Espacios. Vol. 37 (Nº 38) Año 2016. Pág. 7
Joao Cardim Ferreira LIMA 1; Jamerson Viegas QUEIROZ 2; Matheus Cardim Ferreira LIMA 3
Recibido: 13/07/16 • Aprobado: 18/08/2016
4. Desenvolvimento de queijo de coalho fresco light e funcional, que promova a saciedade
5. Análise de viabilidade técnica
6. Análise de viabilidade econômica
7. Considerações finais e conclusões
RESUMO: A pesquisa trata-se de estudo de caso em indústria de alimentos (laticínios) brasileira, na qual realizou-se um projeto de inovação em parceria com o SENAI e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte. O projeto baseou-se na análise de viabilidade técnica, econômica, financeira e mercadológica do desenvolvimento de um queijo inovador, com redução do teor de sódio e características funcionais. Tem-se também uma avaliação da estrutura de mercado e aplicação de estratégias utilizadas para aumento da produtividade e crescimento da empresa. Por fim, apresenta-se a análise final do projeto em questão, analisando a sua viabilidade econômica assim como os resultados financeiros estimados após o lançamento do produto. |
ABSTRACT: This research is about a case of study in the dairy production industry in Brazil. It was realized an innovation project in partnership with SENAI and the Federal University of Rio Grande do Norte. The project was based on analysis of viability in terms: technical, economic, financial and marketing development of an innovative cheese with reduced sodium content and functional characteristics viability. It is also an assessment of market structure and application of strategies used to increase productivity and growth of the company. Finally, we present the final analysis of the project in question, analyzing their economic viability as well as the estimated financial results after the product launch. |
Desde o começo da década de 1990, quando teve início o processo de reestruturação da cadeia produtiva de leite no Brasil, os laticínios nacionais, vêm tentando se adaptar às mudanças engendradas em seu ambiente. No entanto, mesmo com inegáveis transformações econômicas e organizacionais, ainda é muito significativa a discrepância entre a produtividade leiteira e a capacidade de processamento da indústria local (AMORIN et al. 2015).
O contexto decorrente das políticas macroeconômicas de liberalização de preços e abertura do mercado interno, a desregulamentação dos setores econômicos e a estabilização da moeda brasileira alicerçaram o cenário de mudanças e de adaptações às novas relações de produção, industrialização e comercialização de leite no país e com o exterior. Por outro lado, levaram a indústria de capital nacional a enfrentar, também, acelerada reestruturação de suas formas de produção, com a entrada de grandes grupos multinacionais, que se estabeleceram, principalmente, nas regiões Sul e Sudeste do Brasil (AMORIN et al. 2015).
Atualmente no Estado do Rio Grande do Norte existem 28 pequenas indústrias de laticínios. A grande maioria produz apenas leite pasteurizado atendendo somente o Governo do Estado (Programa do Leite). Processam em media 10.000 l/dia e representam cerca de 1,5% do PIB do Estado de acordo com dados do Sindicato das Indústrias de Laticínio e Produtos Derivados do RN. A maior indústria instalada no Estado processa cerca de 30.000l/dia muito abaixo até dos estados vizinhos (Ceará e Pernambuco), na qual existem diversas unidades que beneficiam pelo menos 300 mil litros/dia (LIMA,2014).
A pesquisa reúne uma infinidade de conhecimentos de diversas áreas, como: inovação tecnológica, planejamento estratégico/econômico/financeiro e análise de viabilidade na utilização de variados conceitos (por exemplo: TIR, VPL, TMA e Payback).
O projeto analisado foi premiado no edital SENAI de inovação 2014 e por isto teve aporte financeiro não reembolsável de grande parte dos recursos, refere-se ao desenvolvimento de produtos lácteos inovadores, planejados de acordo com as tendências do mercado consumidor de queijos.
A problemática encontrada pelas pequenas indústrias brasileiras de laticínios é a grande necessidade de inovar para desenvolver novos produtos diferenciados e fugir das commodities (no qual é impossível competir com os grandes do setor). Aumentar o valor agregado dos produtos lácteos é necessário para o aumento da competitividade das indústrias desse ramo, buscando-se então uma maior competitividade perante os grandes concorrentes - líderes em custos e em commodities. (LIMA et al., 2015).
A motivação do assunto apresenta-se na elaboração de um material focado para a inovação que servirá de suporte à indústria brasileira e o incentivo as pequenas e médias empresas, em especial o setor de laticínios, para que os mesmos executem ações para aumento da competitividade dos seus produtos e diferenciação no mercado perante os concorrentes (LIMA et al., 2015).
O objetivo do artigo é apresentar as etapas do planejamento do desenvolvimento de dois produtos inovadores, abordando a viabilidade técnica e econômica do projeto de inovação.
O trabalho é divido em seis seções: 1 – Introdução, 2 – Método de pesquisa, 3 – Referencial teórico, 4 - Desenvolvimento de novo queijo, 5 – Análise de viabilidade técnica, 6- Análise de viabilidade econômica e 7 – Considerações finais e conclusões.
Segundo Santos (2000), três critérios são normalmente utilizados para identificar a natureza metodológica da pesquisa, tais como: objetivos, procedimento da coleta ou de acordo com as fontes utilizadas durante a coleta de dados. Tratando-se de uma pesquisa científica qualitativa a nível acadêmico, ao ponto que os dados obtidos adquiriram significação a partir da interpretação do pesquisador e, também, quantitativa, uma vez que a pesquisa apresenta dados mensuráveis dos processos analisados. Ainda, segundo os objetivos, apresenta caráter descritivo, explicativo (SANTOS, 2000).
Santos (2000) define a pesquisa descritiva como um levantamento dos componentes do fato/problema e explicativa por criar uma teoria aceitável a respeito de um fato ou fenômeno, visando aprofundar o conhecimento da realidade. De acordo com os procedimentos da coleta, a atual pesquisa foi experimental, ao ponto que Santos (2000) a descreve quando um fato ou fenômeno da realidade é reproduzido com objetivo de descobrir os fatores que o produzem ou que por ele são causados.
Yin (2005 apud KRUGER, 2015) apresenta os estudos de caso como uma estratégia para controlar os acontecimentos inseridos em algum contexto da realidade. Deste modo, também foi utilizado o método de estudo de caso em um laticínio, a fim de identificar todos os processos que corroboram no desenvolvimento de produto com captação de recursos do FINEP via Edital SENAI de Inovação.
A complexidade e o dinamismo dos ambientes econômico e tecnológico, acompanhados do aumento da diversidade de produtos, maior valorização do atendimento à prazos, maior pressão de custos, clientes mais exigentes, dentre outros, foi intensificada no final dos anos 1980, levando ao surgimento de propostas maiores na visão de como desenvolver produtos, resultando em uma transformação significativa na Gestão do Processo de Desenvolvimento de Produtos em um período curto de espaço e tempo. Esta abordagem tornou-se amplamente conhecida como Engenharia Simultânea (ROZENFELD, 2006).
A taxa interna de retorno de um fluxo de caixa é a taxa de desconto que faz seu valor presente líquido ser igual a zero (PUCCINI, 1999). A TIR é um indicador da rentabilidade do projeto,e deve ser comparada à taxa mínima de atratividade (TMA) do investidor. A TMA representa o mínimo que um investidor se propõe a ganhar ao realizar um investimento, ou seja, a taxa a partir da qual o investidor considera que está obtendo ganhos financeiros. Uma proposta de investimento, para ser considerada aceitável economicamente, deve render, no mínimo, esta taxa de juros (LIMA, 2014).
O tempo necessário para recuperar o investimento realizado é geralmente mensurado pelo pagamento de volta, do inglês payback. As estimativas do payback podem ser feitas de duas formas distintas: o payback simples – que não considera o custo do capital da empresa e o payback descontado – que considera a taxa mínima de atratividade da operação. (BRUNI, 2008).
O valor presente líquido (VPL) é obtido pela diferença entre o valor presente dos fluxos de caixa positivos, previstos para cada período do horizonte de duração do projeto, e o valor presente do investimento (desembolso de caixa): Um VPL positivo demonstra uma rentabilidade superior à mínima aceitável, enquanto um VPL negativo indica um retorno inferior à taxa mínima (TMA) aceitável para o investimento (LIMA, 2014).
A Taxa Interna de Retorno (TIR) ou IRR (Internal Rate of Return) corresponde à taxa obtida quando o VPL é igual a zero (LIMA, 2014).
O Projeto propõe a mudança do conceito do queijo de coalho e a penetração dos queijos regionais no setor de queijos saudáveis, que é uma grande tendência dos dias atuais e um mercado que se encontra em pleno desenvolvimento. Visa desenvolver um produto inovador denominado de queijo coalho fresco light funcional, com excelentes características sensoriais (muito saboroso) e nutricionais (rico em fibras, ácidos graxos poli-insaturados e micronutrientes), que apresente teor reduzido de gorduras, lactose e sódio e com propriedades funcionais resultantes da adição de sementes: chia, linhaça, quinoa e gergelim.
Chia - De acordo com a nutricionista Fabiana Honda et al. (2013), a chia ajuda a emagrecer, previne e controla o diabetes, previne doenças cardiovasculares, regula o colesterol, impede a formação de radicais livres, é fonte de cálcio, protege o cérebro, melhora a aparência da pele e cabelos, rico em ômega 3, fortalece a imunidade e é uma boa fonte de ferro;
Linhaça – De acordo com a nutricionista Alessandra Luglio et al. (2013), afirma que a linhaça ajuda na redução de peso é benéfico para o coração, controla o diabetes, controla inflamações, melhora o funcionamento do intestino, protege o organismo, previne alguns tipos de câncer e protege a saúde dos ossos.
Quinoa - Segundo Roberto Navarro et al. (2013), os benefícios da quinoa estão associados principalmente a quantidades significativas de ômega 3 e 6 que são considerados como importantes aliados na prevenção de doenças cardiovasculares e redução dos níveis séricos de colesterol. Além disso, as fibras presentes no grão dão a sensação de saciedade, podendo favorecer a redução de peso.
Gergelim - A nutricionista Juliana Paula Bruch (2010), afirma que o gergelim é uma excelente fonte de proteínas e com grande concentração de fibras. É indicado para o controle sérico da glicemia (açúcar no sangue). Além disso, apresenta grande quantidade de cálcio, ajudando no controle da massa corporal gorda, alto teor de fósforo e ferro e é rico em vitaminas do complexo B.
O desenvolvimento deste produto dará origem à criação de um novo processo tecnológico de fabricação do queijo de coalho referente a esta variação. Torna-se importante destacar que, paralelamente também será elaborado um produto complementar, o requeijão light funcional. Por se tratar de um queijo fresco, o coalho light funcional tem a vida de prateleira (shelf-life) reduzida, portanto será reutilizado para fabricação do requeijão que possui maior vida de prateleira (90-120 dias). O requeijão será light e terá as mesmas propriedades funcionais do queijo de coalho fresco. A inclusão do produto complementar no projeto contribuirá ainda mais para a vantagem competitiva da empresa, através do aumento no portfólio de queijos funcionais e expertise da empresa na área.
Segundo estudo sobre queijos nacionais de 2008 do SEBRAE, as tendências para o consumo de queijo vem de encontro a oferta de valor principal oferecida pelo produto a ser desenvolvido. São elas:
Já de acordo com a pesquisa da FIESP e do IBOPE Inteligência de 2010, a Brasil Food Trends 2020, baseada em alguns fatores de demanda, como crescimento e envelhecimento da população; aumento do poder de compra; redução do número de filhos por família; participação das mulheres no mercado de trabalho; maior acesso à informação, entre outros, chegou-se aos cinco grupos de tendências (atitudinais), abaixo:
- Sensorialidade e Prazer
-Saudabilidade e Bem-estar
-Conveniência e Praticidade
-Qualidade e Confiabilidade
-Sustentabilidade e Ética
Observa-se uma grande oportunidade de negócio para o desenvolvimento do produto inovador proposto pela empresa tendo em vista principalmente que o Brasil tem papel significativo no crescimento do mercado de alimentos funcionais na América Latina, sendo considerado atualmente como o quinto consumidor mundial de produtos funcionais. Destaca-se que o mercado de alimentos e bebidas ligados à saúde e bem-estar movimentou US$ 750 bilhões em 2013 (META ANÁLISE, 2014).
Queijo de coalho fresco light funcional é viável, uma vez que as reduções de gordura, sódio e lactose, já são tecnologias difundidas e a adição dos ingredientes propostos, teoricamente não causarão impactos nas características organolépticas do produto, respeitando as características “regionais” de grande aceitação. A ideia é melhorar ainda mais os aspectos nutricionais do queijo de coalho proporcionando um sabor agradável o que normalmente é incompatível com redução de gordura e de sódio.
A equipe técnica do projeto será formada pelo Diretor da empresa, que possui graduação em Engenharia de Produção pela UFRN, e MBA em Gestão Empresarial pela FGV, conta com 20 anos de experiência no ramo, tendo conhecimentos principalmente na área de desenvolvimento de produtos, produção, financeira, estratégica e logística, idealizador do projeto, à frente da equipe. A empresa disponibilizará também um Técnico em Laticínios formado no ILCT (Instituto de Laticínios Candido Tostes), instituição de referência no setor, que atuará diretamente no desenvolvimento dos produtos.
A Unidade Operacional - Centro de Educação e Tecnologias Clóvis Motta, SENAI-RN, irá disponibilizar o seu laboratório e colaboradores qualificados para revisão do Manual de Boas Práticas de Fabricação (BPF) e posteriormente o sistema de gestão de qualidade Análise de Perigos e Pontos Críticos do Controle (APPCC) na linha de processo dos novos produtos, estabelecido pelo PAS (Programa de Alimentos Seguros), potencializando assim a qualidade dos produtos e segurança dos alimentos, trazendo maior segurança par ao consumidor, tornando a empresa mais competitiva e auxiliando na redução de desperdício de materiais e produtos. O projeto terá atuação em REDE em parceria com a Área Tecnológica de Alimentos e Bebidas do SENAI-BA. A Unidade possui toda infraestrura para apoiar o desenvolvimento Tecnológico do novo produto, assim como as atividades de análise de qualidade do mesmo, também possui tradição no desenvolvimento de projetos de pesquisa onde podemos citar:
- Bebida energética a base de própolis com propriedades funcionais – SENAI INOVAÇÃO 2009;
- Desenvolvimento de cocada diet – PROGEX/2009;
- Extração Supercrítica de Compostos bioativos da Própolis - SENAI-SESI/2011;
- Aproveitamento das cascas de uvas para produção de concentrado rico em compostos bioativos – SENAI INOVAÇÂO 2012.
A UFRN entrará como parceira, disponibilizando laboratórios e professores doutores especialistas em alimentos funcionais, auxiliando com todo aporte referente a área específica de cada um. Além da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, também serão parceiros os fornecedores da empresa, principalmente GlobalFood e Vilac, que irão orientar principalmente na questão do uso dos insumos nas formulações, assim como apresentar o processo de redução da lactose de melhor custo-benefício bem como em possíveis substitutos do sal e da gordura do queijo.
A fábrica de Laticínios, da empresa parceira, localizada na zona rural de Brejinho/RN tem 488 m2 de área e investimento avaliado em R$ 1,3 milhões com capacidade de armazenar 42.500 litros de leite na sua plataforma. Conta com uma planta equipada para produção de queijos variados, iogurtes, bebidas lácteas, coalhadas, leite pasteurizado, requeijão, doce de leite e manteiga o que possibilita a execução do projeto sem investimentos em equipamentos e instalações. Para comercialização e distribuição dos produtos a empresa conta com um escritório comercial, dotado de centro de distribuição equipado com câmara frigorífica, na cidade de Parnamirim/RN, região da grande Natal e veículos próprios, refrigerados, que atendem e abastecem hotéis, restaurantes, escolas, padarias, supermercados, além de grandes redes de atacado e varejo como: Atacadão, Extra, Carrefour, Bompreço (Wal-Mart), Nordestão e Rede Mais.
Dispõe também de laboratório para análises físico-químicas como PH, Acidez Dornic, Gordura, Umidade, Viscosidade, Crioscopia, Densidade e outro para análises microbiológicas como Bolores e Leveduras, CBT, Coliformes a 30º e 45º, Salmonela entre outras. Para tanto possui estufas de cultura e esterilização, crioscópio eletrônico, ekomilk – analisador de leite, centrífuga, autoclave, banho maria, viscosímetro, balança de precisão, medidor de umidade, pHmetro, geladeira além de demais utensílios e vidrarias necessários para realizar monitoramento dos produtos objetos do projeto desde o controle de qualidade desde matéria-prima, acompanhamento de processos e produto final.
A matéria-prima utilizada será o leite (fornecido pelos produtores), os ingredientes serão fornecidos pelas empresas GlobalFood e Vilac e as embalagens pelas empresas Dixie toga, Norpack, Allupack, Protervac e Gráfica Santa Marta. Para o desenvolvimento do projeto serão disponibilizados recursos econômicos por parte da indústria, através da disponibilização da equipe técnica e de profissionais que trabalham na fábrica e já possuem experiência técnica na realização dos processos inerentes a fabricação de queijo de coalho e requeijão.
O Departamento Regional do SENAI no Rio Grande do Norte vem atuando nos Editais SENAI SESI de Inovação desde 2004, tendo aprovado até o momento 15 projetos, com destaque para o ano de 2012, onde foram aprovados 08 projetos em uma única edição. Este resultado projeta o DR/RN como um dos expoentes em inovação entre os seus pares, com destaque entre as regiões Norte e Nordeste que tradicionalmente não tem o habito de desenvolver atividades desta natureza. Com mais de 30 anos de atividades em natal, o Centro de Educação e Tecnologias Clóvis Motta forma profissionais ligados ao processo produtivo da cadeia de alimentos, moda, têxtil, vestuário e confecção, além da gestão empresarial.
Estrutura:
- Laboratório de Prestação de Serviços (ensaios microbiológicos): Autoclave (2), Balança Semi analítica (2), Bomba de vácuo (2), Banho Maria (4), Câmara de fluxo laminar, Contador de colônia (2), Câmara ultravioleta, Chapa aquecedora com agitação, Estufa de incubação (5), Estufa de esterilização e secagem (2), Refrigerador com freezer (2), Microscópio Biológico Binocular, Stomacher;
- Laboratório de Prestação de Serviços (ensaios físico-químicos): Agitador magnético com aquecimento(2), Agitador de peneiras, Agitador de tubos vortex, Balança Analítica (2), Balança Semi-Analítica, Bloco digestor, Bomba de vácuo, Banho maria(2), Chapa aquecedora, Condutivímetro de bancada, Centrífuga, Determinador de umidade, Espectrofotômetro (2), Estufa com circulação de ar, Freezer Horizontal, Freezer Vertical, Manta aquecedora, Mufla(2), pHmetro de bancada(2), Refrigerador com freezer(1), Freezer Vertical, Refrigerador com freezer(1), Refratômetro de bancada;
Destacamos que a viabilidade de execução do projeto é reforçada pela atuação em rede junto ao SENAI-BA que possui expertise de projetos anteriores na atuação com pesquisa aplicada no segmento de laticínios e cereais, cuja experiência pode ser comprovada nas gôndolas dos mercados. Pode-se destacar produtos como barra de cereais enriquecida com sementes diversas (germem de trigo, gergelim, linhaça, dentre outros), sorvete com teor de gordura e açúcar zero, iogurte light, desenvolvimento de bebida energética a base de própolis, embalagem comestível para produtos panificáveis conservados a base de própolis, barrinha de cereais salgada enriquecida com propriedades funcionais, bolo de amaranto, dentre outros. Assim, o desenvolvimento de um queijo com adição de sementes, tecnicamente se faz viável pela estrutura física e competência técnica da equipe de pesquisadores na atuação com inovação.
Dentro do referido projeto o SENAI-BA apoiará atividades de desenvolvimento do produto final, podendo realizar testes em sua planta piloto para o desenvolvimento do produto com redução, de gordura, sal, lactose e adiução das sementes com propriedades funcionais, realizando a cada passo análises sensoriais discriminativas, (Teste duo-trio e comparação) e físicas (Texturômetro) para identificação de diferenças significativas na textura do novo produto, além de testes sensoriais afetivos para avaliação da preferência entre formulações, aceitação do produto final pelo consumidor, bem como avaliação da validade do produto final através de testes de vida de prateleira (Sensorial, Físico-químico e Microbiológico). Para tanto serão disponibilizadas as seguintes instalações para o desenvolvimento do trabalho:
- Planta Piloto de processamento de Leite e derivados – composta por um tanque de refrigeração e armazenamento de leite, desnatadeira, homogeneizador, uma linha contínua de pasteurização rápida de leite, tanques de fabricação de queijo automáticos e manuais, tanques de fabricação de iogurte, batedeira de manteiga, prensa pneumática para queijo, prensa manual para queijo, modeladora para mussarela, micro e ultrafiltrador, spray dryer, pasteurizadora e maturadora para sorvete, produtora de sorvete e picoleteira
- Laboratório de Análises Físico-químicas – estruturado com bancadas analíticas em MDF, capelas de exaustão, dispositivo para descarte de resíduos químicos, sala de balança, sala de reagentes, equipamentos de análises, como balanças analíticas, bateria de aquecimento, bloco digestor, banho maria p/ extrato seco, espectrofotômetro, fotômetro de chama, micro moinho, pH metro microprocessado, banho maria com agitação digital, estufas de secagem e esterilização, dry block, polarímetro, destilador de nitrogênio, balanças de infra–vermelho, centrífugas digitais, destilador de álcool, extrator de lipídios, granotest, analisador de fibras, viscosímetro, colorímetro, equipamento de extração supercrítica, liofilizador, texturômetro, balança de infravermelho, dentre outros.
- Laboratório de Microbiologia de Alimentos – estruturado com balanças analíticas, balanças semi-analíticas, banhos-maria p/ Tubos, bicos de Bunsen, BOD, dessecador a vácuo, micro-ondas, estufas Bacteriológicas, autoclaves, geladeira de 360 l, lavador de pipetas, contadores de colônias, microscópios, estereoscópios, cabine de Segurança Bacteriológica, bombas á vácuo, estomac para homogeneização de amostras, banho Maria Dubnoff, dentre outros.
- Laboratório de Análises Sensoriais - composto por cinco cabines em MDF, com dispositivos de fornecimento de água e descarte de resíduos, sistema de iluminação nas cores vermelha, amarela, azul e branca, sala de preparo com câmara de controle de temperatura e umidade das amostras, micro-ondas, fogão, geladeira, destilador de água, estufas, computador com software para tratamento de dados Statistica 11.0, texturômetro, colorímetro, viscosímetro, sendo todo o layout implementado conforme recomendações da norma ISO8589:2007.
A formação do conhecimento do novo produto para a empresa se dará a partir da aprendizagem intensiva e permanente como principal processo, através da realização de pesquisa e desenvolvimento sobre o novo produto, seguida de testes e amostras e gerenciamento da qualidade desse novo produto. A empresa adota essa postura como forma de buscar a competitividade.
A aquisição e criação do conhecimento deste novo produto são realizadas na empresa através de treinamentos; participação em congressos e encontros; aprendizado do ambiente externo; da socialização; e da externalização, que é provocada pelo diálogo ou pela reflexão coletiva entre os colaboradores. A empresa também procura fazer com que ocorra a participação do maior número de pessoas, o empenho coletivo e o esforço conjunto.
Esta pesquisa utiliza método de estimação baseado em informações de compradores, vendedores e especialistas. O público-alvo é composto restaurantes, hotéis, hospitais, além de consumidores de todos os sexos e idades, principalmente das classes A, B e C, que realizam compras nas grandes redes de supermercado e demais estabelecimentos que comercializam os produtos Babi, em especial, pessoas com hábitos saudáveis e dificuldade na digestão da lactose (62,4% da população brasileira – UNIVILLE, 2004).
A estimativa de vendas foi realizada a partir de produtos similares já fabricados e comercializados pela empresa, apontando, por exemplo, a previsão de 1.500 Kg/mês de Queijo de Coalho light funcional, que serão vendidos a R$ 34,00/Kg, o que representa uma agregação de 30% em relação ao queijo tradicional. Para minimizar o impacto no valor final do produto são previstas peças de queijo individuais com cerca de 200g. Estimou-se o Requeijão Cremoso Funcional em 2.500 potes/mês ao preço de R$ 4,50.
Os novos produtos são isentos de PIS e COFINS e atualmente as indústrias de laticínios do RN possuem um crédito presumido de 100% o que faz com que também não se pague ICMS sobre os produtos lácteos produzidos no Estado. Além disso o queijo de coalho possui isenção ICMS. Assim a tributação ocorrerá apenas sobre o lucro com IRPJ e CSLL.
A partir do volume de vendas estimado e tomando por base os produtos já fabricados pela empresa chegou-se a calcular o custo direto de cada produto e orçar quanto será utilizado de cada insumo, mão-de-obra e, por fim, quanto isso representa em moeda corrente. Também foram discriminados custos indiretos de fabricação. Os custos da mão-de-obra direta foram estabelecidos com base no salário de operador de equipamentos e encargos sociais. Diante disso, foi calculado o preço de custo unitário de cada produto chegando-se a R$ 15,25/Kg para o queijo de coalho e R$ 2,09 para o requeijão.
Estimativa:
Tabela 1 – Estimativa de custos diretos (coalho light)
Fonte: Elaboração própria
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Tabela 2 – Estimativa de custos diretos (requeijão)
Fonte: Elaboração própria
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Tabela 3 – Projeção de receita anual
Fonte: Elaboração própria
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Tabela 4 – Projeção dos custos/despesas fixos (2016-2020)
Fonte: Elaboração própria
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Tabela 5 – Análise do resultado da operação
Fonte: Elaboração própria
A projeção dos resultados no período de 2016 a 2020, considerando a receita de vendas, custos diretos, despesas fixas e depreciação demonstrou superávit crescente desde o primeiro ano, chegando ao montante de R$ 1.714.911,90 acumulados ao final do último ano, representando em média 38% do total das receitas de vendas, demonstrando que o projeto é financeiramente atrativo. Nota-se também um incremento no faturamento da empresa de aproximadamente 11%.
Tabela 6 – Projeção dos fluxos de caixa (2015-2020)
Fonte: Elaboração própria
A análise da projeção dos fluxos de caixa no período de 2016 a 2020 demonstrou que a partir do terceiro ano o fluxo de caixa acumulado passa a ser positivo, apontando um retorno do investimento inicial de R$ 820.579,10 em 31 meses pelo método do payback simples e 3 anos e 3 meses pelo payback descontado.
O projeto apresentou Taxa Interna de Retorno de 31% a. a. e construção de valor a partir do quarto ano acumulado ao final do período um Valor Presente Líquido de R$ 349.959,68 considerando uma Taxa Mínima de Atratividade de 15% a. a..
Observa-se que a TMA utilizada apresenta um valor bem superior à taxa básica de juros – SELIC projetada para o final de 2014 (11,25% a.a.) e que a TIR do projeto representou valor bem superior a TMA demonstrando mais uma vez sua viabilidade econômica.
Realizando ainda a análise de sensibilidade em alguns cenários foi possível observar que mantendo os preços de venda constantes, a redução de até 23% das receitas irão manter o projeto viável no horizonte de 5 anos e que o aumento das receitas em 25% implicaria em uma taxa de retorno ainda maior de 45% a. a. e um retorno do investimento em praticamente 24 meses, pelo payback simples.
Avaliando um cenário ainda mais pessimista, reduzindo as receitas em 40%, observou-se que pelo payback simples, ainda haveria retorno do investimento no horizonte de 5 anos, no entanto, o projeto só iniciaria a criação de valor a partir do final do oitavo ano de vendas. Por outro lado, analisando-se a variação dos preços projetados e se mantendo o volume de vendas constantes, observou-se que o projeto só se mantém viável no horizonte de 5 anos com uma redução nos preços de venda um pouco inferior a 11%, mostrando ser muito mais sensível ao preço que ao volume de vendas.
Destaca-se que tais inovações terão efeito muito significativo na redução de ociosidade de muitos equipamentos e das instalações, diluindo custos fixos, ao tempo que aumentará o número de empregos diretos, principalmente na área comercial, já que a principal estratégia de marketing a ser utilizada na divulgação e venda dos novos produtos consistirá em ações promocionais de degustação nos pontos de venda.
AMORIN, C. S.; DA SILVA, F. C.; AMIN, M. M. "Análise SWOT da Indústria de Laticínios da Microrregião de São Félix do Xingu (PA)". Revista em Agronegócio e Meio Ambiente, 8(1), 9-29. 2015.
KRÜGER, J. D. M. Utilização da simulação de processos e gestão do design no desenvolvimento de produtos-estudo de caso: empresas gaúchas do setor moveleiro. Dissertação de Mestrado. Universidade de Santa Cruz do Sul. 2015.
SANTOS, A. R. Metodologia científica: a construção do conhecimento. 3.ed. Rio de Janeiro:DP&A editora, 2000.
BRUNI, A. L. Avaliação de Investimentos. São Paulo: Atlas, 2008.
PUCCINI, A. L. Matemática Financeira: objetiva e aplicada. 6a ed. São Paulo: Saraiva, 1999.
LIMA, J. C. F. Desenvolvimento de produtos lácteos inovadores. Enegep. 2014.
LIMA, J. C. F; GONZÁLEZ, M. O. A.; FERNANDES, F. K. A.; SILVA, A. C. L.; MOTA, R. O.; QUEIROZ, J. V.; QUEIROZ, F. C. B. P.; FURUKAVA, M. Aprimoramento e sofisticação regional: O processo de desenvolvimento de queijos inovadores. Espacios (Caracas). 2015.
1. Engenheiro de Produção (UFRN) e Mestrando Em Engenharia de Produção (UFRN), Participante Do Grupo De Pesquisa NAGI – Núcleo Aplicado à Gestão & Inovação, Bolsista CAPES. email: joaocardim_hotmail.com
2. Pós Doutorando (UTFPR), Doutor em Engenharia de Produção (UFSC), Professor do Mestrado de Engenharia de Produção da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), líder do grupo de pesquisa NAGI – Núcleo Aplicado à Gestão & Inovação.
3. Engenheiro Agrônomo (UFRN)