Espacios. Vol. 37 (Nº 37) Año 2016. Pág. 20
Gislaine Martinelli BANISKI 1; Larissa Mongruel MARTINS 2; Rubia Carla MAIER 3; Pedro José Steiner NETO 4
Recibido: 12/07/16 • Aprobado: 30/07/2016
3. Estratégias e gestão feminina
RESUMO: O crescimento de pesquisas envolvendo empreendedorismo e inovação oportuniza estudos relacionando gênero a estas tendências, associado ainda à estratégia. As diferenças na gestão feminina estariam proporcionando estratégias duradouras e favorecendo a longevidade de suas empresas? Este estudo tem por objetivo analisar estratégias de gestão adotadas por empreendedoras mulheres que possuem negócios bem sucedidos. Foi realizado um estudo qualitativo, através de estudo de casos múltiplos, com mulheres que possuíssem empresas constituídas há mais de cinco anos, ainda em atuação. Entender o panorama que cerca este estilo de gestão e o impacto no empreendimento permite a compreensão das bases para o empreendedorismo e aprimoramento da gestão estratégica como um todo. Percebeu-se que as características empreendedoras se mostraram mais determinantes que as de gênero, reforçando a importância da vocação empreendedora. Percebeu-se também que a estabilidade e a sobrevivência da empresa pode ser um ponto desejado por suas gestoras, em detrimento do crescimento e do risco. |
ABSTRACT: The growth of research involving entrepreneurship and innovation provides opportunities gender studies relating to these trends, still associated with the strategy. Differences in women's management would be providing lasting strategies and promoting the longevity of their companies? This study aims to analyze management strategies adopted by women entrepreneurs who own successful businesses. A qualitative study was conducted through multiple case study with women who owned companies incorporated for more than five years, still in operation. Understanding the landscape surrounding this style of management and the impact on the enterprise enables understanding of the foundations for entrepreneurship and improvement of strategic management as a whole. It was noticed that the entrepreneurial characteristics were more crucial that gender, reinforcing the importance of entrepreneurial vocation. It was noticed that the entrepreneurial characteristics were more crucial that gender, reinforcing the importance of entrepreneurial vocation. It is also realized that the stability and survival of the company may be a desired point by their management to the detriment of growth and risk. |
O estudo do empreendedorismo é amplamente difundido no mundo dos negócios, em especial no Brasil onde tem ampliado sua relevância no desenvolvimento econômico e social do país. Os empreendedores impulsionam a economia através de novos bens de consumo e métodos de produção, gestão e comercialização inovadora. (SCHUMPETER, 1985) A visão atual que passa a permear o interesse do mercado refere-se à atuação da mulher enquanto empreendedora e gestora de negócios, a qual vem desempenhando papel ativo na sociedade como um todo, participando, na geração de emprego e renda em vários países (SILVEIRA; GOUVÊA, 2008).
O papel da mulher como empreendedora vem se consolidando no mercado, principalmente no Brasil, aumentando a sua representatividade e comandando a abertura de novos negócios. No ano de 2015, entre os empreendedores iniciais a proporção de homens e mulheres é praticamente a mesma, 51% e 49% respectivamente, entre os empreendedores estabelecidos, os homens são em maior número do que as mulheres, 56% e 44% respectivamente (GEM, 2015). Este aspecto reforça o interesse e a necessidade de identificar eventuais relações entre gênero e empreendedorismo.
Estes números poderiam estar relacionada tanto a um crescimento da atuação feminina em novos empreendimentos, como também a uma taxa maior de insucesso que não permita mulheres a passar da fase inicial para a de já estabelecidas. A interessante questão ora levantada demanda que a academia analise a situação e identifique claramente qual das alternativas é a prevalente. Este estudo pretende, no entanto, responder a outras perguntas: O que relaciona gênero ao sucesso no negócio? Se nos empreendimentos iniciais a atuação feminina e masculina se equipara, por que em negócios já estabelecidos os indicadores masculinos estão mais elevados? Haveria estilos de gestão ou atuação estratégica que estariam facilitando a perpetuidade de algumas empresas de gestão feminina, diante de muitas que não logram longevidade?
Diante do exposto, este estudo pretendeu investigar as características de atuação de mulheres que estabeleceram um empreendimento, buscando conhecer seu perfil, dificuldades e estratégias para atuação no mercado.
A literatura de empreendedorismo trata de pessoas que, por meio de esforço próprio, são motivadas pela necessidade de realização a criarem riqueza. A ação empreendedora parece ser um traço inerente ao ser humano, sendo que é possível ver o indivíduo como empreendedor por natureza (GIMENEZ; GIMENEZ, 2010). O processo de empreendedorismo é envolvente e total, tanto para o próprio empreendedor quanto para os colaboradores próximos que eles empregam para ajudar a tornar sua visão realidade. Para os empreendedores, no entanto, a visão é uma condição vital básica. Por terem desenvolvido esta capacidade de visão, tais empreendedores selecionam empregados que poderão progredir com eles ao longo do tempo (FILION, 1999).
A mulher empreendedora ganha espaço tanto na luta pela inserção social como pela sua participação no mundo do mercado de trabalho. Essa nova mulher, ao mesmo tempo em que desempenha um novo papel em seu contexto socioeconômico, também acumula tarefas, sacrifícios e perdas nas suas relações familiares e sociais (CAMARGO et al, 2010).
Para Alperstedt, Ferreira e Serafim (2014) naturalmente, o processo empreendedor já é dotado de dificuldades e entraves que se colocam ao empreendedor, as mulheres por conta de sua construção histórica atrelada ao gênero feminino, enfrentam ainda dificuldades extras quando empreendem.
Ainda que as mulheres tenham conseguido avanços em sua participação no empreendedorismo, possuem diferentes motivações entre si. Conforme citam Oliveira e Souza Neto (2008), as mulheres podem ser empreendedoras por acaso: que estabeleceram sua atividade mais baseada em ocupação do tempo, que ter necessariamente o objetivo de abrir um negócio; empreendedoras forçadas: que iniciaram um empreendimento movidas por necessidades eminentes e imediatas, muitas vezes ligadas a subsistência; e empreendedoras criadoras: oriundas de motivação e inspiração pessoal.
Ferreira, Rese e Nogueira (2014) estudaram o empreendedorismo feminino e fazem as seguintes considerações: i) empreendedores se autorreferenciam; ii) a família e os negócios são imbricados; iii) o empreendedorismo não é maniqueísta; iv) a ação empreendedora assume o caráter de um fim em si mesmo; v) a atividade empreendedora é uma atividade de feitos heroicos; e vi) a visão sobre a mulher ainda é naturalizada.
Dois fenômenos econômicos possibilitaram às mulheres a inserção no mercado na condição de empresárias. O primeiro foi o crescimento considerável do setor de serviços, que as levou a se lançarem como empresárias de pequenas empresas para explorar as oportunidades do setor (lavanderias, serviços de comida congelada, escolas e cursos de recreação, etc.). O segundo fenômeno que ampliou o batalhão de mulheres atuando em micro empreendimentos foi a terceirização. Tanto um como outro vêm gerando oportunidades de trabalho por conta própria para muitas mulheres. Em geral, dentro das próprias casas, tanto na periferia das grandes cidades como na zona rural, mulheres têm-se tornado microempreendedoras. Nesse caso, áreas como a produção direcionada à indústria, ao pequeno comércio, à alimentação, ao artesanato, ao vestuário e alguns tipos de serviços estão entre os mais relevantes na atuação feminina. (CARREIRA, AJAMIL E MOREIRA, 2001).
Analisando as razões arroladas pelos estudos anteriores mencionados, o que se pode deduzir é que essas nem sempre são positivas, mas parece que resultam de dificuldades ou incapacidade de conciliar trabalho formal, aquele com horários rígidos, e família. Todavia, isso não significa necessariamente que o empreendedorismo seria a única alternativa profissional para elas. Quando se trata da criação de empresas por mulheres, não só razões econômicas têm sido apontadas, mas também sociais e psicológicas (MACHADO et al, 2003).
Pela relevância do empreendedorismo entre as mulheres, destacam-se algumas pesquisas que vem abordando esta temática. Entre estas o estudo de Valencia (2005) a qual buscou traçar o estado atual de pesquisas acadêmicas sobre o empreendedorismo feminino no período de 1990 a 2004, revisando e resumindo as tendências emergentes sobre a presença das mulheres na atividade empresarial.
Machado, Gazola e Anez (2013) em seu estudo tiveram por objetivo compreender as razões e dificuldades encontradas por mulheres para criação das empresas. Esta pesquisa foi realizada em Natal, capital do Rio Grande do Norte, e os autores constataram três razões principais para abrir a empresa: “Queria ganhar muito dinheiro”, “Estava insatisfeita com o trabalho anterior” e “Queria ganhar dinheiro”. Os autores destacaram entre as dificuldades que impedem a criação do próprio negócio, a necesidade de se encontrar equilíbrio entre trabalho e a família.
Silveira e Gouvêa (2008) realizaram uma pesquisa para investigar as mulheres gestoras de empresa, tendo como objetivo geral analisar as características, considerações e entendimentos destas mulheres empreendedoras sobre as organizações que gerenciam no tocante às estratégias que conduzem ao sucesso e ao fracasso.
Empresas criadas por mulheres ainda podem ter particularidades que levam a um resultado final característico, que justifique sua compreensão mais refinada. Por exemplo, no estudo de Machado et al (2008), há evidências apontadas na literatura de que as empresas criadas e geridas por elas enfrentam dificuldades de crescimento, assim dedicaram-se a compreender os significados de sucesso e de fracasso nos negócios e a associação ou não com o desenvolvimento das empresas. As autoras não identificaram relação entre significados de sucesso e fracasso e o crescimento das empresas.
Perceber se há uma diferente compreensão entre o empreendedorismo exercido por mulheres ou por homem é de fundamental importância. Gouveia, Silveira e Machado (2013) verificaram estas percepções e na pesquisa conduzida através de discussões em grupos focados concluíram que mulheres se declaram com um papel mais multifuncional, enquanto que o homem é mais objetivo. Vêem os homens como mais centralizadores, ao contraponto do compartilhamento das mulheres, embora as mulheres pesquisadas concordem que existe espaço para todos os perfis.
Ao estudar a criação de empreendimentos por mulheres, Fabricio e Machado (2012) reuniram pesquisas que identificavam motivações como: busca de flexibilidade de horário para conciliar trabalho e família, busca por independência e autonomia, busca por reconhecimento, valorização, realização pessoal, visão de oportunidade de mercado, bem como a insatisfação no trabalho anterior e mesmo dificuldades de ascensão em empresas formais e a busca por segurança. Os autores ainda apontaram em seus estudos que mulheres seriam menos motivadas a ganhar dinheiro e mais preocupadas com a qualidade do produto que ofereceriam no mercado.
O aumento de pesquisas sobre o empreendedorismo feminino pode ampliar as discussões sobre o tema e impulsionar o número de mulheres que trabalham por conta própria através de: implantação de políticas públicas de apoio ao fomento e desenvolvimento dos seus negócios, disseminação de uma cultura empreendedora, facilitação ao acesso de linhas de crédito, formação/capacitação de pessoal, promoção e acesso a novas tecnologias, etc. (GOMES, 2005). Independente do perfil ou motivação que leve as mulheres a empreenderem, elas quebraram o pensamento estereotipado e hegemônico que tende a definir o sucesso com critérios puramente econômicos ou de desempenho (SOUZA NETO, OLIVEIRA, 2008)
Ainda outros estudos ratificam a relevância do tema e buscam compreender as motivações e particularidades da gestão feminina, afirmando que ainda a questão carece que mais abordagens, identificando um campo de frutuosa exploração acadêmica (FRANCO, 2014; AMORIM e BATISTA, 2012; OLIVEIRA e SOUZA NETO, 2010; ALMEIDA, ANTONIALLI e GOMES, 2011).
Levando-se em conta que o atual contexto tende a valorizar o conhecimento gerado pelas pessoas, pressupõe-se que aqueles que detêm qualidades como capacidade para inovar e intuição estão mais bem preparados para ocupar cargos de chefia e liderança dentro de todo tipo de organização, pois não se trata apenas de competência técnica e intelectual, mas, sobre tudo, de competência interpessoal. Na prática, sabe-se que os seres humanos combinam essas características de diferentes formas, dependendo de seu temperamento individual, histórias de vida e outros fatores psicossociais (GOMES, 2005).
Machado (2004) fez algumas generalizações sobre a mulher empreendedora afirmando que elas têm bom nível educacional, embora com pouco conhecimento de habilidades gerenciais; há o predomínio de primogênitas ou filhas únicas, contribuindo para a iniciativa empresarial; há o predomínio de pais empreendedores, que teriam servido de modelo de identificação para essas empreendedoras.
Gimenez e Gimenez (2010) destacam a postura estratégica como um fator muito importante na criação de novos negócios. A postura estratégica envolve uma capacidade de pensar em longo prazo, monitorar as condições econômicas e sociais do contexto onde o empreendimento está surgindo e o envolvimento em atividades de planejamento sistemático e formal. A postura estratégica do empreendedor se manifesta ao identificar uma oportunidade, organizar e aplicar recursos, com o intuito de transformá-la em produtos ou serviços a serem disponibilizados no mercado.
O estilo de gestão feminina pode estar associado a uma maior competência comunicativa. Entretanto, a competência técnica feminina não está sendo posta em dúvida. Essas características apenas expressam a competência feminina no agir comunicativo e contrabalançam o lado instrumental presente nas organizações (GOMEZ, 2005).
Filion (1999) estudou características de gestão de empreendedores, diferenciando-os de operadores de pequenos negócios. Cada um dos dois grupos tem seu próprio sistema de atividades. Para os empreendedores, as atividades no sistema foram visão, projeto, animação, monitoração e aprendizagem; enquanto, para os operadores, as atividades foram seleção, desempenho, atribuição, alocação, monitoração e ajuste. Muitas mulheres atuam na tipologia de empreendedoras efetivamente. A maior diferença entre os sistemas de empreendedores e operadores recai basicamente sobre definições de raiz. Empreendedores têm “sonhos realistas”, ou visões, com cuja realização estão comprometidos.
O empreendedor tem papel fundamental no desenvolvimento econômico. As inovações no sistema econômico não aparecem, via de regra, de maneira que primeiramente as novas necessidades surgem espontaneamente nos consumidores e então o aparato produtivo se modifica sob sua pressão. É o produtor, ou seja, o empreendedor que inicia a mudança econômica, e os consumidores são educados por ele, se necessário; sendo, por assim dizer, ensinados a querer coisas novas, ou coisas que diferem em um aspecto ou outro daquelas que tinham o hábito de usar (SCHUMPETER, 1985).
Outro estudo que privilegiou a gestão feminina foi Almeida, Antonialli e Gomes (2011) que entenderam que a inserção da mulher no sistema produtivo constitui um fator privilegiado de análise das transformações que vêm ocorrendo com o feminino na modernidade. A partir de comparações estatísticas entre variáveis que traduzem a estratégia competitiva, concluíram que há ocorrência dos quatro tipos estratégicos propostos por Miles e Snow (1978), isto é, as estratégias, defensiva, analítica, prospectora e reativa, e ainda concluíram que a estratégia mais frequente foi a analítica.
Dificuldades de crescimento de empresas de mulheres, principalmente quando elas começam a atuar em segmentos que tradicionalmente eram ocupados por homens. A principal restrição, nessas condições, é a dificuldade em aumentar a fatia de mercado constituída por outras empresas que seriam potenciais clientes. Verifica-se que uma das evidências apontadas em estudos comentados anteriormente é a de que os recursos financeiros que mulheres empregam para iniciar ou desenvolver suas empresas são pequenos (MACHADO et al, 2010).
Alguns campos de estudo ainda merecem ser explorados, de acordo com o estudo de Machado et al (2010), dentre outros fatores as escolhas estratégicas: fatores que influenciam as estratégias de crescimento de negócios conduzidos por mulheres; critérios de escolha do setor, abordagem de aquisição de capital é a sua influência no crescimento e o desenvolvimento dos negócios; c) barreiras estruturais: normas institucionais em diferentes setores, e como essas influenciam a habilidade das mulheres em obter recursos para criar e crescer os negócios; papel do setor, práticas e normas em determinar se mulheres terão sucesso em obter capital, necessidade de fomentar estudos sobre crescimento (GREENE, 2003; MACHADO, et al, 2010).
Nem sempre as empreendedoras tem o preparo necessário para adotar ações estratégicas mais refinadas. Conforme Ferrell e Hartline (2010) algumas orientações são consideradas para guiar esforços estratégicos como: agressividade, diversificação, recuperação e defensividade. Destas combinações uma empresa pode realizar análise de seu ambiente e projetar intenções de modo a conquistar maior competitividade, quer seja visando novos clientes, novos negócios ou fidelização da clientela já conhecida.
Dentre os principais objetivos dos esforços mercadológicos está estabelecer linhas de relacionamento com os clientes. Segundo Stone e Woodcook (1998), uma empresa precisa tornar vantajoso para um cliente permanecer fiel a sua empresa, razão por que uma compreensão profunda do comportamento do cliente e vital. Existe sempre um equilíbrio delicado entre um relacionamento mais forte e a irritação do cliente.
Para obter sucesso frente ao mercado, o pequeno empreendedor precisa estabelecer a prioridade de atributos que ira garantir o posicionamento do negócio, escolhendo então a estratégias que melhor destacam estes atributos (DAFT, 2010; KEEGAN E GREEN, 2014; LAMB, HAIR and McDANIEL, 2012) Todo o composto de marketing acompanhará este posicionamento.
O objetivo de analisar as estratégias de gestão adotadas por empreendedoras mulheres que possuem negócios bem sucedidos norteou a estrutura metodológica deste estudo.
O método de pesquisa adotado foi uma pesquisa exploratória, com uma abordagem qualitativa (DENDZIN; LINCOLN, 2006) por meio de entrevistas com mulheres empreendedoras. Uma amostra por conveniência foi constituída com cinco empreendedoras, proprietárias e gestoras de empresas.
Os critérios de escolha para participação desta pesquisa foram: empreendedoras mulheres atuantes no comércio de confecções ou acessórios e artesanato; estar há pelo menos cinco anos atuando no mercado; ter significativa participação acionária; estar envolvida ativamente na gestão da empresa; e desempenhar papel de liderança em seus empreendimentos.
Para coleta de dados foi elaborado um questionário inicial com dados descritivos pessoais e da empresa, realizou-se um roteiro semi-estruturado para entrevistas em profundidade com as empreendedoras sobre seu negócio e estilo de gestão adotada, para assim verificar quais os fatores chaves envolvidos no seu sucesso.
As entrevistas foram realizadas com cinco empreendedoras, uma representante de cada empresa escolhida. O contato inicialmente foi por telefone para agendamento e posteriormente as entrevistas foram realizadas pessoalmente. As entrevistadas foram receptivas e concordaram em participar desta pesquisa, respondendo livremente as questões levantadas, externando o que sentiam em relação ao seu negócio. As entrevistas passaram por análise de conteúdo (BARDIN, 2010) e foram agrupadas para favorecer a análise e interpretação. A análise dos resultados de cada entrevista apontou que a quinta entrevistada acrescentou pouco conteúdo ao material coletado, de forma que foi feita a opção de encerrar o processo de entrevistas.
Para manter sigilo das informações das entrevistadas estas serão chamadas de Entrevistada A, B, C, D e E.
Serão apresentados os dados obtidos através da entrevista com as empreendedoras, inicialmente tem-se o perfil destas gestoras, e em seguida exploram-se as questões voltadas ao ser empreendedor e os sentimentos em torno do seu negócio (estratégias e gestão).
As informações do setor de atuação das empreendedoras entrevistadas está apresentado na figura1.
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Entrevistada A |
Entrevistada |
Entrevistada |
Entrevistada D |
Entrevistada |
Setor de atuação |
Moda feminina |
Confecção artesanato |
Moda feminina e masculina |
Confecção e moda feminina |
Moda feminina |
Número de funcionários |
5 |
3 |
3 |
28 |
1 |
Fundação |
1992 |
2010 |
2009 |
1985 |
2008 |
Mix de Produtos |
Roupas, calçados acessórios femininos |
Artesanatos e cursos |
Roupas e acessórios femininos e roupas masc. |
Roupas femininas esporte e esporte fino |
Pijamas e moda praia |
Figura 1- Informações sobre os empreendimentos pesquisados
Fonte: Autores, 2015.
As características das empreendedoras investigadas são: uma entrevistada jovem, solteira, sem filhos com 27 anos, as demais apresentam idade entre 42 e 54 anos, são casadas com um filho, com exceção de uma delas que tem dois filhos.
Em relação à escolaridade a maioria possui graduação nos seguintes cursos: Direito, Gestão de Processos Gerenciais, Comércio Exterior e Contabilidade. Apenas uma das entrevistadas apresenta somente segundo grau. A escolaridade é um indicador importante de sucesso, pois o nível de instrução do empreendedor pode contribuir para o êxito do empreendimento (FILION, 1999).
Investigou se as empreendedoras possuíam experiências anteriores, e a maioria afirmou que já tinham outras atividades anteriores à abertura de sua empresa. A empreendedora que não teve experiência anterior justificou que logo que terminou o segundo grau, casou-se e iniciou o seu negócio informalmente na sua própria casa para auxiliar na renda familiar.
As entrevistadas não apresentam outra fonte de renda, dedicam-se apenas ao seu empreendimento. As empresas pesquisadas são geridas por mulheres, conforme já mencionado, sendo que quatro delas têm sócios, e apenas uma é de propriedade individual.
Percebe-se pelo número de funcionários que são micro empresas, destaca-se a empresa da entrevistada D, a qual emprega 28 funcionários atualmente, porém já chegou a empregar 45, de acordo com a proprietária foi necessário diminuir o número de funcionários em decorrência da mecanização e da falta de mão de obra qualificada.
Os empreendimentos pesquisados fazem parte do setor de comércio varejista, quatro deles trabalham com confecção e moda feminina e um deles com confecção de artesanatos em MDF. Todas as empresas atuam no mercado a mais de cinco anos, uma das condições estabelecidas, sendo que para quatro empreendedoras o empreendimento pesquisado foi o seu primeiro negócio. Apenas uma das empreendedoras já havia tido experiência com outros negócios.
A motivação para abertura do próprio negócio pode partir de uma necessidade ou de uma oportunidade, segundo o GEM (2013) os empreendedores por necessidade são aqueles que iniciam um empreendimento autônomo por não possuírem melhores opções de ocupação, abrindo um negócio a fim de gerar renda para si e suas famílias. Já os empreendedores por oportunidade são os que identificaram uma chance de negócio e decidiram empreender, mesmo possuindo alternativas de emprego e renda.
Investigou se a empresa foi estabelecida por oportunidade ou necessidades, onde três afirmam ter aberto seu negócio por oportunidade e duas por necessidade.
Quanto à questão de necessidade cabe destacar que as entrevistadas se diferenciam em seus pontos de vista, uma começou o negócio para ajudar na renda familiar, e a outra, pois não conseguia ficar em casa sem estar trabalhando, ou seja, por necessidade em trabalhar fora das atividades domésticas. Ressalta-se as diferentes interpretações que as gestoras percebem sobre necessidade.
A empreendedora A saiu de um emprego anterior, pois segundo a mesma não se adaptava e não encontrava realização pessoal, o que foi vislumbrado na loja que montou onde pôde colocar suas habilidades de atendimento ao público encontrando maior realização.
Já a empreendedora B, destaca o fato de obter a ocupação saudável do tempo foi percebida como uma necessidade e, ao encontrar na cunhada a sócia que precisava percebeu que se caracterizou uma oportunidade para tirar o empreendimento dos seus sonhos.
Pesquisas indicam que as famílias de empreendedores têm maior chance de gerar novos empreendedores e que os empreendedores de sucesso quase sempre têm um modelo, alguém que admiram e imitam. (FILION,1999)
Buscou-se verificar a influência da família em seus empreendimentos, pois se observou no decorrer da entrevista que todas foram influenciadas por suas famílias.
De acordo com Machado et al (2010), a necessidade de equilibrar trabalho e família é um grande influenciador na abertura e manutenção de negócios próprios.
A entrevistada A, mencionou que seu pai já era comerciante, tinha um bar no mesmo bairro que ela abriu a loja, em parceria com sua irmã. Percebe-se que a família tem perfil para o empreendedorismo.
A entrevistada B tem sua cunhada como sócia e receberam da família apoio psicológico e financeiro para o empreendimento. Já no caso da entrevistada C sua mãe é empreendedora, tem uma loja de bebês e a ajudou a abrir o seu próprio negócio e dá acompanhamento na gestão e suporte financeiro.
A entrevistada D recebeu apoio e incentivo do marido para abertura de seu próprio negócio, além de ajuda técnica de uma cunhada que a ensinou a tecer e a usar as máquinas de costura.
Para a entrevistada E a ajuda veio direto do marido que a incentivou e a ajudou financeiramente na abertura da loja, porém não apresentou nenhum membro de sua família como empreendedor.
Questionadas sobre o fato de familiares trabalham no mesmo ramo e quantos familiares trabalham no empreendimento obteve-se as seguintes respostas: 4 empresárias não tem parentes trabalhando no mesmo ramo, apenas a empresária que trabalha com confecção e comércio respondeu que tem duas cunhadas e o filho atuando no mesmo setor.
Quanto ao envolvimento dos familiares no negócio duas delas não tem envolvimento nenhum (entrevistadas C e E), a entrevistada B apenas o envolvimento da sua sócia que é a sua cunhada, a entrevistada D o marido que é seu sócio e a sua filha, enquanto a entrevistada A tem sua irmã de sócio e emprega outra irmã, sua mãe e uma prima, a empreendedora destaca o fato de a loja ser familiar representa um grande diferencial no atendimento, e que sua melhor vendedora, que está na loja há 11 anos é sua prima.
As entrevistadas foram questionadas em relação a obstáculos encontrados tanto na criação do negócio, como na gestão atual.
Verificaram-se diferentes obstáculos entre as entrevistadas, destacaram-se as dificuldades na administração do negócio, a rotatividade e concorrência. Saber lidar com a concorrência é um ação que exige do empreendedor o estabelecimento de diretrizes mercadológicas claras, e estas se iniciam com a determinação de mercados-alvo, posicionamento e escolha da estratégia do composto de marketing. Sem estas definições as chances de sucesso diminuem consideravelmente (KOTLER; KELLER, 2006)
Entre os aspetos apontados como obstáculos um destes foi a obtenção de recursos financeiros. Este obstáculo foi apontado por mais de uma empreendedora, os demais obstáculos advinham da vivência pessoal e experiência, enquanto que uma ainda, encontrou dificuldade para o local da loja.
Entre as barreiras atuais há mais convergência nos pontos de vista, a maioria indicou o impacto das grandes redes varejistas no comércio local.
A entrevistada C menciona: “os clientes estão erroneamente comparando meus produtos de grife e exclusivos com produtos de grandes redes, vendidos de modo massificado e na sua maioria por autoatendimento. Este tem se tornado um grande desafio, esclarecer a clientela sobre os reais diferenciais de se comprar numa loja exclusiva”.
A empreendedora B, que trabalha com artesanato afirma que o mercado informal tem se caracterizado como grande obstáculo, pois afirma que “qualquer pessoa pensa que pode fazer artesanato, vende barato e não paga impostos nem emprega funcionários.” Apontou que costuma ver criações exclusivas de sua loja sendo imitadas e vendidas pela metade do preço. Ou seja, lidar com a concorrência é o maior obstáculo a ser vencido pela gestão destas mulheres.
Em relação a utilização de plano de negócios, assim como, outros planos como financeiro e marketing, podem auxiliar na gestão do novo negócio. Kotler e Keller (2006) destacam que o processo de criar, entregar e comunicar valor requer muitas atividades diferentes e para assegurar que estas atividades sejam selecionadas e executadas é essencial que exista planejamento. A maior ou menor necessidade de planejamento irá variar conforme a natureza do negócio, tamanho da empresa e taxa de crescimento do mercado.
Buscou-se verificar a utilização de planos na gestão realizada pelas empreendedoras, verificou-se que entre as cinco empreendedoras entrevistadas apenas duas utilizaram plano de negócio antes da abertura da empresa, e uma terceira disse que utilizou em outro momento.
Quando questionadas quanto à utilização de outros planos durante a gestão e suas utilidades a empresária A citou que se utilizou de consultorias externas para assuntos mercadológicos e sobre gestão de pessoas, onde o resultado foi positivo, ela indica aos outros e comentou que é possível encontrar qualquer tipo de ajuda a bons preços, porém teve dificuldade para selecionar boas propostas.
A Entrevistada B realizou plano de negócio, mas sem ajuda profissionalizada, já que foi feito pelas próprias sociais. Entretanto depois do negócio em funcionamento encontraram efetiva ajuda na questão de metas de gestão.
A empresária C que fez seu próprio plano de negócios antes de abrir a loja, utilizou em outra oportunidade o plano de marketing e um projeto de coaching para o desenvolvimento das funcionárias, o que auxiliou a proprietária ter mais certeza quanto as suas decisões.
Já a empresária D não utilizou plano de negócios na abertura da empresa, porém três anos após a abertura do negócio optou pela utilização de um plano financeiro, o qual foi positivo para a gestão financeira. A entrevistada E também não se utilizou do plano de negócios, porém posteriormente utilizou-se de plano financeiro e de marketing, que segundo ela ajudaram a organizar a empresa.
Questionadas quanto ao financiamento do negócio assim como as dificuldades para conseguir estes recursos obtiveram-se as seguintes respostas: três empresárias utilizaram de recurso próprio, sendo que uma delas citou que os juros bancários são muito altos fazendo que o recurso próprio seja a melhor opção. Uma das empresárias utilizou recursos da mãe, e apena uma utilizou empréstimo bancário para a formalização, porém de baixo custo e rápida amortização, e não teve nenhuma dificuldade na negociação para a liberação.
No tocante a situação atual de seus negócios verificou-se que as empreendedoras demonstraram-se satisfeitas, inclusive uma delas pretende investir em outros ramos.
Outro aspecto investigado foi se as entrevistadas consideravam seus negócios bem sucedidos e percebeu-se que sim, todas consideram seus negócios bem sucedidos apontando diferentes motivos, a Entrevistada A, apontou como causa do seu sucesso a localização e o fato de ser tradicional no bairro e que possui uma carteira com mais de seis mil clientes. A Entrevistada D, comentou que desde que abriu só teve degraus de subida e ressalta “Amo o que faço”.
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Entrevistada A |
Entrevistada B |
Entrevistada C |
Entrevistada D |
Entrevistada E |
Oportunidades externas |
- cuidados com aparência pessoal - flexibilidade e disponibilidade dos fornecedores |
- artesanato como terapia - artesanato é um presente diferente. |
- força da moda; - As pessoas não querem repetir roupa pela influencia das redes sociais - blogs ditam a moda. |
-Industrialização do produto que já produz. |
- valorização da qualidade e customização |
Ameaças externas |
- Grandes redes; - Público jovem mais difícil de atrair |
- Concorrência; - informalidade |
- Grandes redes; - moda cada vez a preço mais baixo |
- Grandes redes; - produtos importados; -Informalidade |
- Grandes redes. - produtos importados |
Figura 2- Oportunidades e ameaças
Fonte: Autores, 2015.
Observou-se que as empreendedoras não apresentaram uma visão clara do ambiente externo a sua organização, inclusive confundindo oportunidades com pontos fortes conforme citado: a atualização e qualidade dos produtos comercializados. Porém destacaram algumas oportunidades relevantes aos seus negócios, como a influência da mídia e as redes sociais.
Entre as ameaças verificou-se a preocupação com a concorrência, principalmente em relação às grandes redes.
No tocante às ações com o cliente, no marketing e na tomada de decisão, desenvolvidas pelas empreendedoras, nas quais elas atribuem seu sucesso, destaca-se alguns pontos conforme pode ser observado na figura 3.
Ações de sucesso |
Entrevistada A |
Entrevistada B |
Entrevistada C |
Entrevistada D |
Entrevistada E |
Clientes |
- Vendas incrementadas, venda adicional |
- Qualidade do acabamento das peças |
- Bom relacionamento, conhecimento do cliente e suas preferências. |
- Tradição da empresa; - Atendimento personalizado. |
-Atendimento; -Localização facilitada. |
Marketing |
- Mensagens por celular; - indicação de clientes |
- Mensagem por Redes sociais |
- Software para fidelização |
- Indicação de clientes |
- Mensagens por celular |
Figura 3 – Ações de sucesso
Fonte: Autores, 2015.
Verificou-se na figura 3, algumas ações em comum entre as entrevistadas. Ao serem questionadas em relação aos clientes observa-se que estas tem consciência da importância do atendimento e do bom relacionamento com o cliente e percebem neste o maior pilar de sucesso de seu negócio.
Nas ações de marketing, observa-se que a tecnologia da informação como ferramenta importante e de baixo custo. A maioria utiliza desta tecnologia, seja por mensagens no celular ou nas redes sociais. Destaca-se a importância do marketing boca-a-boca conforme foi ressaltado pela Entrevistada D. Utilizar uma abordagem interativa com mídias e canais ajuda a estender o público-alvo da empresa, estimula a demanda e facilita contato constante com os clientes (STONE, WOODCOOK, 1998).
Na tomada de decisão verificou-se que estas tem atitudes voltadas a sua experiência no mercado, compartilhando com suas sócias, não apresentaram problemas em relação a tomada de decisão.
O empreendedorismo não é ainda uma ciência, embora esteja entre as áreas em que mais se pesquisa e se publica, ou seja, não existem paradigmas, padrões que possam nos garantir que, a partir de certas circunstâncias, haverá um empreendedor de sucesso. (DOLABELA, 2006).
Buscou-se verificar com as empreendedoras quais os fatores que estas consideram de sucesso em seus negócios, apontado três fatores chaves, estes fatores apontados foram:
Verifica-se nas suas respostas que elas privam pelo bom atendimento. Já em relação aos fatores que não as deixa satisfeitas, elas citaram:
Entre os apontamentos de insatisfação, verificou-se que estas apresentam diferenças entre as entrevistadas, destacando entre os fatores a atenção ao cliente, necessidade de melhorias na estrutura físicas e dificuldades em relação aos funcionários.
Finalizou-se perguntando se as empreendedoras viam alguma diferença na gestão pelo fato de serem mulheres, as respostas foram:
Entrevistada A: “Homens e mulheres tem capacidade igual, o que conta é ter vocação empreendedora. Tem que gostar do que faz.”
Entrevistada B: “Sim, para o trabalho manual a mulher tem mais paciência e jeito. A dificuldade é atender família, casa e o trabalho”.
Entrevistada C: “Em partes, a característica da mulher ser mais detalhista e a parte da comunicação, conversar com as clientes ajuda a fazer relacionamento.”
Entrevistada D: “Não nenhuma, o importante é se dedicar ao negócio.”
Entrevistada E: “Acredito que sim, pois somos mais detalhistas e prestamos um atendimento mais personalizado”.
Observa-se que entre as entrevistadas, estas não vêem grandes diferenças entre homens e mulheres frente aos negócios, Uma exceção, que aparece timidamente em algumas entrevistas seria, apontar como uma característica atribuída como vantagem às mulheres, o fato de serem mais detalhistas.
Um fator determinante no futuro de uma organização é a boa administração, sendo relevante aos empreendedores apresentarem características como motivação, visão e tomada de decisão.
O objetivo deste estudo, de investigar as características destas empresas geridas por mulheres, pôde nos demonstrar que as mulheres mais experientes e maduras tendem a ter mais estabilidade na gestão. A permanência ativa na rotina da empresa é determinante. Todas valorizam a atuação familiar, fazendo de suas empresas uma extensão do clima familiar que, por vezes, pode ser um diferencial extensivo aos clientes. A maioria esta satisfeita com a manutenção do tamanho da empresa, sem a agressividade no crescimento do negócio.
Verificou-se neste estudo que a persistência e vontade de ter o próprio negócio foram os fatores mais evidentes, o que pode estar relacionado ao fato de estas empreendedoras se encontrarem numa fase de vida mais madura, pois a maioria das respondentes tem mais de 40 anos e tem plena convicção de seus talentos para gerir o próprio negócio.
A influência e o apoio familiar foram destacados quer seja pelo incentivo ou pelo aporte de recursos iniciais. Entre as empreendedoras que tem sócias, os laços familiares mantem esta sociedade de forma bem sucedida.
Quanto a estratégias de mercado, o fator de sucesso que é mais presente nas entrevistadas é o atendimento. Por se caracterizarem como pequenas empresas, o relacionamento com sua clientela-alvo tem se demonstrado o maior investimento. As dificuldades na abertura do negócio foram específicas das experiências e particularidades de cada empreendedora, porém as barreiras atuais apontam para o desafio de lidar com a concorrência, em especial com grandes redes varejistas.
Mesmo com a sobrevivência de seus empreendimentos, a visão de crescimento destas empresárias é módica. Como podemos refletir com Mintzberg (2010. p 136). Numa empresa com organização empreendedora, a geração de novas ideias e dominada pela busca de novas oportunidades. Na organização empreendedora a geração de estratégias é caracterizada por grandes saltos à frente, em face da incerteza. O crescimento é a meta dominante da organização empreendedora. Pelo exposto, os empreendimentos não se caracterizavam, ao olhar de Mintzberg, como empreendedores.
Estas empreendedoras relacionam o seu sucesso à vocação empreendedora e às características de gênero, afirmando que qualquer pessoa com vontade e persistência pode ser bem sucedida, entretanto muitas afirmam que características de bom gosto, comunicação e relacionamento com as clientes são pontuais das mulheres.
Em relação ao planejamento das atividades, não foi possível perceber relação entre o fato de terem realizado plano de negócios e a perpetuidade do empreendimento. Tais ferramentas foram utilizadas como forma de aperfeiçoar a gestão, mas não como determinantes do sucesso na tomada de decisão. Destaca-se o reconhecimento da importância do atendimento ao cliente no sucesso do negócio. Ficou evidente que, as empresas tem se mantido porque, de um modo geral, buscam a estabilidade, e não realizam ações agressivas e ousadas de enfrentamento à concorrência.
Finalizando, é notável em todas as entrevistadas grande vocação para o empreendedorismo. Muitas delas chegam a afirmar que não conseguem se imaginar fazendo outra coisa na vida. Gostam de tomar decisões, preferem a dinâmica da empresa própria à monotonia de um emprego formal. Uma delas afirmou “o bom de ser dona do próprio negócio é que, se por um lado sempre tem dinheiro saindo, por outro sempre tem dinheiro entrando, você vê movimento”.
Este estudo apresenta as limitações relativas aos casos a que representa. Sugere-se a ampliação para outros ramos de atividade, em outras regiões de atuação.
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1. Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)– Ponta Grossa- PR - Brasil
2. Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)– Ponta Grossa- PR- Brasil
3. Faculdades Ponta Grossa (FacPG)– Ponta Grossa- PR- Brasil. Email: rubiacmaier@yahoo.com.br
4. Universidade Positivo (UP) – Programa de Mestrado e Doutorado em Administração (PMDA) – Curitiba-PR- Brasil