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Espacios. Vol. 37 (Nº 01) Año 2016. Pág. 20

Três Decadas de Desenvolvimento da Ecoeficiência: Um Estudo Bibliométrico da Atividade de Pesquisa em Literatura Científica Indexada na Base Scopus

Three Decades in Development The Eco-Efficiency: A Bibliometric Study the Activity in Search in Literature Scientific Indexed in Scopus Base

Alberto ALMEIDA DOS SANTOS 1; Julio VIEIRA NETO 2; Jose Rodrigues FARIAS FILHO 3

Recibido: 28/08/15 • Aprobado: 25/09/2015

Contenido

1. Introdução

2. Metodologia – Estrutura do Estudo Bibliométrico

3. Resultados e Discussões

4. Conclusões

Referências

1. Introdução

A partir dos estudos de Xu e Bian (1986) que fornece uma descrição geral da ecoeficiência de alguns dos principais subsistemas do fluxo de energia em um arranjo agroecológico na Vila Liuminyin, Daxin County em Pequim na China, passando por um dos estudos mais citados sobre o tema, o trabalho de Mohanty, Misra e Drzal (2002) sobre sustentabilidade e ecologia industrial na produção de plásticos biodegradáveis e polímeros de base biológica, uma crescente quantidade de pesquisas científicas vem contribuindo para o desenvolvimento de modelos de ecoeficiência em processos produtivos (Guenster, 2011; Bribián, Capilla e Usón, 2011; Li, et al.,2012).

Desde 1986 tem havido um profundo avanço nas pesquisas sobre o tema ecoeficiência, e partindo da premissa que uma gama importante de autores defende que a utilização de um conjunto de indicadores bibliométricos representa um dos requisitos importantes para a medição do progresso e evolução da ciência e da tecnologia (Bornmann e Leydesdorff, 2013; Radicchi e Castellano, 2013), por meio do uso desses indicadores observa-se que há uma questão não considerada em investigações anteriores que se traduz na lacuna que este estudo busca preencher, a saber: o uso de método bibliométrico, consubstanciado em estrutura informacional acerca dos estudos científicos indexados sobre a evolução do tema ecoeficiência.

Assim, examinando este contexto introdutório, demarcou-se a questão central do presente trabalho, a saber: como o tema ecoeficiência vem sendo apresentado na literatura científica, ao longo de 30 anos de evolução?  Já o objetivo deste artigo, parte integrante de uma pesquisa de doutorado em sistemas de gestão sustentáveis, é mapear o desenvolvimento do tema ecoeficiência, considerando o período 1986 ao primeiro semestre de 2015, por meio da utilização de metodologia bibliométrica.

No âmbito deste estudo qualitativo, a partir de seu objetivo central; dos conceitos-chave (áreas temáticas), construiu-se um quadro transversal de palavras-chaves, as quais forneceram um enquadramento que possibilitou a pesquisa exploratória na base dos dados das atividades de pesquisa, publicados em literatura científica e indexados pelo SCOPUS, determinados por um conjunto de filtros elaborados por meio de arquitetura booleana e analisados através do software VOSviewer.

Este estudo foi estruturado em quatro partes: (1) introdução; (2) metodologia – estrutura do estudo bibliométrico; (3) resultados e discussões, e (4) conclusões.

1.1 Ecoeficiência

As últimas décadas têm sido marcadas por profundas transformações sociais, econômicas e nos processos de gestão organizacional, tanto em nações historicamente desenvolvidas, mas também em países emergentes, com reflexos diretos na busca pela inovação para que os processos produtivos se tornem mais sustentáveis (Niero et al., 2015; Parisi et al.,2015).

Um importante elemento da sustentabilidade é a ecoeficiência, expressão que ganhou visibilidade através de publicações do World Business Council for Sustainable Development e pela ratificação de sua importância recebida na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, em junho de 1992 (Idowu, 2013; Winter et al.,2014).

Considerando que ao longo do tempo houve um aprimoramento conceitual do termo, em virtude de uma maior qualificação dos métodos de pesquisa sobre o assunto em conjunto com a evolução inovadora nas práticas de gestão organizacional, ecoeficiência pode ser compreendida como um elemento da sustentabilidade que vincula resultados precisamente mensuráveis, relacionados aos aspectos ambientais de um conjunto de processos produtivos Elementares, ao desempenho de uma ou mais funções de produção, modelando o ciclo de vida de um produto a um valor atribuído em um sistema de bens ou serviços (Ribarova et al.,2014; Finkbeiner, 2013; Heilala et al.,2014; Geng, 2009)

Ademais, ao longo dos últimos 30 anos, investigações sobre ecoeficiência têm auferido cada vez mais importância em relevantes centros de estudo, da Eidgenossische Technische Hochschule Zurich até a Beijing Normal University, observa-se, portanto, que inicialmente os estudos sobre o assunto foram tratados com maior concentração no segmento das ciências planetárias e da terra (Laurenti et al.,2012; Zhai et al., 2013; Marshall e Toffel, 2005; Törnroos et al.,2005; Nengjin, 2005; Yuan, 2005). No entanto, principalmente após o ano de 2005, trabalhos sobre ecoeficiência ganharam progressivo e substancial espaço em pesquisas no campo das ciências exatas, das ciências biológicas e das ciências sociais aplicadas voltados para seu planejamento, constante mensuração e controle com uso de modelos matemáticos para tomada de decisão, destacando-se pesquisas sobre sua avaliação através do método DEA - Data Envelopment Analysis (Korhonen, 2004; Kuosmanen e Kortelainen, 2005; Zhang, Yang e Li, 2015).

Os principais trabalhos sobre ecoeficiência mostram que o assunto não se traduz somente em um objeto de preocupação de ambientalistas, constituindo-se em uma matéria de alta relevância para instituições públicas, privadas e do terceiro setor, compondo parte imprescindível dos sistemas de gestão inovadores nas organizações (Thomson, Grubnic e Georgakopoulos, 2014; Dumay, 2013; Rossi et al.,2013; Geng, 2009).

1.2 Bibliometria

Bibliometria pode ser descrita como uma área do conhecimento que se concentra na mensuração quantitativa da dimensão bibliográfica. Considera-se que as principais leis bibliométricas são as: (1) Lei do Quadrado Inverso (Lotka, 1926); (2) Lei da Dispersão ou da Produtividade de Periódicos (Bradford, 1934); e as (3) Leis de Frequência de Palavras de Zipf-Booth (Fedorowicz, 1982).

Lotka (1926) firmou os pilares da Lei do Quadrado Inverso, declarando que o quantitativo de autores que realizam "N" colaborações em uma área especifica da ciência é de cerca de 1/N2 dos que fazem apenas uma contribuição e que a fração dos que colaboram uma única vez é de aproximadamente sessenta por cento (60%).

Toma-se por base que a parcela de estudiosos como maior notoriedade em um campo específico do saber tem alta produção e pesquisadores de menor proeminência possuem baixa produção. A Lei do Quadrado Inverso é particionada, considerando-se três formas de contagem, conforme apresentado na tabela 1 a seguir.

Tabela 1: tipos de contagem da Lei do Quadrado Inverso.
Fonte: Lotka (1926).

A Lei da Dispersão ou da Produtividade de Periódicos, proposta por Bradford (1934), ancora-se no pressuposto que os periódicos mais produtivos sobre determinado assunto surgem em virtude da constituição de um núcleo de periódicos oriundos do continuo desenvolvimento e interesse sobre um tema específico. O processo proposto pode ser visualizado na figura 1 a seguir.

Figura 1: processo da Lei da Dispersão ou da Produtividade de Periódicos.
Fonte: Bradford (1934).

A primeira Lei de Frequência de Palavras proposta por Zipf (Fedorowicz, 1982) considera que em um texto extenso observa-se o inventário de frequência de palavras, onde a palavra de maior frequência é a primeira na ordem da série, a palavra com a segunda maior frequência é a segunda na ordem da série, a palavra com a terceira maior frequência é a terceira na ordem da série e, assim, subsequentemente, onde o resultado da sequência da série (R) de uma palavra multiplicado pela frequência de ocorrência (F) e aproximadamente constante (C). A primeira Lei de Frequência de Palavras proposta por Zipf pode ser representada pela equação 1.

R.F=C

Equação 1: representação da primeira Lei de Frequência de Palavras.
Fonte: Fedorowicz (1982).

Mesmo os mais recentes estudos bibliométricos têm corroborado com as leis formuladas por Bradford, Lotka e Zipf, onde a análise e utilizada para a construção de um referencial teórico elástico, oriundo de uma base informacional, com o objetivo de se buscar periódicos internacionais e nacionais, autores com maior relevância, termos e palavras-chave com o intuído de se produzir informação para consubstanciar o processo de investigação (Gato et al.; Guedes, 2012).

2. Metodologia – Estrutura do Estudo Bibliométrico

Para definição do tipo de abordagem metodológica é necessário que o objetivo do estudo seja desenvolvido de forma precisa para que os resultados estejam alinhados ao final da investigação com a questão central da pesquisa (Raffaghelli, Cucchiara e Persico, 2015; Smith, 2015). Tomando-se por base o propósito deste trabalho, considerou-se a metodologia bibliométrica como a mais adequada. A bibliometria como forma de estudo, tem colaborado com a compreensão da informação, principalmente no esclarecimento de fenômenos e eventos bibliográficos, trazendo sólidos ganhos para investigação científica (Zuccala, 2004; kostoff, 2005).

No âmbito deste estudo qualitativo, a partir da temática preliminar da pesquisa, estabeleceu-se o contexto e o hiato da investigação. Em seguida, definiu-se a questão central do estudo que busca compreender o interesse e as inquietações científicas através das relações causais com o contexto, a fim de justificá-lo e explicá-lo (Treinta et al.,2014).

Definiu-se o objetivo do trabalho. Em sequência, em função do objetivo, o método tornou possível demarcar áreas temáticas e o quadro transversal de palavras-chave, que estão relacionadas como a questão central do estudo, objetivando a orientação da aplicação dos filtros com uso de arquitetura booleana nos motores de busca, conforme pode ser observado na figura 2 a seguir.

Figura 2: processo de catalogação de trabalhos a partir do objetivo central do estudo.
Fonte: adaptado de Treinta et al.(2014).

Com o objetivo de confirmar o hiato de pesquisa, na primeira rodada de aplicação dos filtros, com uso da pesquisa booleana nos motores de busca, tomando por base as áreas temáticas e o quadro transversal de palavras-chave, foi possível identificar um total máximo de 70 trabalhos nacionais e internacionais coletados a partir dos bancos de dados indexados pelo SCOPUS, com o uso das seguintes palavras- chave: eco-efficiency, ecoefficiency, Bibliometric study, Bibliometrics, Research activity e Scientific literature.

Primeiramente foram usados os operadores "AND" E "OR" conjugados com o código "ALL", que retorna documentos desde que a palavra pesquisada apareça em uma das seguintes variáveis: no título do artigo, título da fonte, idioma, autor, editor, afiliação, resumo, palavras-chave, referências, DOI, ISBN, ISSN, CODEN, assuntos, campos de volume, ano de publicação, banco sequência, número do banco sequência, número, nome químico, número de registo CAS, fabricante, editor, ou conferências.

Nas rodadas subsequentes manteve-se o uso dos operadores "AND" E "OR" conjugados com os códigos de busca mais específicos: (1) TITLE-ABS-KEY, que retorna documentos desde que a palavra pesquisada apareça na variável resumo ou no titulo do artigo ou na palavra-chave e (2) TITLE, que retorna documentos desde que a palavra pesquisada apareça na variável titulo do artigo.

Durante a busca na base indexadora, com uso de arquitetura booleana, verificou-se que conforme o uso dos operadores com códigos formam scripts de busca mais específicos, como é o caso dos códigos TITLE-ABS-KEY e TITLE, o quantitativo de retorno de documentos, vinculados às áreas temáticas e palavras-chaves pesquisadas vão diminuindo até chegar a zero.

Além disso, após a leitura dos trabalhos catalogados, observada a delimitação deste estudo, corroborou-se a observação que existe um hiato de pesquisa, a saber: a ausência de trabalhos que tenham buscado mapear o desenvolvimento da ecoeficiência na literatura científica, considerando o período de 1986 ao primeiro semestre de 2015, por meio da utilização de metodologia bibliométrica, tomando-se os dados das atividades de pesquisa publicados e indexados pela base SCOPUS.

A consolidação e o detalhamento do quadro transversal de palavras-chave com aplicação de arquitetura booleana e o produto da coleta é apresentado na tabela 2 a seguir.

Tabela 2: quadro transversal de palavras-chave para confirmação do hiato.
Fonte: desenvolvido pelos autores.

Após a confirmação do hiato de pesquisa, na segunda rodada de aplicação dos filtros com uso da arquitetura booleana nos motores de busca, voltado para o objetivo central do estudo, foi possível identificar um total de 6789 trabalhos nacionais e internacionais coletados a partir dos bancos de dados indexados pelo SCOPUS. O detalhamento do quadro transversal de palavras-chave com aplicação de pesquisa booleana e o produto da coleta são apresentados a seguir na tabela 3 a seguir.

Tabela 3: quadro transversal de palavras-chave vinculado ao objeto central do estudo.
Fonte: desenvolvido pelos autores.

Para a apresentação dos resultados atinentes: (1) ao detalhamento e classificação dos documentos coletados, (2) a evolução quantitativa das pesquisas sobre ecoeficiência de 1986 ao primeiro semestre de 2015, (3) a evolução do tema ecoeficiência nos 10 periódicos que mais publicam sobre o assunto de 1997 a 2015, (4) ao índice SRJ dos 10 periódicos que mais publicam sobre o tema ecoeficiência, (5) ao índice IPP dos 10 periódicos que mais publicam sobre o tema ecoeficiência, (6) ao índice SNIP dos 10 periódicos que mais publicam sobre o tema ecoeficiência, (7) a frequência de palavras-chave relacionadas ao tema ecoeficiência, (8) as áreas do conhecimento científico com mais aderência ao tema ecoeficiência durante sua evolução em três décadas, os dados foram tratados por meio do software Microsoft Excel, que dentre seus recursos inclui-se uma interface intuitiva e ferramentas de cálculo e de construção de gráficos e tabelas.

A tabela 4 a seguir apresenta uma descrição consolidada dos índices SRJ, IPP E SNIP.

Tabela 4: descrição consolidada dos índices SRJ, IPP E SNIP.
Fonte: Moed, 2010; Guerrero Bote, González-Pereira e Moya-Anegón, 2009.

Para a apresentação dos resultados relacionados com: (1) a densidade dos 70 periódicos que mais publicam sobre o assunto e (2) a densidade de termos relacionados ao tema ecoeficiência, os dados coletados foram inseridos na base de dados do software de tratamento de dados bibliométricos VOSviewer disponível em www.vosviewer.com.

O programa identifica objeto de exame nos documentos em um espaço de baixa dimensão de tal maneira que o espaço entre quaisquer dois elementos espelha a equivalência ou afinidade dos itens a maior precisão possível. Para cada par de itens i e j, o VOSviewer requer como entrada uma semelhante ij ( S ij ≥ 0). Trata as semelhanças Sij como mensuração em uma escala de razão.  Assim, o utilitário minimiza um somatório ponderado das distâncias quadradas entre todos os pares de itens. O quadrado da distância entre um par de artigos é calculado pela semelhança entre os itens. Para evitar soluções corriqueiras em que todos os elementos têm a mesma posição, a restrição imposta é que a distância média entre dois itens deve ser igual a um (VAN ECK E WALTMAN, 2010 ). O aplicativo determina a localização de itens em um mapa utilizando um algoritmo para realizar a minimização da equação 2 sujeita a equação 3.

Equação 2
Fonte: Van Eck e Waltman, 2010.

sujeito a:

Equação 3
Fonte: Van Eck e Waltman, 2010.

Considerando o objetivo central deste estudo, para cada um dos 6789 documentos exportados da base SCOPUS, em formato CSV (excel), para a base de análise do VOSviewer, foram consideradas os campos e tipos de dados apresentados na tabela 5 a seguir.

Tabela 5: dados e campos da base Scopus considerados para migração no software VOSviewer.
Fonte: desenvolvido pelos autores.

Após a exportação, adotaram-se dois critérios: (1) para a apresentação dos resultados relacionados com densidade de termos vinculados ao tema ecoeficiência o aplicativo foi parametrizado para que analisasse termos, tendo por tipo de análise sua frequência usando o método de contagem binária no título e no resumo dos documentos; (2) para apresentação da densidade dos 70 periódicos que mais publicam sobre o tema ecoeficiência o aplicativo foi parametrizado para que analisasse as fontes de publicação, tendo por tipo de análise a bibliographic coupling usando o método de contagem fractional em todas as variáveis de dados bibliográficos. A tabela 6 a seguir apresenta uma descrição consolidada do método de contagem e do tipo de análise usados nesta fase da investigação.

Tabela 6: método de contagem e do tipo de análise usados no software VOSviewer.
Fonte: Van Eck e Waltman, 2010.

Ainda na fase de parametrização do software, adotou-se o 5 (cinco) como o número mínimo de ocorrência, pois nas simulações realizadas observou-se que quanto menor este número, maior a quantidade de unidades analisadas pelo software VOSviewer. Compreendeu-se que a análise de 2900 diferentes termos e 70 fontes de publicação era suficiente para se atingir o objetivo central deste estudo.

Os critérios utilizados na parametrização do software são apresentados de forma consolidada na tabela 7 a seguir.

Tabela 7: critérios utilizados na parametrização do software VOSviewer.
Fonte: desenvolvido pelos autores.

Após o tratamento dos dados realizados por meio dos softwares Microsoft Excel e VOSviewer iniciou-se a fase de análise dos resultados.

Um resumo consolidado no processo metodológico adotado neste trabalho pode ser visualizado na figura 3 a seguir.

Figura 3: resumo consolidado no processo metodológico.
Fonte: desenvolvido pelos Autores

3. Resultados e Discussões

Nesta seção serão realizadas as discussões e mostrados os resultados oriundos da aplicação da metodologia bibliométrica.

Na tabela 8 são apresentados os resultados relativos ao catálogo de documentos coletados sobre o tema ecoeficiência, apresentados em ordem decrescente.

Tabela 8: catalogo de documentos coletados sobre o tema ecoeficiência
Fonte: desenvolvido pelos Autores

Dos 6789 documentos, o maior percentual de publicações em periódicos e em congressos, a saber: 83,93% do total de documentos publicados, demonstram a conexão do tema ecoeficiência, ao longo desses 30 anos, com meios de divulgação do conhecimento que tenham, por parte da comunidade acadêmica, uma maior percepção de credibilidade.

Outro fator que pode explicar essa concentração é o fato de periódicos serem canais de mais rápida disseminação da ciência em contraste com um livro ou capítulo de livro, somente 6,9% das publicações sobre ecoeficiência, o que estimula aos estudiosos do tema procurar divulgar os resultados de seus trabalhos por meio das revistas indexadas.

O gráfico 1 retrata a evolução quantitativa dos documentos relativos às pesquisas científicas sobre o tema ecoeficiência entre 1986 e primeiro semestre de 2015.

Gráfico 1: evolução quantitativa das pesquisas sobre ecoeficiência de 1986 a 2015.
Fonte: desenvolvido pelos Autores

Ao considerarmos os trinta anos de publicações científicas sobre o tema ecoeficiência, se observa um crescimento constante e acentuado. Entre os anos de 1986 e 1995 foram localizados somente 06 documentos sobre o assunto. No período de 1996 a 2005 foram encontrados um somatório de 980 documentos, um aumento de 16234% sobre o número de publicações em comparação com a década anterior. Já no intervalo entre os anos de 2006 e o primeiro semestre de  2015 foram detectados 5803 documentos, um incremento percentual de 494,08 % em relação aos documentos publicados nos dez anos anteriores.

Este crescimento pode ser explicado pela Lei da Dispersão ou da Produtividade de Periódicos proposta por Bradford (1934). Entre 1986 e 1995 os primeiros artigos científicos sobre ecoeficiência foram escritos e submetidos a um pequeno grupo de periódicos alinhados com o assunto, a saber: (1) Environmental Impact Assessment Review, (2) Futures, (3) Huanjing Kexue Environmental Science, (4) Lakes and Reservoirs Research and Management, e o (5) Zpg Reporter. Já no período de 1996 a 2005 outros grupos pequenos de periódicos aceitaram artigos sobre o assunto, dentre os principais estão: (1) Journal of Industrial Ecology, (2) Journal of Cleaner Production e o (3) International Journal of Life Cycle Assessment. Este movimento atraiu mais artigos ao longo do desenvolvimento do tema, fazendo com que concomitantemente outras revistas também iniciassem seus primeiros artigos sobre o assunto, dentre eles é possível citar: (1) Ecological Economics, (2) Journal of Environmental Management, e o (3) Resources Conservation and Recycling.

As constatações apresentadas podem ser confirmadas pela análise da figura 4 que retrata a densidade dos periódicos, fontes de publicações, sobre o tema.

Figura 4: densidade das  fontes de publicações que mais publicam sobre o ecoeficiência . 
Fonte: desenvolvido pelos Autores.

Por meio por meio da densidade (gráfico de calor) dos 70 periódicos que mais publicam sobre ecoeficiência, tomando-se por base dados bibliográficos, é possível confirmar que o Journal of Industrial Ecology, o Journal of Cleaner Production e o International Journal of Life Cycle Assessment são as revistas que possuem o maior número de referencias partilhadas, o que determina sua relação com outros periódicos, fazendo com que estas três revistas respondam por 12,3% das publicações sobre o assunto.

Tendo em vista que entre 2006 e 2015 o tema ecoeficiência continuou a se desenvolver, os três periódicos citados se constituem hoje em um núcleo consolidado de publicações sobre o assunto com significativo fator impacto.

Os gráficos 2 e 3 que apresentam respectivamente: (1) a evolução da ecoeficiência nos 10 periódicos que mais publicam sobre o assunto, (2) o índice de impacto SRJ dos 10 periódicos que mais publicam sobre o tema.

Gráfico 2: evolução da ecoeficiência nos 10 periódicos que mais publicam sobre o assunto.
Gráfico 3: índice SRJ dos 10 periódicos que mais publicam sobre o tema ecoeficiência.
Fonte: desenvolvido pelos Autores.

Se tomarmos a evolução do tema ecoeficiência nos 10 periódicos que mais publicaram sobre o assunto, a partir de 1997 é possível constatar que até o ano de 2004 todos ocupavam a mesma faixa de publicações, entretanto, a partir do ano de 2005 observa-se o crescimento constante a acentuado do Journal of Cleaner Production em quantitativo de documentos publicados. No entanto, quando consideramos o índice SRJ - SCImago journal rank  dos 10 periódicos que mais publicam sobre o tema ecoeficiência, constata-se que até 2009  todos ocupavam a mesma faixa no índice, mas depois do ano de 2010 verifica-se um crescimento de quatro revistas, a saber:  Journal of Cleaner Production, International Journal of Life Cycle Assessment, Ecological Economics e Energy Policy, tendo esta última atingido em 2014 a maior pontuação dentre os periódicos analisados, a saber, a marca de 2.077.

Os gráficos 4 e 5 que apresentam respectivamente: (1) o índice IPP dos 10 periódicos que mais publicam sobre ecoeficiência e (2) o índice SNIP dos 10 periódicos que mais publicam sobre o tema.

Gráfico 4: índice IPP dos 10 periódicos que mais publicam sobre o tema ecoeficiência.
Gráfico 5: índice SNIP dos 10 periódicos que mais publicam sobre o tema ecoeficiência.

Em relação ao índice IPP - Impact per Publication, observa-se um comportamento diferente do índice SRJ, até 2009 todos ocupavam a mesma faixa de impacto, entretanto, a partir do ano de 2010 ao invés de verificarmos a ascensão de poucas revistas, verifica-se um aumento no índice de oito periódicos, com exceção do IEEE International Symposium on Electronics and the Environment e o Advanced Materials Research que possuem historicamente uma pontuação baixa. Neste índice atinge a mais alta pontuação o Journal of Cleaner Production com 4.223 pontos em 2013.

Quanto ao índice SNIP - Source Normalized Impact Per Paper detecta-se que nos últimos quinze anos os periódicos vêm apresentando um comportamento estável com algumas variações ascendentes ao longo dos anos. Neste índice também se destaca o Journal of Cleaner Production com 2.591 pontos em 2013, a mais pontuação no universo das revistas analisadas.

Ao considerarmos os três indicadores de impacto, fica demonstrado que, em relação ao tema ecoeficiência, seis periódicos que tem um quantitativo mediano de publicações possuem artigos com alto fator de impacto e que nem sempre ter o maior quantitativo de publicações necessariamente significa que os artigos são os mais impactantes.

O gráfico 6 exibe as palavras-chave relacionadas ao tema ecoeficiência, onde a expressão desenvolvimento sustentável aparece com a maior freqüência dentre os 10 vocábulos de maior ocorrência.

Gráfico 6: frequência de palavras-chave relacionadas ao tema ecoeficiência.
Fonte: desenvolvido pelos Autores.

Verifica-se que as cinco palavras-chave com maiores frequências mostram a conexão que existe entre o tema ecoeficiência e as ciências ambientais. Além dessa observação poder ser confirmada pela figura 5 e pelo gráfico 7 apresentados a seguir, essas ilustrações também nos mostram concatenações do tema com outras áreas do conhecimento.

A figura 5 retrata a densidade de 2900 termos relacionados ao tema ecoeficiência que aparecem no mínimo cinco vezes nos títulos e/ou nos resumos dos documentos.

Figura 5: densidade de termos relacionados ao tema ecoeficiência.
Fonte: desenvolvido pelos Autores.

Ao se estabelecer um alinhamento entre o Gráfico 6 e a Figura 5 observa-se a alta frequência de termos e palavras-chave tais como: gestão ambiental, avaliação do ciclo de vida, tomada de decisão, desenvolvimento, resultados, sistema, economia e métodos. Termos que não são exclusivos das ciências ambientais, mas pertencentes também a outras áreas do conhecimento.

O gráfico 7 mostra a comparação de três décadas de evolução do tema ecoeficiência e sua vinculação com as 10 áreas do conhecimento científico com maior aderência ao tema.

Gráfico7: evolução do tema ecoeficiência e sua vinculação com as áreas do conhecimento
Fonte: desenvolvido pelos Autores

Compreende-se que ocorreu uma transformação do tema nas pesquisas científicas e uma maior relevância do assunto em uma perspectiva multidisciplinar.

4. Conclusões

Ao longo das três últimas décadas o tema ecoeficiência evoluiu quantitativamente e em termos de impacto das publicações, com a consolidação de um núcleo de periódicos que atraem uma significativa quantidade de pesquisa sobre o assunto.

Também é possível concluir que em seus anos de evolução, a ecoeficiência vem sendo tratado com maior concentração no segmento das ciências ambientais, no entanto, o assunto ganhou espaço em estudos nos campos da engenharia, das ciências sociais aplicadas, como administração e economia, das ciências biológicas, das ciências da computação, das ciências da decisão e das ciências dos materiais.

Este crescimento pode ser explicado pela necessidade de pesquisas e desenvolvimento de práticas ecoeficientes, elemento da sustentabilidade, em diversos campos do conhecimento científico e nas ações que buscam a mensuração efetiva de processos e sua interdependência positiva entre os aspectos ambientais e as demais dimensões produtivas de uma organização.

Referências

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1. Doutorando. UFF - Universidade Federal Fluminense. Email: aalberto10@gmail.com
2. DSc. UFF - Universidade Federal Fluminense. EMail: julio@latec.uff.br
3. Dsc. UFF - Universidade Federal Fluminense. Email: rodrigues@labceo.com.br