Espacios. Vol. 37 (Nº 23) Año 2016. Pág. 21
Saymon Ricardo de Oliveira SOUSA 1; Ícaro Romolo Sousa AGOSTINO 2; Ricardo DAHER Oliveira 3; Rialberth Matos CUTRIM 4; José Samuel de Miranda Melo JR 5
Recibido: 12/04/16 • Aprobado: 13/05/2016
2. O controle do sistema organizacional
4. Aplicação do sistema de monitoramento e análise de falhas
RESUMO: A utilização de sistemas informatizados nos processos de manutenção tornou-se indispensável no gerenciamento das organizações. Este trabalho se fundamentou na teoria geral dos sistemas, e nas etapas do controle, objetivando desenvolver um sistema de monitoramento e análise de falhas para auxiliar o gerenciamento da manutenção de equipamentos. Ao concluir a pesquisa foi possível verificar de que forma um sistema de monitoramento e análise de falhas poderá contribuir para a gestão da manutenção, assim como os ganhos associados. Foi utilizada uma abordagem exploratória, abrangendo levantamento bibliográfico e pesquisa de campo, através da observação da problemática nos processos de manutenção. |
ABSTRACT: The use of computerized systems in maintenance processes has become indispensable in the management of organizations. This work was based on general systems theory, and the control steps, aiming to develop a monitoring system and failure analysis to assist the management of equipment maintenance. After completing the research it was possible to verify how a monitoring system and failure analysis can contribute to the maintenance management, as well as the associated gains. An exploratory approach was used, covering bibliographic survey and field research, by observing the problems in maintenance processes. |
A crescente evolução tecnológica vem acompanhada de alterações em outros âmbitos, social, econômico e institucional, pois, a tecnologia não possui a capacidade de disseminar no espaço, necessitando de métodos jurídicos, existência de condições políticas e estímulo econômico para sua explanação. No século XVI, a atividade de agregar recursos capitais relacionado às revoluções burguesas, apresentou condições favoráveis para que essas inovações técnicas possibilitassem a origem e expansão dos processos de produção. (TIGRE, 2014, p. 14)
A informática tem atribuído benefícios tecnológicos a todos os segmentos da sociedade. Várias organizações não possuem um sistema específico para gestão de suas atividades relacionadas à manutenção. Os custos de aquisição e implantação de um sistema de controle e monitoramento são elevados, isso, faz com que, boa parte das organizações optem por adquirir um sistema de gestão coorporativo, divido em módulos, onde inclui-se, os sistemas de manutenção ou serviços. (PEREIRA, 2009, p. 163).
Dentro do contexto, o uso da tecnologia da informação oferece ferramentas que podem maximizar o sucesso de uma organização, gerando vantagem competitiva, como custo reduzido mediante a automação, serviços com excelência e melhor controle de seus processos. O sistema de aplicação lida com uma necessidade específica, possuindo uma ação política dentro das organizações para solução de conflitos, podendo o mesmo ser desenvolvido por terceiros. (TURBAN, KELLY E RICHARD, 2007, p. 34 e 322)
De acordo com os autores Pinto e Xavier (2005, p. 23), a manutenção tem como propósito garantir ao processo produtivo ou de serviços à disponibilidade dos equipamentos e instalações, com segurança, qualidade, preservação do meio ambiente, confiabilidade e custos adequados. No decorrer dos anos, a manutenção passou a desempenhar um papel estratégico nas organizações modernas, sendo um grande diferencial das empresas referências em seus segmentos. É atribuição da manutenção um alto nível de confiabilidade e disponibilidade nos equipamentos, otimizando os custos envolvidos.
Dados da Associação Brasileira de Manutenção e Gestão de Ativos ABRAMAN , (2013) demonstram que, em geral, o investimento das indústrias com manutenção corretiva representa cerca de 4,69% sobre o faturamento bruto das empresas no Brasil. Enfatizando a necessidade do investimento em manutenção corretiva, dados do Documento Nacional mostram que as empresas aplicam cerca de 28,69% do tempo de trabalho dos seus funcionários de manutenção em ações corretivas.
Considerando-se a relevância do tema abordado por este trabalho, o presente artigo tem como problema de pesquisa: Como um sistema de informações de monitoramento e análise de falhas poderá contribuir para a gestão da manutenção? Tal questionamento há de requerer tanto, uma revisão bibliográfica quanto, a utilização de mecanismos de observação ou coleta de informações capazes de permitirem que, a temática investigada atinja o objetivo geral da pesquisa que é: Verificar de que forma um sistema de informação de monitoramento e análise de falhas poderá contribuir para a gestão da manutenção.
Toda organização pode ser compreendida como um sistema, composto de diversos elementos, que interagindo, procuram atingir objetivos comuns. A empresa como sistema, possui vários subsistemas, com objetivos específicos, que compilados contribuem para um objetivo maior. (ROSSINI E PALMISANO, 2014, p. 6). Para Bertalanffy (1977, p. 84) um sistema pode ser definido como um complexo de elementos em interação. A interação significa a inter-relação entre os elementos do sistema de modo que, influenciam no comportamento dos mesmos. Ainda segundo o autor (1977, p. 128) a teoria geral dos sistemas em sentido restrito, busca a aplicação de definições de sistemas em fenômenos concretos, visando aplicações em diversas áreas.
Neste sentido, um sistema pode ser decomposto em diversos subsistemas, além disso, apresentam elementos comuns: as entradas de dados (inputs), o processamento, a saída das informações (outputs) e o feedback. A figura a seguir apresenta o esquema teórico de um sistema, mostrando seus elementos básicos, assim como a relação entre eles.
Figura 1: Esquema teórico de um sistema
Fonte: Adaptado de Rossini e Palmisano (2014, p. 3)
Todos os sistemas apresentam características intrínsecas, seguindo a definição de Bertalanffy, dois principais conceitos retratam as características básicas de um sistema: o de propósito e o de totalidade. Sendo assim, o sistema sempre funciona em detrimento de um objetivo (propósito), bem como seus elementos, que se relacionam para atingir tal propósito. A totalidade está relacionada com o comportamento do sistema pela qual, qualquer ação que impacte em alguma unidade do mesmo deverá produzir mudanças nas demais unidades, sendo todo sistema de natureza orgânica, que está constantemente em mudança (BERTALANFFY, 1977, p. 84 e 108)
Portanto, como sistema, toda organização necessita de meios para se ajustar, o processo de controle é agente por tal ação, produzindo informações para a tomada de decisão, permitindo manter qualquer sistema orientado para seu objetivo. Sendo assim, o processo de controle é responsável por informar os objetivos que devem ser atingidos, informar o sistema sobre seu desempenho em relação aos objetivos, e propor ao sistema o que deve ser feito para assegurar a realização dos objetivos. (MAXIMIANO, 2006, p. 91)
Ainda segundo Maximiano controlar, em essência, é um processo de tomar decisões que tem por finalidade manter um sistema na direção de um objetivo, com base em informações contínuas sobre as atividades do próprio sistema e sobre o objetivo. O objetivo torna-se o critério ou padrão de avaliação do desempenho do sistema. Ou seja, o objetivo torna-se o padrão de controle. (MAXIMIANO, 2006, p. 91)
Para Moreira (2013, p. 8) o sistema de controle é a designação genérica atribuída ao conjunto de atividades que visam assegurar o cumprimento das programações, atendendo aos padrões estabelecidos, conduzindo aplicação dos recursos usados de forma eficaz e para obtenção da qualidade desejada. As organizações necessitam de um sistema de controle, aplicáveis nos recursos financeiros, no monitoramento da produtividade operacional e na avaliação de desempenho.
Figura 2: Elementos do sistema de produção
Fonte: Adaptado de Moreira (2013, p. 8)
No sistema proposto pelo autor, alguns elementos são destacados como fundamentais, tais como o processo em si de conversão ou transferência, onde os insumos serão transformados em produtos e serviços, assim como o subsistema de controle, que vai possuir a função de garantir o funcionamento desse sistema, dentro dos parâmetros esperados, atendendo o objetivo geral da organização, e propondo correções para os possíveis desvios. O sistema de produção não funciona de uma forma isolada, ele sofre influências de todo o sistema, seja ele interno ou externo, que podem afetar diretamente o desempenho das organizações. (MOREIRA, 2013, p. 8)
Conforme destacam Megginson, Mosley e Jr (1998, p. 469) o controle de operações organizacionais relaciona-se com outras funções da administração e detém três tipos de controle, que são: controle de informação antecipada, controle concorrente e controle de feedback. O controle de informação antecipada tem como premissa antever problemas ou desvios do padrão, garante que a ação corretiva seja realizada antes que o problema se manifeste. O controle concorrente, também denominado de controle de direção ou controle de escolha, acontece na realização de uma atividade, é frequente e contínuo no decorrer da tarefa. O controle de feedback também denominado de controle pós-ação, é histórico, é a medição de um fato já ocorrido, sustentado pela descoberta dos motivos do baixo desempenho, proposto na prevenção futura de eventual problema.
Em um cenário de competitividade econômica global, os sistemas de informações se fazem necessários, para que tais objetivos possam ser alcançados com eficiência e sucesso. (LAUDON E LAUDON, 2010, p. 10 a 13). Ainda segundo os autores, um sistema de informação pode ser definido como um conjunto de componentes inter-relacionados trabalhando juntos para coletar, recuperar, processar, armazenar e distribuir informações com finalidade de facilitar os processos das organizações, como seu planejamento, controle, análise e tomada de decisão.
Para Stair e Reynolds (2002, p. 4) um sistema de informações também é definido como um conjunto de componentes inter-relacionados que coletam, manipulam e disseminam dados e informações, com a finalidade de proporcionar mecanismos de feedback para atender determinado objetivo. Já para Rossini e Palmisiano (2014, p. 3) um sistema de informação pode ser definido como um conjunto de elementos interdependentes em interação, visando atingir um objetivo comum.
No contexto abordado, a escola moderna da administração, visando garantir a sustentabilidade dos negócios, sendo sustentada pelas teorias do processo administrativo e da excelência administrativa, onde foram retomados conceitos das teorias clássica, fundamentada por Frederick Taylor e Jules Henri Fayol, definindo assim as funções da administração, e o desdobramento dessas. Para Oliveira (2009, p. 125) as funções da administração são distribuídas em: Planejamento, Organização, Direção, Controle (Avaliação).
O controle é primordial na constituição de um processo, fundamentado em parâmetros previamente definidos e deve ser considerada tanto a questão humana quanto os objetivos estratégicos da organização. É indispensável o artifício de feedback, gerando o acompanhamento de qualquer desvio não planejado que seja flexível ao processo ajustando-o a produção, para mantê-lo dentro de suas especificações, proporcionando os resultados apetecidos, possibilitando as organizações uma adequada e confiável avaliação do seus sistemas de gestão. (DRUCKER, 2002, p. 213)
A função controle é definida por Lacombe e Heilborn (2008, p. 173) como a função que mede, avalia e corrige o desempenho para assegurar que os objetivos e metas desenvolvidos estrategicamente sejam atingidos. Dessa forma, controlar abrange acompanhar, medir e comparar resultados obtidos com os previstos e tomar ações corretivas quando cabíveis, assim como a coleta de dados organizada ao longo de um período de tempo e a análise de fatos e dados relevantes, definição de causas de desvios, medidas corretivas e ajustes de planos.
Portanto, o controle abrange quatro etapas principais: a definição de padrões de desempenho, que servirão de parâmetros para comparação com os resultados obtidos; a aferição de medidas que coletará e organizará os dados e informações; a interpretação e análise que verificará possíveis causas de variações; e a tomada de ações corretivas a fim de corrigir desvios em relação ao planejado. A figura a seguir ilustra o ciclo das etapas do controle. (LACOMBE E HEILBORN, 2008, p. 173)
Figura 3: Etapas do controle
Fonte: Adaptado de Lacombe e Heilborn (2008, p. 176)
O uso dos sistemas de informações, juntamente com os conceitos modernos da administração, proporcionam um alto grau de excelência nos negócios e na gestão de seus processos. Segundo Laudon e Laudon (2010, p. 39) a tecnologia da informação tem a perspectiva de modificar ou substituir processos, aprimorando a eficiência, assim como o atendimento aos clientes. Os sistemas ainda desempenham papel importante no controle e coordenação das funções da organização e de seus processos de negócios, do mesmo modo, que os fluxos de informações ocorram de maneira adequada, auxiliando nos processos de tomada de decisão.
Para Slack, Chambers e Johnston (2009, p. 610) manutenção é a maneira como as organizações se posicionam para evitar as falhas cuidando das suas instalações físicas, sendo a manutenção parte fundamental da maioria das atividades de produção. A manutenção nas organizações quando planejadas, executas e controladas de forma adequada, possui benefícios significativos, como aumento da qualidade, maior segurança, confiabilidade dos processos, custos de operação mais baixos e maior tempo de vida útil das máquinas e equipamentos.
Atualmente o foco da manutenção está na redução de falhas, centrada na confiabilidade, o que tem redefinido os conceitos atuais de manutenção, para Folgliatto e Ribeiro:
Manutenções são realizadas com o objetivo de prevenir falhas ou de restaurar o sistema ao seu estado operante, no caso de ocorrência de uma falha. O objetivo principal da manutenção é, portanto, manter e melhorar a confiabilidade e a regularidade de operação do sistema produtivo. (FOLGLIATTO E RIBEIRO, 2009, p. 4)
Nesse âmbito, as organizações utilizam de diversas técnicas de manutenção no processo de sua gestão, Pereira (2009, p. 101) evidencia a necessidade da implantação de tais técnicas, baseadas em análises e definições, observando a necessidade da capacitação técnica adequada ao ambiente da organização, com o objetivo de aumentar a confiabilidade e disponibilidade do sistema produtivo, sem deixar de lado o controle dos gastos, necessitando de critérios rígidos de implantação.
Atualmente existe uma grande inevitabilidade da redução na probabilidade de ocorrências de falhas nos processos e produtos, o que resultou em uma ênfase crescente em confiabilidade, com a utilização de ferramentas de análise de falhas e da busca contínua da minimização de suas ocorrências. Fortemente as análises de engenharia se fazem presentes, em definições quantitativas e probabilísticas aplicadas aos processos que compõem as organizações. (FOGLIATTO E RIBEIRO, 2009, p. 1)
Segundo Pereira (2009, p. 187) é preciso, sobretudo na área industrial, implantar métodos para análises das causas das falhas, que ocorrem a todo instante, sendo integrante registrá-las, definir a criticidade e desenvolver planos de ação abrangendo todos os envolvidos. O autor ainda apresenta como principais ferramentas para realização de análise de causa, o Gráfico de Pareto, Diagrama de Causa e Efeito também conhecido como Diagrama de Ishikawa e o método dos "5 porquês".
Como já supracitado, a tecnologia da informação vem auxiliando nos diversos processos das organizações, facilitando análises e tomadas de decisões, e se fazendo presente também nos processos de manutenção. Segundo Pereira (2010, p. 37) existe um grande esforço da área da informática na adaptação e desenvolvimento de softwares para a área de manutenção, evidenciando uma tendência a aplicação de softwares específicos de manutenção nas organizações.
Segundo Pereira (2009, p. 183), atualmente grande parte das organizações que possuem processos de manutenção de ativos, também possuem a informatização dessa área. Existem diversos softwares específicos disponíveis que oferecem soluções diversas para a gestão da manutenção, e vários desses possuem interfaces com outras áreas da organização. A utilização da tecnologia da informação tem proporcionado vantagens diversas e se mostrado como tendência nos processos industriais de gestão.
Para atinar os processos que aprimoram a manutenção, é essencial a existência de um sistema de controle da manutenção, ele concederá, entre outras coisas, a identificação de uma maneira lógica de como os serviços serão feitos, que recursos irão ser aplicados, o tempo gasto e o custo de cada serviço, além disso, a priorização acondicionada dos trabalhos, a programação de máquinas e equipamentos, o registro para fundamentação do histórico e a sustentação do sistema. (PINTO E XAVIER, 1999, p. 62)
A figura abaixo ilustra um processo de controle, mostrando suas principais etapas e a sequência lógica de seu fluxo:
Figura 4: Controle da Qualidade
Fonte: Adaptado de Marshall Junior et al. (2006, p. 179)
O esquema acima prevê as etapas do sistema de controle de forma genérica, e define que as saídas de tal sistema devem ser ações corretivas e preventivas visando a redução ou eliminação de não conformidades, modificando caso preciso o planejamento dos processos, assim como de seus ativos. Ainda é evidenciado a importância de um sistema que deve manter registros afim de permitir a rastreabilidade das ações tomadas. (MARSHALL JUNIOR et al., 2006, p. 179)
Anastasia, Vilhena e Brito (2013, p. 31) afirmam que o monitoramento é um acompanhamento contínuo e simultâneo, com o objetivo de conduzir os gestores para decisões necessárias em relação a seus objetivos e metas. É uma função peculiar à gestão que permite a implantação de medidas corretivas pra melhorar os processos, desempenhado por indicadores combinados regulamente por diferentes fontes, gerando informações relacionadas ao desempenho. O monitoramento permite identificar problemas sistêmicos bem como medidas para soluções em tempo hábil.
No contexto da manutenção industrial, a falha é o desfecho da capacidade de um determinado item realizar a função requerida. É a atenuação parcial ou total da capacidade de um componente ou equipamento desenvolver a sua função durante uma frequência determinada, o item deverá passar por uma ação corretiva, levando o processo a um estado de indisponibilidade. (XENOS, 1998, p. 67). A falha, defeito, ruptura ou outra nomenclatura depende da circunstância, o efeito do evento no detrimento de desempenho do mecanismo com falha na capacidade funcional da instalação de maneira holística, pode se apresentar de várias possibilidades, impactando na segurança, velocidade de produção, qualidade e viabilidade econômica. (NEPOMUCENO,1989, p. 106)
Para Xenos (1998, p. 84) um sistema de tratamento de falhas é essencialmente uma estrutura de gerenciamento de informações e de ações posteriores. Na composição, a análise de falhas tem como finalidade chegar a causa fundamental da falha abordada, definindo ações corretivas, assim como medidas de controle, garantindo a melhoria contínua nos processos. (HELMAN E ANDERY, 1995, p. 20)
Esse tópico contextualizará a pesquisa em questão de acordo com distintos métodos. Segundo Mascarenhas (2012, p. 43) os métodos de pesquisa são divididos em: segundo as bases lógicas da investigação; segundo a abordagem do problema; segundo o objetivo geral; segundo o propósito da pesquisa; segundo o procedimento técnico. A base lógica da investigação adotada na pesquisa foi a dedução. De acordo com Cervo e Bervian (1996, p. 35) a dedução torna explícitas os fatos privado comprimidos em verdades genéricas, a verdade da premissa garante a autenticidade da conclusão, ou seja, se a premissa é verdadeira, a conclusão também é. Segundo a abordagem do problema, esta pesquisa é de caráter qualitativo, os dados coletados e avaliados são realizados ao mesmo tempo, o estudo é descritivo e tem como como foco a compreensão do elemento, onde o pesquisador possui influência fundamental sobre o objeto de estudo. (MASCARENHAS 2012, p. 46).
Quanto ao objetivo geral, a pesquisa em questão tem propriedade exploratória, abrange um levantamento bibliográfico, buscando explicar uma situação por meio de referências teóricas. (CERVO E BERVIAN 1996, p. 48). Em relação ao propósito da pesquisa entende-se que a mesma é de estilo aplicada, Mascarenhas (2012, p. 47) discorre que a pesquisa aplicada estuda-se o problema em determinado contexto específico, e busca maneiras de soluções para os desafios encontrados. O estudo de caso cumpre o procedimento técnico do ambiente avaliado, é utilizado em diversas extensões da ciência, consiste em uma pesquisa bem delineada sobre um ou múltiplos objetos e tem como ideia conjecturar sobre um conjunto de dados para expor com profundidade o objeto examinado, onde se passa a compreender melhor o contexto analisado. (MASCARENHAS 2012, p. 50)
O modelo desenvolvido e utilizado para o monitoramento e análise de falhas do presente estudo apresenta todos os processos pelos quais as informações serão gerenciadas, visando atender o caso específico da pesquisa. O processo se baseia nas etapas básicas de um sistema de controle, composto por: monitoramento, aferição de resultados, análise de dados e tomada de ações corretivas.
Figura 5: Fluxo de Informação do Sistema Proposto
Fonte: Estudo de Caso
Os dados ingressaram no sistema através da rede gerencial de informações da empresa, repassadas pelos operadores do centro de controle operacional, que por sua vez recebem estas dos operadores dos equipamentos. Automaticamente, os dados são alocadas em um banco de dados, permanecendo disponíveis para o monitoramento, realizado através da visualização gráfica dos dados obtidos, podendo assim compará-los aos padrões previamente estabelecidos, permitindo a ação corretiva.
A partir da identificação de desvios no monitoramento, inicia-se o processo de análise, que se estabelece na aplicação do Diagrama de Pareto para identificar os principais impactos, priorizando a tratativa destes. Em seguida é realizado o Brainstorming envolvendo uma equipe multidisciplinar para levantamento das possíveis causas que estão afetando o desempenho, na fase subsequente é aplicado o Diagrama de Ishikawa afim de organizar o raciocínio e definir tratativas para as causas dos problemas identificados.
Com a definição das causas, são propostas as devidas correções, nessa etapa é desenvolvido o plano de ação, se baseando em um modelo adaptado do 5W2H, contendo ações com os responsáveis e prazos, objetivando garantir a assertividade das tratativas. Então as tratativas são acompanhadas, garantindo a aderência aos prazos que foram estabelecidos, a verificação do realizado e a eficácia na eliminação das causas geradoras dos problemas identificados.
O sistema proposto foi aplicado em uma empresa de grande porte do setor de mineração e logística, desenvolvido em uma das áreas operacionais da empresa, especificamente no terminal portuário da ponta da madeira, na cidade de São Luís localizada no estado do Maranhão. O estudo foi realizado mediante a problemática encontrada no processo de manutenção, pois existiam grandes dificuldades na gestão dos equipamentos móveis portuários, as informação não possuíam um padrão de monitoramento e análise, sendo as ações corretivas muitas vezes não eficientes na eliminação de problemas.
Para o estudo, foram considerados 10 equipamentos, que operam em três turnos diferentes, por 28 operadores, envolvendo atividades de movimentação de material sólido, abastecimento e transporte. Os mesmos apresentavam recorrências nos problemas identificados, sendo muito exaustivo a consolidação de dados e realização de análises, não obtendo rapidez e assertividade nas ações corretivas propostas, constatando então, a necessidade de implementação de um sistema desenvolvido para atender o caso especifico, levando em consideração as particularidades encontradas no processo.
O sistema foi desenvolvido a partir da linguagem de programação Visual Basic, contida no pacote de softwares da Microsoft Office, que permite o desenvolvimento de aplicações específicas pelo usuário. A linguagem foi escolhida devido sua funcionalidade e flexibilidade, bem como sua disponibilidade pela empresa e fácil interface com o desenvolvedor, ainda sendo possível a interface com o banco de dados já existente. Em seguida, o sistema teve sua implementação real, sendo diariamente utilizado para o monitoramento de falhas em reuniões de produtividade realizadas na empresa. Na ocorrência de desvios, uma equipe era mobilizada para realização das análises com o suporte do sistema para a estratificação das informações e tomada das ações corretivas, sendo estas acompanhadas.
A primeira observação feita sobre a aplicação do sistema é que o mesmo necessitava monitorar a ocorrência de falhas, assim como o impacto que essas traziam ao sistema. Foi proposto um acompanhamento visual por intermédio de um gráfico histograma, apresentando a quantidade de horas de falhas total dia a dia, ainda sendo incluso uma linha de tendência com intuito de orientar a disposição do indicador, propiciando a tomada prévia de decisão.
Gráfico 1: Histograma de Monitoramento de Falhas (horas)
Fonte: Estudo de caso
A partir das variáveis disponíveis, foi então proposto três análises correlacionando estas variáveis mediante à aplicação do diagrama de Pareto, relacionando as variáveis "Operador", "Máquina" e "Tipo de Falha" com a variável "Tempo de Evento".
Gráfico 2: Diagrama de Pareto (Operador x Tempo de Evento)
Fonte: Estudo de caso
O gráfico acima ilustra a relação entre as variáveis "Operador" e "Tempo de Evento", tal relação permite revelar o impacto que cada operador atuante no momento da falha influência no tempo que essa impacta ao sistema, podendo verificar se existe uma correlação relevante que possa identificar uma causa específica relacionada ao Operador.
Gráfico 3: Diagrama de Pareto (Máquina x Tempo de Evento)
Fonte: Estudo de caso
Conforme ilustrado no gráfico 3, a relação máquina com o tempo de evento apresentou-se mais viável dentro do método do gráfico de Pareto, havendo uma maior concentração na semelhança entre as variáveis, concedendo a percepção de uma concentração considerável entre um baixo número de máquinas com uma grande quantidade de horas paradas, permitindo então a identificação dos problemas relacionados aos equipamentos.
Após verificação dos desvios, a próxima etapa do sistema se dá com a aplicação do diagrama de Ishikawa por uma equipe multidisciplinar, nessa etapa será identificado a causa raiz da falha, auxiliando dessa forma a condução de ações corretivas para eliminação ou redução das falhas.
Figura 6: Diagrama de Ishikawa
Fonte: Estudo de Caso
Por fim, o sistema admite a gestão sobre as tratativas propostas, antes não havia padrão para o acompanhamento, não garantindo que as manutenções fossem de fato executadas em um tempo hábil, assim como, a eficácia do sistema em relação a eliminação das causas. A figura 7 ilustra uma série de ações com seu devido acompanhamento, foi possível através do sistema um gerenciamento mais eficiente, um melhor registro e monitoramento das tratativas.
Figura 7: Controle das tratativas Diagrama de Ishikawa
Fonte: Estudo de Caso
Com a implantação do sistema, obtiveram-se resultados positivos na criação de um padrão no monitoramento e controle das falhas, assim como uma maior eficiência das tratativas efetivadas. O fluxo proposto obteve êxito, se mostrando viável, atendendo a necessidade de estruturar as verificações de recorrências de falhas, assim como de eventos não conformes que apresentavam maiores impactos a produção.
Contudo, pode se concluir que a aplicação do sistema alcançou resultados positivos no atendimento do objetivo deste trabalho, uma vez que foi possível verificar que a implantação de um sistema de monitoramento e análise de falhas, em um processo de manutenção, trouxe ganhos significativos para gestão do mesmo, mediante um fluxo estruturado de monitoramento onde antes não haviam padrões para o acompanhamento, o que gerava grandes dificuldades de gerenciamento com à ausência de análises mais concretas e assertivas sobre as falhas quando identificadas.
Além dos ganhos associados ao direcionamento das tratativas, foi possível perceber que o sistema trouxe maior confiabilidade à equipe e contribuiu para a melhora na qualidade das análises, reduzindo a incerteza no processo de tomada de decisão e gerando maior rapidez na eliminação de falhas e da recorrência destas.
A partir da pesquisa realizada nesse artigo, várias abordagens futuras vêm à tona para trabalhos posteriores, como: a aplicação de um sistema de monitoramento e análise de falhas em outros processos empresariais, assim como outras abordagens de análises de falhas a fim de verificar a relevâncias de outras metodologias no tratamento desvios em processos diversos.
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