Espacios. Vol. 37 (Nº 23) Año 2016. Pág. 4
Rodrigo Goyannes Gusmão CAIADO 1; Sandro Alberto Vianna LORDELO 2; Gilson Brito Alves LIMA 3; Daniel Luiz de Mattos NASCIMENTO 4
Recibido: 03/04/16 • Aprobado: 12/05/2016
RESUMO: A implementação da Gestão do Risco (GR) em projetos de construção civil demanda mudanças organizacionais. Esta pesquisa objetiva desenvolver um estudo bibliográfico a fim de compreender a evolução dos estudos de gestão de risco em projetos de construção. Pretendem-se desenvolver análises bibliométricas dos principais temas e autores relacionados à GR, avaliação da quantidade de artigos publicados e da relação entre autores que mais publicam e principais temas, nos últimos anos. A pesquisa é qualitativa de caráter exploratório e descritivo a partir da análise dos principais conceitos, etapas, normas e guias de GR existentes na literatura. |
ABSTRACT: The implementation of Risk Management (RM) in construction projects demands organizational changes. This research aims to develop a bibliographic study in order to understand the evolution of risk management studies in construction projects. We intend to develop bibliometric analysis of the main themes and authors related to RM, evaluate the number of articles published and the relationship between authors who more publish and main issues, in recent years. The research is qualitative of exploratory and descriptive character, from the analysis of the main concepts, steps, rules and guides of risk management, available in the literature. |
A indústria da construção civil agrega um conjunto de atividades com grande importância para o desenvolvimento econômico e social, influindo diretamente na qualidade de vida da população e na infraestrutura econômica do país. Este setor apresenta forte relacionamento com outros setores industriais, na medida em que demanda vários insumos em seu processo produtivo, e é intenso em trabalho, absorvendo parcela significativa da mão de obra com menor qualificação (FILHA et al, 2010).
Entretanto, a área da Construção Civil é bastante distinta das outras indústrias devido às suas particularidades, o que a tornam uma área muito sujeita ao risco (FORTUNATO, 2013). Segundo Silva (2011) as especificidades do setor se devem a fatores como:
Para Flanagan et Norman (1993), a indústria da construção está sujeita a mais riscos e incertezas do que muitas outras indústrias. O processo de conduzir um projeto da avaliação do investimento inicial até a conclusão e por em uso é complexo, geralmente sob medida, e implica demora no design e processo de produção. Isso exige uma multidão de pessoas com diferentes habilidades e interesses e a coordenação de uma ampla gama de atividades desiguais, ainda que inter-relacionadas. Tal complexidade, além disso, é composta por diversos fatores externos, incontroláveis.
Ehsan et al. (2010), afirma que a indústria da construção é altamente propensa ao risco e seus ambientes de projeto complexos e dinâmicos, criam um clima de elevada incerteza e risco. Zou et al. (2007) afirma que os diversos interesses dos stakeholders em um projeto de construção agravam ainda mais a mutabilidade e complexidade dos riscos.
Ainda segundo Ehsan et al. (2010), o risco na indústria da construção é percebido como uma combinação de atividades, que afetam negativamente os objetivos do projeto de tempo, custo, escopo e qualidade e de acordo com Kartam et Kartam (2001), a análise e a gestão do risco passaram a ser consideradas como partes importantes do processo de tomada de decisão nas empresas de construção.
Neste contexto, a gestão de risco tem despontado como uma grande força estratégica, visto que ajuda a prever acidentes, evitando perdas econômicas devido a paralisação do negócio, danos à saúde e à integridade física e impactos ambientais, o que poderia comprometer a imagem da empresa (CAIADO, 2015).
A partir disso, tendo em vista a imprevisibilidade e complexidade dos projetos, a crise econômico-financeiro a nível mundial que tem afetado consideravelmente o setor da Construção Civil e a exigência cada vez maior dos clientes com planejamento de custos e prazos rigorosos, torna-se essencial para as empresas adotarem atitudes preventivas como o estudo e a análise de riscos e a criação de metodologias de gestão de risco para as suas obras (FORTUNATO, 2013).
Em decorrência dessa problemática, fica clara a importância de uma pesquisa que apresente claramente uma revisão bibliográfica dos temas relacionados à gestão de riscos e ao risco de projetos de construção, e consequentemente a união dos temas. Para este fim objetiva-se compreender a evolução dos estudos de gestão de risco em projetos de construção.
Para viabilizar o alcance do objetivo, pretendem-se desenvolver análises bibliométricas dos principais temas e autores relacionados à Gestão de Risco, avaliação da quantidade de artigos publicados e da relação entre autores que mais publicam e principais temas, nos últimos anos.
O artigo está dividido em quatro seções. Primeiramente há uma breve introdução com a justificativa do estudo da GR no contexto atual, descrição dos objetivos e questão da pesquisa. Na segunda seção há elaboração de um referencial teórico sobre risco em projetos, tipologias, análise das principais normas e modelos de Gestão de Risco na Construção Civil. Em seguida há a metodologia da pesquisa com as etapas do método e análises bibliométricas. Por fim, apresentam-se as conclusões.
2.1. Risco em projetos
Conforme pode ser identificado no Quadro 1, não existe uma definição única de risco e vários guias e padrões fornecem suas próprias definições para o conceito de risco.
Quadro 1 - Definições de Risco
Ano |
Autor |
Definição |
2000 |
BS6079: 3 |
Incerteza inerente em planos e a possibilidade de algo acontecer (ou seja, uma contingência) que podem afetar as perspectivas de alcançar os objetivos de negócio ou projeto |
2002 |
ISO/IEC Guide 73 |
Combinação da probabilidade de um evento e suas consequências |
2008 |
PMBOK Guide |
Um evento ou condição incerta que, se ocorrer, tem um efeito positivo ou negativo nos objetivos de um projeto |
2009 |
BS/ISO 31000 |
Efeito da incerteza nos objetivos. Nota: efeito é um desvio do que era esperado; incerteza é o estado de deficiência de informações relacionadas com a compreensão ou o conhecimento de um evento, sua conseqüência ou probabilidade; objetivos podem ser aplicados em diferentes níveis e aspectos. |
2010 |
Associação para a Gestão de Projetos (APM) |
Combinação da probabilidade ou frequência de ocorrência de uma ameaça ou uma oportunidade definida e a magnitude das conseqüências da ocorrência |
Fonte: Adaptado de Lowe (2013)
De acordo com Mokgoantle (2013), expressões como "grau de risco" (LIUKSIALA, 2012) e "nível de risco" (por exemplo, ISO 31000:2009) são utilizados na literatura de gestão de risco para medir o quão importante são os riscos, sendo sua significância avaliada, com base na medição de risco clássica, por duas dimensões distintas: a probabilidade, que está associada a quão provável é a ocorrência e a consequência, que diz respeito ao efeito do risco.
Segundo Hull (1992), de uma forma geral, o risco (R) pode ser descrito como o produto da probabilidade de ocorrência de um evento (P) pela gravidade das suas consequências (C),
R = P x C (1)
Muitas vezes utiliza-se a frequência de ocorrência de um evento (F) em vez de probabilidade. Assim, a partir da fórmula acima e corroborando Fortunato (2013), não faz sentido, considerar como risco, um evento que tenha probabilidade de ocorrer, mas que tenha impacto nulo, ou o inverso.
Segundo Mahendra et al. (2013), as tipologias de risco associados a indústria da Construção são:
Quadro 2 - Riscos associados a Indústria da Construção
Tipos de Riscos |
||||||
Técnicos |
de Construção |
Físicos |
Organizacionais |
Financeiros |
Sócio-políticos |
Ambientais |
Projeto incompleto |
Produtividade do trabalho |
Danos à estrutura |
Relações contratuais |
Aumento do custo de material |
Mudanças nas leis e regulamentos |
Desastres naturais |
Especificação inadequada |
Conflitos trabalhistas |
Danos ao equipamento |
Experiência do empreiteiro |
Baixa demanda de mercado |
Regras de poluição e segurança |
Implicações Meteoroló-gicas |
Investigação inadequada do local |
Condições locais |
Lesões de trabalho |
Atitude dos participantes |
Flutuações da taxa de câmbio |
Suborno / Corrupção |
|
Mudança no escopo |
Falhas nos equipamentos |
Equipamento e material de incêndio e roubo |
Força de trabalho inexperiente |
Estimativa inadequada de atrasos de pagamento |
Barreira cultural/de linguagem |
|
Procedimentos de construção |
Mudanças no projeto |
|
Comunicação |
Impostos |
Lei e ordem de guerra e desordem civil |
|
Disponibilidade insuficiênte de recursos |
Padrão muito alto de qualidade |
|
|
|
Requerimento de autorização e aprovação |
|
|
Nova tecnologia |
|
|
|
|
|
Fonte: Mahendra et al. (2013)
É importante salientar que para Tran et al, (2014) deve se observar algumas questões para sucesso nos projetos como: questões de documentação; recursos humanos; problemas de comunicação; e questões locais e ambientais.
2.2. Gestão de Risco em Projetos
Fortunato (2013) afirma que com o aparecimento de "um guia" para o processo de gestão de riscos, tornou-se importante a instituição de normas globais neste âmbito. A Quadro 3 representa um resumo cronológico dos principais Guias e Normas de GR:
Quadro 3 - Normas e Guias para Riscos
Normas e Guias para Riscos |
Ano |
Autor |
Referências |
CAN/CSA-Q850-97 |
1997 |
Canadian Standards Association (CSA) |
Raz et Hillson, (2005) |
BS 6079-3:2000 |
2000 |
British Standards Institution (BSI) |
Raz et Hillson, (2005) |
Risk Management Standard |
2002 |
Institute of Risk Management (IRM)/ National Forum for Risk European Risk Management in the Management Public Sector (ALARM)/ Associations Association of Insurance and Risk Managers (AIRMIC), Reino Unido |
Aldenucci (2009) |
PRAM |
2004 |
Association for Project Management (APM), Reino Unido |
Raz et Hillson, (2005) |
PMBoK |
2004 |
Project Management Institute (PMI), Estados Unidos |
Rovai, (2005) |
AS/NZS 4360 |
2004 |
Standards Australia/ Standards New Zealand |
Cienfuegos (2013) |
COSO |
2004 |
Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission, Estados Unidos |
Ciorciari et Blattner (2008) |
OGC |
2007 |
Office of Government Commerce, Reino Unido |
Jia et al. (2013) |
ISO 31000:2009 |
2009 |
ISO standards |
Fortunato (2013) |
Fonte: Caiado (2015)
Segundo Fortunato (2013), o aparecimento de metodologias estruturadas para a gestão de projeto, nomeadamente as sugeridas pelo COSO através de ERM pelo Comittee of Sponsoring Organizations of the Treatdway Commission, PMI através do PMBOK pelo Body of Knowledge (BOK) e atualmente através da ISO 31000, originou um avanço muito significativo para a gestão do risco de forma sistemática e estruturada.
Segundo Zou et al. (2007), uma relação direta entre a gestão eficaz dos riscos e o sucesso do projeto é reconhecida, visto que os riscos são avaliados pelo seu potencial impacto sobre os objetivos do projeto. A Quadro 4 abaixo mostra uma análise dos impactos de riscos em aspectos das estratégias do projeto no que diz respeito a custos, tempo, qualidade, segurança e sustentabilidade ambiental.
Quadro 4 - Riscos x Objetivos de Projeto
Objetivo do Projeto |
Riscos |
Custo |
Orçamento de custos impreciso; escalada de preços de material e incerteza de disponibilidade de material; aumento dos custos de trabalho e do mercado de trabalho; negligência de fornecedor ou subempreiteiros; clima imprevisível; flutuação da moeda e taxas de juros; interface excessiva sobre gerenciamento de projetos; instabilidade política; corrupção. |
Tempo |
Má definição do escopo do projeto; complexidade do projeto; planejamento inadequado; cronograma do projeto inapropriado; variações de design; estimativa de engenharia imprecisa; imprecisão de estimativa de material; items com longo tempo de espera; escassez de mão de obra qualificada; baixa produtividade do trabalho; condições meteorológicas imprevisíveis. |
Qualidade |
Ciclos repetitivos resultantes de erros imprevistos e mudanças; problemas devido a concepção inadequada; falta de verificação da concepção apropriada; problemas de disponibilidade de tempo; não disponibilidade de pessoal de concepção experiente; tempo de proposta reduzido; redução nas taxas de concepção; acabamento ruim; uso de materiais abaixo do padrão; não seguir as especificações ou padrões; processos de construção inapropriados. |
Segurança |
Falta de normas de segurança e legislação; fraca conscientização de segurança da alta gerência e de gerentes de projeto; relutância na entrada de recursos para segurança; falta de treinamento; manutenção de registros de acidentes e sistema de comunicação ruins; operação imprudente; trabalho desorganizado; condições locais ruins; layout e espaço; condições climáticas severas. |
Sustentabili-dade ambiental |
Riscos ambientais diretos tais como poeira, gases nocivos, ruídos, resíduos sólidos e líquidos; e riscos ambientais indiretos que são influenciados por um projeto, mas não são necessariamente um resultado direto do projeto, tais como a exposição de materiais contaminados durante a escavação do solo para rodapé. |
Fonte: Zou et al. (2007)
Na visão ilustrada por Jia et al (2013), um sistema normal de GR pode ser conduzido pelo planejamento da GR e orientado por relatórios de GR, no que diz respeito não só a eficácia obvia, mas também a uma melhoria significativa através de seu mecanismo de processo de contínuo para implementar um ciclo central de GR em diferentes fases de desenvolvimento de projeto de construção de forma a reduzir gradualmente as incertezas e os impactos adversos.
Já Kululanga et Kuotcha (2010) afirmam que novos paradigmas e construções, que controlam o processo de gestão de risco do projeto, continuam emergindo como uma consequência de mudanças no ambiente de negócios da construção e por isso, atualmente, a série de etapas que mapeia o processo de gestão de riscos do projeto e suas definições são:
Quadro 5 – Etapas da gestão de riscos
Etapas da Gestão de Riscos |
Definições |
Identificação de riscos |
Implica compreender e determinar os potenciais resultados insatisfatórios susceptíveis de afetar um projeto; |
Está associada com o uso de técnicas como julgamento de especialistas, brainstorming, técnica Delphi e entrevistas; |
|
Análise de riscos |
Envolve a avaliação de probabilidade e impacto dos riscos para determinar a sua magnitude, de modo que a gama de forças que poderiam produzir um efeito adverso são conhecidas, os ativos que poderiam ser afetados são reconhecidos, as características que aumentam a probabilidade de risco são identificadas e a extensão que o risco se manifesta. |
Ferramentas associadas com esta fase incluem o uso de matrizes de probabilidade/impacto, análise força/fraqueza/oportunidade/ameaça, dez principais técnicas de rastreamento de item de risco. |
|
Abordagem sistêmica |
Envolve tomar uma visão ampla de um risco de projeto, primeiramente examinando todo o sistema e, em seguida, as partes interdependentes de um risco de projeto. |
É uma abordagem em que um risco do projeto é primeiramente analisada como um todo, juntamente com os seus impactos como a principal preocupação, além de analisar os elementos constitutivos que contribuem para o risco do projeto |
|
Exposição ao risco |
Tem por objetivo determinar a extensão do que um empreiteiro de construção perderá se ocorrer o risco. |
É importante que toda equipe de projeto tenha uma compreensão completa da cobertura e revelação associada com os vários determinantes do sucesso do projeto que estão em jogo. |
|
Priorização de riscos |
Envolve discriminar todos os riscos de projeto identificados em uma hierarquia particular de significância de risco de projeto para um empreiteiro de construção particular. |
A hierarquia de risco do projeto é geralmente sujeita a revisão contínua como resultado da dinâmica do ambiente de negócios de construção. |
|
Medição de riscos |
Envolve a aplicação de ferramentas métricas e técnicas para enumerar o risco. Empreiteiros de construção precisam avaliar seus riscos de projeto qualitativamente ou quantitativamente para fornecer ações de evasão, prevenção e correção eficazes contra os riscos de projeto. |
Ações de prevenção contra os riscos |
Concetra-se nos riscos identificados e quantificados. Nesta fase, um empreiteiro de construção deve desenvolver uma resposta para os riscos, o que deve incluir: |
|
|
|
|
|
|
|
|
Plano de contingência de riscos |
Concetra-se em ações predefinidas que a equipe de projeto deve tomar se um evento de risco identificado ocorre, por exemplo reservas de contingências são provisões realizadas pelo patrocinador do projeto que pode ser usado para mitigar o risco de custo ou cronograma se ocorrerem mudanças de escopo ou qualidade. |
Monitoramento de riscos |
Envolve monitorar riscos conhecidos, identificar novos riscos, reduzir riscos e avaliar a eficácia de redução de riscos. O principal resultado desta fase tem sido associado com ações corretivas e solicitações de mudança de projeto. |
Reavaliação contínua de riscos |
Envolve revisões periódicas do estado de risco do projeto para identificar novos riscos, e para examinar as mudanças nas probabilidades ou impactos e mudanças nos planos de ação de riscos do projeto do empreiteiro. |
Aplicação de ferramentas de Gestão de Qualidade Total (GQT) |
A aplicação de ferramentas de gestão da qualidade total na gestão de risco do projeto visa superar deficiências de gestão específicas na análise e controle. |
Fonte: Adaptado de Kululanga et Kuotcha (2010)
3.1. Etapas do método
A análise bibliométrica serve para auxiliar o pesquisador a identificar os artigos, teses e livros que devem ser lidos para se embasar e conseguir elaborar sua pesquisa.
Primeiramente, criou-se uma árvore de palavras chave para servir de guia ao pesquisador poder procurar artigos científicos nos periódicos da CAPES. É importante salientar que para esse artigo foi utilizado somente a base Web of Knowledge (ISI) por ser uma base mais completa em relação ao tema pesquisado, apresentando grande quantidade de artigos sobre o tema, tendo muitos deles repetidos em outras bases dos periódicos da CAPES, não sendo necessária a busca por outras diferentes bases de artigos.
Posteriormente, foi realizada a pesquisa bibliográfica na base do ISI e foram catalogados 4.000 (quatro mil) artigos científicos no software EndNotes X7™. Em seguida realizou-se a análise bibliométrica da base de dados obtida com os softwares The Vantage Point 9™, NVIVO 10™ e TreeCloud™. A partir dessa análise foram selecionados e lidos alguns artigo e teses que ajudaram na elaboração da pesquisa. A Figura 1 abaixo mostra os passos da metodologia de pesquisa aplicada nesse artigo.
Figura 1 - Metodologia da pesquisa
3.2. Análises Bibliométricas
Para auxiliar os pesquisadores na identificação de quais artigos, teses e livros deveriam ser lidos para elaboração da pesquisa, algumas análises bibliométricas foram realizadas na base de dados criada a partir da pesquisa bibliográfica. Essas análises foram:
Com a utilização do software NVIVO 10™ foram contadas as palavras que mais se repetem nos títulos e resumos dos artigos analisados, gerando um gráfico que propicia aos leitores identificarem convergências com os temas centrais de sua pesquisa e verificar quais deles tem mais relevância. De acordo com a Figura 2 identificamos que os temais mais importantes da pesquisa realizada foram: riscos, construções, projetos, gerenciamento, modelos e sistemas.
Figura 2 - Tag Cloud elaborado a partir do software NVIVO 10
Para verificação de correlação entre as palavras mais presentes nos artigos, elaborou-se uma árvore de relacionamento através do software Tree Cloud (http://treecloud.univ-mlv.fr/) conforme Figura 3 apresentada abaixo. Nela podemos observar de uma forma rápida, no quadrante marcado, que o gerenciamento de risco está relacionado com métodos de avaliação e projetos de construção. Nota-se também que ocorre a análise de risco em projetos utilizando a lógica fuzzy.
Figura 3 - Tree Cloud da pesquisa bibliográfica
A aplicação destas duas análises iniciais, permite ao pesquisador ter uma análise rápida de sua base de pesquisa, mas outros estudos bibliográficos também são necessários para identificar quais são os melhores artigos, autores, jornais científicos que devem ser lidos.
De acordo com a pesquisa realizada, a quantidade de artigos vem crescendo, mas em 2014 teve uma pequena queda. A Figura 4 mostra o gráfico de evolução da quantidade de artigos publicados por ano.
Figura 4 - Quantidade de Artigos publicados por ano
Com a utilização do software The Vantage Point 9™ foram identificados mais de 10.000 (dez mil) autores que escreveram sobre o tema pesquisado. Esses autores são contados individualmente em cada artigo, podendo um artigo ter mais de um autor. A partir da quantidade de artigos em que o mesmo autor está presente, foi elaborado o Tabela 1 em que temos destaque para os 10 (dez) autores que mais publicaram sobre o tema.
Tabela 1 - Autores que mais publicaram
# Artigos |
Autores |
15 |
Hallowell, Matthew R |
14 |
Chan, Albert P C |
13 |
Zhao, Xianbo |
12 |
Hwang, Bon-Gang |
12 |
Li, Yue |
10 |
Birgonul, M Talat |
10 |
Dikmen, Irem |
10 |
Girmscheid, G |
10 |
Li, Heng |
10 |
Love, Peter E D |
9 |
Skibniewski, Miroslaw J |
8 |
Liu, Min |
8 |
Ustinovichius, Leonas |
A partir do levantamento dos principais autores, realizamos o relacionamento desses autores que mais publicaram pelo ano de publicação. O objetivo é identificarmos quais desses continuam escrevendo sobre o tema, ou se tem outros que vem se destacando mais recentemente. Observamos, conforme Tabela 2, que a autora Helen Lingard não estava presente na relação dos 10 maiores autores, mas apresenta uma quantidade crescente de artigos publicados nos últimos 2 (dois) anos (2014 e 2015), sendo umas das maiores em relação a 2015.
Tabela 2 - Relação Quantidade de Artigos Publicados X Ano de Publicação
Autores |
2009 |
2010 |
2011 |
2012 |
2013 |
2014 |
2015 |
Hallowell, Matthew R |
2 |
2 |
2 |
2 |
2 |
2 |
3 |
Chan, Albert P C |
1 |
3 |
2 |
3 |
|
1 |
4 |
Zhao, Xianbo |
|
|
|
|
2 |
8 |
3 |
Hwang, Bon-Gang |
|
|
|
|
2 |
6 |
4 |
Li, Yue |
1 |
2 |
3 |
3 |
|
2 |
1 |
Birgonul, M Talat |
3 |
1 |
3 |
1 |
1 |
1 |
|
Dikmen, Irem |
3 |
1 |
3 |
1 |
1 |
1 |
|
Girmscheid, G |
2 |
2 |
3 |
|
2 |
1 |
|
Li, Heng |
1 |
2 |
1 |
4 |
2 |
|
|
Love, Peter E D |
|
|
|
1 |
3 |
2 |
4 |
Lingard, Helen |
|
|
|
|
|
2 |
4 |
Outra análise que elaboramos com o software The Vantage Point 9™ foi identificarmos os temas que mais aparecem na pesquisa bibliográfica que realizamos e correlacionarmos com os anos de publicação. Tal atividade tem o intuito de verificarmos como os temas vem sendo tratados durante o tempo, apresentando ou não aumento de publicações. Desta forma, a Figura 5 mostra que os principais temas: risco(s), estudos, resultados e análises apresentam grande quantidade de publicações, mas vem diminuindo a partir de 2013. Já os temas: desenvolvimento, indústria da construção e projetos de construção, apesar de estarem presentes em uma quantidade menor de artigos, vem tendo destaque crescente, indicando uma tendência de futuras pesquisas.
Figura 5 - Relação de Tema x Ano de Publicação
Ainda utilizando o software The Vantage Point 9™ criamos o Quadro 6 onde apresenta a relação entre os autores e os temas que seus artigos descrevem. Nota-se que o número em cada linha é referente a quantidade de artigos daquele autor sobre determinado tema, por exemplo: o autor Girmscheid, G tem um total de 10 (dez) artigos publicados, possuindo 6 (seis) deles relação com o tema de Riscos e 3 (três) deles com o tema Gerenciamento.
Quadro 6 - Relação Autores x Temas
Para identificarmos os artigos que estão presentes em determinado temas, o software informa a relação dos artigos que fazem parte por tema, como por exemplo mostrado na Figura 6. O autor Hallowell, Matthew R. tem nove artigos relacionados ao tema Engenharia Civil. Ao clicarmos no número 9 (nove) aparece na parte da esquerda os 9 (nove) artigos que falam sobre o tema desejado.
Figura 6 - Artigos selecionados por Autor e Tema
A pesquisa traz contribuições para o debate atual acerca da gestão de risco e gestão de projetos, vinculados com conceitos, tipologias e etapas de gestão de risco em projetos, fornecendo às empresas que aplicam ou pretendem aplicar essa gestão um levantamento bibliográfico para se nortearem da relevância das práticas na gestão efetiva de projetos. E também, facilita a compreensão sobre o que é gestão de risco, oferecendo comparações entre normas e expondo tipos de risco e seus impactos para os diferentes objetivos de um projeto.
Assim, as análises bibliométricas permitiram o levantamento dos conceitos, tipologias e normas de risco, o que contribuirá para fundamentar novas pesquisas por acadêmicos, gerando o entendimento dos temas centrais relacionados à GR, dos principais autores e de suas correlações com os temas e com o quantitativo de artigos publicados ao longo dos últimos anos.
Dessa forma, este artigo contribui do ponto de vista teórico, no entendimento da Gestão de Riscos em projetos e permitirá que gestores de projetos e outros profissionais do mercado compreendam conhecimentos e aspectos relevantes
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1. Doutorando em Sistema de Gestão Sustentáveis pela Universidade Federal Fluminense. Email = rodrigoggcaiado@gmail.com – Niterói/RJ, Brasil.
2. Doutorando em Engenharia de Produção pela Universidade Federal Fluminense. Email = sandrolordelo@gmail.com - Niterói/RJ, Brasil.
3. Professor Doutor do Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção. Universidade Federal Fluminense. Email = glima@id.uff.br - Niterói/RJ, Brasil.
4. Doutorando em Engenharia Civil pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. E-mail = danielmn@puc-rio.br – Rio de Janeiro/RJ, Brasil.