA, 2004), e a gestação após os 35 anos de idade (SANTOS et al. 2009). Conforme Silva e Bahamondes (2005) a expectativa de vida da mulher mudou e os objetivos pessoais e profissionais postergaram a gravidez, associados as novas tecnologias oferecidas na saúde obstétrica. Já a gravidez na adolescência pode estar relacionada à falta de orientação em escolas e do uso incorreto de métodos contraceptivos (ANASTÁCIO; SIMOURA; SOGAM, 2015). Relacionando ainda ao perfil das mães que tiveram seus bebês internados na UTI Neonatal no período da pesquisa, foram também coletados dados sobre o grau de escolaridade das mesmas. As variações encontradas no perfil dessas puérperas foram do ensino fundamental ao ensino superior. Das 38 participantes da pesquisa 11 cursaram o ensino fundamental, 17 cursaram o ensino médio e 10 cursaram o ensino superior, conforme Tabela 2:

Tabela 2 - Nível de escolaridade de mães com bebês internados na UTI Neonatal
do Hospital NOROSPAR, Umuarama-PR, 2016. (segundo a faixa etária)

 

Idade (em anos)

Nível de Ensino

 

Total

Fundamental

Médio

Superior

14 ˫   18

2

2

-

4

18 ˫  22

3

5

1

9

22 ˫  26

3

2

2

7

26 ˫  30

1

4

6

11

      30 ou mais

2

4

1

7

TOTAL

11

17

10

38

Fonte: Dados Hospital NOROSPAR, Umuarama-PR, 2016 / Compilação: os autores.

-----

Gráfico 2 - Nível de escolaridade de mães com bebês internados na UTI Neonatal
do Hospital NOROSPAR, Umuarama-PR, 2016. (segundo a faixa etária)

 Fonte: Dados Hospital NOROSPAR, Umuarama-PR, 2016 / Ilustração: os autores.

Destacamos que 28,94% das mães entrevistadas possuem o Ensino Fundamental, representando um atraso nos estudos, pois apenas quatro puérperas estão com 14 anos o que justifica estarem ainda nesta fase dos estudos. Vários são os fatores que interferem na conclusão do ensino, destacando-se problemas sociais e a gravidez não planejada que pode estar relacionada à idade precoce que aparece no estudo.

Em relação a escolaridade, Silva et al. (2013) menciona que a baixa escolaridade da mãe é fator de risco obstétrico, pois influencia diretamente na realização do pré-natal, no acompanhamento perinatal e neonatal aumentando a morbimortalidade.

Apesar da pesquisa não abordar questões referentes a qualidade do pré-natal, percebeu-se que o baixo nível educacional não influenciou na realização do pré-natal onde 63,15% realizaram mais de sete consultas e também podemos relacionar ao fato do alto índice de prematuridade força a antecipação do nascimento, não completando a quantidade de consultas preconizadas pela Rede Mãe Paranaense.

Em relação aos antecedentes pessoais relacionados as patologias e fatores de risco para gestação que prevaleceram neste período, destacaram-se: Diabetes, Gemelaridade, Hemorragias, Infecção Sanguínea, Pré-eclâmpsia, Infecção do Trato Urinário (ITU) e a Hipertensão Arterial (HAS), sendo as duas últimas com maior índice como mostra a Tabela 3:

Tabela 3 – Antecedentes pessoais de patologias e fatores de risco para gestação
de mães com bebês internados na UTI Neonatal do Hospital NOROSPAR, Umuarama-PR, 2016.

Patologias e fatores de risco

Quantidade

Porcentagem (%)

Infecção do Trato Urinário

17

44,7

HAS

 9

23,7

Pré-eclâmpsia

 6

15,8

Gemelaridade

 2

 5,3

Hemorragias

 2

 5,3

Diabetes

 1

 2,6

Infecção Sanguínea

 1

 2,6

TOTAL

38

100,0

Fonte: Dados Hospital Norospar/Compilação: os autores

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Gráfico 3 – Antecedentes pessoais de patologias e fatores de risco para gestação, de mães com bebês internados
na UTI Neonatal do Hospital NOROSPAR, Umuarama-PR, 2016. Fonte: Dados Hospital Norospar/Ilustração: os autores

No estudo pode-se relacionar a alta taxa de mães que tiveram Infecção do Trato Urinário (ITU), que somaram 44,7% das patologias. Apesar de ser comum a ITU em gestantes deve ser diagnosticada e tratada ainda no pré-natal. Esse acompanhamento previne principalmente a prematuridade. Duarte, et. al (2008); Salcedo, et. al. (2011), destacam a ITU como uma das infecções bacterianas mais comuns, ocorrendo de 10% a 12% nas gestantes. A ITU acontece com frequência, devido às alterações hormonais e anatômicas decorrentes da gestação e que predispõem a grávida a esta infecção (FIGUEIRÓ-FILHO, et al., 2009). A doença pode levar a trabalho de parto prematuro, que resultará em prematuridade do recém-nascido e até o óbito (VETTORE, et al., 2013). A pesquisa revela a prematuridade como um dos principais fatores de admissão na UTI Neonatal, com total de 51,3% dos internamentos, conforme mostra a Tabela 4. Podemos inferir que a prematuridade pode estar relacionada as altas taxas de ITU, a qual pode desencadear o trabalho de parto prematuro. A prematuridade também está relacionada a idade gestacional com destaque a prematuridade extrema considerada abaixo de 30 semanas gestacionais, que na pesquisa esteve presente em 28,9% dos nascimentos.

Tabela 4. Diagnósticos de entrada dos recém nascidos na
UTI Neonatal do Hospital Norospar, Umuarama-PR.

Diagnóstico

Quantidade

Porcentagem (%)

Prematuridade

21

51,3

Taquipnéia

 7

17,1

Hipoglicemia

 3

  7,4

Êmese após mamadas

 2

  4,9

Baixo Peso Extremo

 2

  4,9

Outros*

6

12,4

TOTAL

41

100,0

(*) Sofrimento Fetal, Síndrome do Aspiramento Mecânico, Hidrocefalia, Fenda Palatina, Depressão Respiratória e Abdômen Agudo, cada um desses diagnósticos apresentou apenas um caso.

Fonte: Dados Hospital Norospar / Compilação: os autores

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Gráfico 4. Diagnósticos de entrada dos recém nascidos na UTI Neonatal do Hospital Norospar, Umuarama-PR, 2016.

 Fonte: Dados Hospital Norospar / Ilustração: os autores

Segundo Ramos e Cuman (2009), a prematuridade não tem uma decorrência previsível, e ainda pode estar presente em todos os lugares e classes sociais. Lansky et al. (2014) e Oliveira et al. (2015) esclarecem que a prematuridade é uma das principais causas de internação na UTI Neonatal, sendo um problema de saúde perinatal no mundo todo e a maior causa de mortalidade infantil no Brasil. A falta de orientação sobre os cuidados que devem ser tomados durante a gravidez, somadas as condições precárias de assistência à saúde e ao acompanhamento do pré-natal equívoco, totalizam fatores que podem levar a prematuridade (OLIVEIRA et al, 2015).       

4. Conclusões

Vários são os fatores que podem levar internamentos em UTI Neonatal e que podem estar relacionados ao nascimento de prematuros ou desencadeados por patologias que favorecem ao trabalho de parto prematuro, como destacamos a Infecção do Trato Urinário (ITU). Apesar da pesquisa indicar que o número de consultas de pré-natal realizadas pelas mães está dentro do preconizado, ainda assim as patologias detectadas poderiam ser melhor acompanhadas no pré-natal. Sugere-se que novas pesquisas possam ser realizadas no intuito de acompanhar as gestantes ainda no pré-natal até o final de sua gravidez para constatar se realmente há falhas no decorrer do acompanhamento nas consultas que antecedem ao nascimento, ou até mesmo da própria mulher no tratamento de ITU.

Referências bibliográficas

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1. Professora Adjunta do Curso de Enfermagem. Universidade Paranaense-UNIPAR. Umuarama-PR.  nancidepaula@prof.unipar.br

2. Professor Titular do Curso de Matemática (EAD). Universidade Paranaense-UNIPAR. gerbasi@prof.unipar.br

3. Acadêmico do Curso de Enfermagem. Programa de Iniciação Científica (PIC).  Universidade Paranaense-UNIPAR. Umuarama-PR

4. Acadêmico do Curso de Enfermagem. Programa de Iniciação Científica (PIC).  Universidade Paranaense-UNIPAR. Umuarama-PR

5. Acadêmico do Curso de Enfermagem. Programa de Iniciação Científica (PIC).  Universidade Paranaense-UNIPAR. Umuarama-PR

6. Acadêmico do Curso de Enfermagem. Programa de Iniciação Científica (PIC).  Universidade Paranaense-UNIPAR. Umuarama-PR


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