Espacios. Vol. 35 (Nº 12) Año 2014. Pág. 10
Isadora Castelo Branco SAMPAIO de Santanna 1, João Ferreira de SANTANNA-FILHO 2, Eduardo SORIANO-SIERRA 3
Recibido: 05/08/14 • Aprobado: 13/10/14
3. Procedimentos metodológicos
5. Descrição textual dos trabalhos encontrados
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Atualmente, com o mercado globalizado, as empresas buscam por diferenciais de mercado para se tornarem competitivas, seja essa diferenciação em produto/serviços ou em processos de produção. A busca pela competitividade leva as empresas a melhorarem seus modelos de gestão e produção, exigindo inovações constantes (Yoo, Lyytinen et al., 2008).
Nesse contexto, a industria de software vem, ao longo do tempo, experimentando vários métodos e técnicas diferentes para aumentar a produtividade e a qualidade do seu produto final, cada uma com um foco em particular, e entre elas apresenta-se o Design thinking.
O DT (Design Thinking) é uma metodologia que criada na empresa IDEO, uma empresa originalmente de design, hoje uma empresa de design e consultoria de inovação. A metodologia reúne um conjunto de práticas, inspiradas no design, para resolução de problemas e desenvolvimento de projetos, utilizando empatia, criatividade e racionalidade para atender necessidades dos usuários e guiar objetivos empresariais (Brown e Katz, 2010).
O DT é originário das habilidades que os designers têm desenvolvido na busca por estabelecer a correspondência entre as necessidades humanas e os recursos técnicos disponíveis, considerando as restrições práticas dos negócios ao integrar o desejável do ponto de vista do cliente, ao economicamente e tecnicamente viável do ponto de vista da empresa (>Brown e Katz, 2010). O DT é o emprego das ferramentas e métodos de design para outras áreas de aplicação.
A metodologia foi desenvolvida a partir da própria demanda do mercado por soluções para problemas diversos. Organizações distintas solicitaram à IDEO soluções para problemas, um campo de atuação muito diferente da empresa de design tradicional (Brown e Katz, 2010).
Foi nesse cenário que a metodologia de DT surgiu, dentro de uma empresa originalmente de design que precisava trabalhar em soluções e projetos das mais variadas naturezas e com temas interdisciplinares.
Desenvolver softwares é uma atividade que exige certas habilidades cognitivas para desenvolver soluções aderentes ao negócio da empresa na qual o desenvolvedor trabalha (Hirama, 2011), e o método de DT é uma ferramenta que pode ser utilizada para melhorar esse processo criativo (Brown e Katz, 2010).
Durante a década de 80 e inicio da década de 90 a visão geral das empresas sobre o tema de desenvolvimento de software consistia na concepção de que para se obter software com qualidade, era necessário o uso de processos formais, metódicos e rigorosos (Hirama, 2011). Este cenário, na maioria das vezes, somente é aplicável a grandes organizações, com equipes igualmente grandes e muitos recursos. Quando se passa a utilizar essa forma de desenvolvimento de software em pequenas e médias empresas, a sobrecarga envolvida na aplicação e controle de tais métodos formais acaba sendo maior que o esforço de desenvolvimento em si (Hirama, 2011).
Essa dificuldade encontrada pelas empresas PMEs (pequenas e médias empresas) levou a novas propostas e abordagens de desenvolvimento de software, as quais são conhecidas como métodos ágeis (Sommerville, 2004). A proposta dos métodos ágeis é desenvolver e utilizar metodologias mais simples, sem contudo perder a eficácia, para desenvolvimento de software; isso inclui maior colaboração com o cliente, priorizar o funcionamento do software em vez da documentação, responder com agilidade a mudanças nos requisitos ao invés de seguir um rígido planejamento (Hirama, 2011). Em tempo, existem várias metodologias consideradas ágeis tais como: Extreme programming (Beck, 2000), Scrum (Schwaber, 2004), Kanban (Schwaber, 2004), etc.
Dessa forma, o DT é uma metodologia que pode colaborar em várias atividades nesse contexto de processos ágeis, uma vez que pode ser utilizada para entender melhor as necessidades de clientes e problemas que podem surgir ao longo do projeto.
O tema é relevante para o mercado Brasileiro de software. Segundo pesquisa da Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES), o mercado brasileiro é explorado por cerca de 10.300 empresas, dedicadas ao desenvolvimento, produção e distribuição de software e prestação de serviços. Daquelas que atuam especificamente no desenvolvimento e produção de software, 93% são classificadas como micro e pequenas empresas (Abes, 2012), como já explicado, esse perfil de empresas tende a utilizar métodos ágeis e essas poderiam se beneficiar do uso de DT em atividades necessárias para o desenvolvimento de software.
O presente trabalho investiga o uso dessa metodologia na atividade de desenvolvimento de software. O objetivo do artigo é obter um panorama teórico sobre esse tema. O procedimento metodológico utilizado foi a revisão sistemática de literatura, onde os dados foram levantados por meio de uma análise bibliométrica, com os seguintes objetivos específicos: mapear as publicações científicas dessa temática, buscar os principais autores, identificar que países e instituições estão pesquisando o tema, identificar os principais periódicos/eventos de divulgação, utilizando para isso bases de dados internacionais.
A bibliometria é um conjunto de métodos para analisar quantitativamente a literatura académica, é um campo das áreas de biblioteconomia e ciência da informação com foco em analisar o curso da comunicação escrita de uma determinada disciplina. Segundo Pritchard (1969) bibliometria significa "todos os estudos que tentam quantificar os processos de comunicação escrita".
O artigo segue a seguinte estrutura: a seção 1 é uma seção de apresentação do tema central, a seção 2 apresenta o referencial teórico no qual se baseia o DT, a seção 3 apresenta os procedimentos metodológicos utilizados para a pesquisa bibliométrica, a seção 4 apresenta os resultados da pesquisa, a seção 5 faz uma breve descrição sobre os trabalhos encontrados na pesquisa, por fim a seção 6 apresenta as considerações finais sobre a pesquisa e o tema de DT aplicado a engenharia de software.
O DT é um processo essencialmente criativo, que encoraja pensamento inovador e evita julgamento precoces, causando um acúmulo de ideias distintas sobre a questão estudada. Essas ideias são exploradas chegando em alguns casos a se desenvolver protótipos baseados nas ideias. O melhor conjunto de ideias é selecionado para atender ao problema (Silva, Filho et al., 2012).
O método reúne um conjunto de princípios que podem ser aplicados a uma ampla variedade de problemas, e não se limita a produtos físicos, mas também a processos, serviços, interações, formas de entretenimento e meios de colaboração e comunicação (Brown e Katz, 2010).
O DT não é um método linearmente estruturado. Segundo Brown e Katz (2010), por causa dessa característica o método pode parecer desordenado para os principiantes, existem pontos de partida e ponto de referências úteis ao longo do processo, mas o continuum da inovação pode ser visto como uma sobreposição de espaços em vez de uma sequência de espaços ordenados (Brown e Katz, 2010; Silva, Filho et al., 2012) . O método é composto por três espaços de inovação: inspiração, idealização e implementação.
A inspiração foca na oportunidade, no problema a ser resolvido. Essa fase consiste em se colocar no lugar dos atores envolvidos no problema e analisar suas necessidades. Para isso, a equipe deve observar e vivenciar o cenário dos clientes da solução, delimitar os atores e elementos que se relacionam com a questão, pesquisar e consultar os especialistas no domínio do problema e finalmente entender expectativas de stakeholders em relação a solução que os mesmos esperam.
O espaço chamado de idealização é focado no processo de gerar soluções, desenvolver e testar ideias e conceitos. Nessa fase a equipe deve gerar varias soluções possíveis se baseando nos indícios colhidos na fase de inspiração, deve-se colocar de lado os julgamentos e preconceitos e registrar todas as soluções que surgirem. Liedtka (2011) sugere que já nesse espaço podem ser feitos pequenos teste de soluções (protótipos) que surgirem no processo, a solução não precisa estar completamente desenvolvida para ser testada, o importante é observar nesse teste prévio como a solução atende os anseios dos clientes.
Por fim temos o espaço de implementação, aqui o foco é usar o protótipo para desenvolver a solução para o cliente final. Para a fase de implementação deve-se combinar as ideias em modelos de soluções, expandir e detalhar as mesmas até que a solução esteja a nível comercial para ser lançada.
O método prevê que o ciclo de desenvolvimento da solução pode visitar cada um desses espaços varias vezes, num ciclo virtuoso no qual o objetivo é aprimorar as ideias surgidas, testar protótipos e desenvolver as soluções a serem lançadas.
O método começa na fase de inspiração e termina na fase de implementação, a ideia é não limitar o desenvolvimento da solução a somente um ciclo, sem essa limitação a equipe tem mais espaço para testar e aprimorar as ideias geradas.
Todo o processo de DT trabalha com foco em três elementos, a desejabilidade, viabilidade e praticabilidade (Brown e Katz, 2010), na figura 1 ilustra-se essa relação. Esses três elementos norteadores devem ser observados no projeto de inovação em todos os espaços do DT(inspiração, ideação e desenvolvimento), os requisitos de um projeto seja ele de produto, processo ou serviço são interligados a esses elementos.
Figura 1: Elementos norteadores. Fonte: autores.
A praticabilidade está ligada ao que é funcionalmente possível de ser implementado. A viabilidade visa validar um possível modelo de negócio sustentável. Já a desejabilidade foca nos desejos dos clientes.
Na indústria do design, os elementos norteadores devem permear toda a solução de um designer, dessa maneira um "designer thinker" deve tentar harmonizar cada um desses elementos na solução final.
Segundo Brown (2008) o DT deve considerar também outros elementos fora da metodologia para que o método funcione corretamente. Como fatores externos ao método Brown cita a importância do trabalho em equipe, da disposição em colaborar em vez de competir, e também da cultura da empresa que deve incentivar a criatividade e inovação ao invés da total aversão ao risco.
Em tempo, além do metodologia pregada pelo DT, por vezes existe a necessidade do uso de modelos estatísticos ou outras ferramentas de análise para complementar o método principalmente nas fases de ideação (Liedtka, 2011).
Para a condução da pesquisa bibliométrica foi seguida a metodologia recomendada por Kitchenham (2007), tal pesquisa bibliométrica foi desenvolvida em três fases (ver figura 2): (1) Panejamento com a montagem de protocolo de busca sistemática, (2) Condução da pesquisa com coleta, filtragem e padronização dos dados e (3) Relato com a análise e síntese dos dados coletados com confecção de relatório dos resultados da busca sistemática.
Figura 2: Fases da pesquisa sistemática de literatura. Fonte: adaptado de Kitchenham (2007).
Na primeira fase da pesquisa, efetuou-se o panejamento para a condução da pesquisa. Para isso foi elaborado um protocolo de busca sistemática que descreve a temática da revisão: o objetivo principal da busca, os objetivos secundários, as palavras-chave da pesquisa, as fontes de dados e as estratégias de busca e os critérios de corte.
Na segunda fase, chamada de condução, utilizou-se os critérios definidos no protocolo bem como os filtros efetuados nas buscas sistemáticas nas bases de dados escolhidas.
Na fase final, foi utilizado um protocolo de análise descritiva para poder selecionar e analisar os dados obtidos e realizar os cortes necessário. Ao fim da aplicação do protocolo, um relatório foi confeccionado apresentando o resultado das fases anteriores.
Nas próximas seções, estão destacados os principais pontos do protocolo de pesquisa. Da mesma maneira estão apresentados os itens mais relevantes do protocolo de análise descritiva antes de serem abordados os resultados obtidos.
A temática da revisão sistemática de literatura foi a Aplicação de DT ao desenvolvimento de software. O objetivo principal dessa pesquisa foi obter um panorama teórico sobre o tema. Paralelamente a esse objetivo principal, tinha-se como meta mapear as publicações científicas dessa temática em busca dos principais autores, identificar os principais periódicos de divulgação do tema, que grupos e países tem desenvolvido o tema e analisar o índice de citações dentro de uma coleção.
Como as bases de dados da pesquisa eram bases de dados internacionais utilizou-se palavras-chave na língua inglesa, "Design thinking", "Software engineering", "Software Industry", "Software development" e "Systems development". Houve a necessidade de utilização de várias palavras-chave relacionadas ao tema de desenvolvimento de software, já que este tema aparece relacionado a vários termos diferentes nas bases de dados. Assim, o uso de mais de uma palavra-chave propiciou que a granularidade da busca ficasse em um nível mais adequado.
Foram utilizados três repositórios globais de artigos como base de busca: Web of Science (WOS), IEEExplore e Science Direct. A base do WOS foi incluída por apresentar grande relevância na área de estudos sociais enquanto que o IEEExplorer e Science direct são dois repositórios relevante na área de engenharia e informática.
Como estratégia de busca, foram escolhidas algumas configurações dos campos de busca de acordo com cada ferramenta de busca dos repositórios pesquisados. Os termos foram pesquisados utilizando o conteúdo do abstract, palavras-chave, título e tags de indexação, esses campos são representativos o suficiente para atender a pesquisa.
Na base WOS e no Science Direct, foi utilizado o campo Topic: (title, key words, abstract). Na base do IEEExplore foram utilizados o campo metadados que consistem nos conteúdos dos abstracts, título do texto e tags de indexação. O corte temporal foi utilizado para selecionar artigos do ano 2000 até o ano de 2014.
O uso operadores lógicos em strings de busca é necessário para diminuir a granularidade da pesquisa e chegar a resultados mais precisos. Nesse sentido, para as buscas realizadas foi utilizada a seguinte configuração:
"Design thinking" AND "Software Engineering" OR "Software Industry" OR "Software Development" OR "systems Development" |
Utilizando essa string se recupera os trabalhos que relacionam a primeira string (Design thinking) com qualquer uma das strings subsequentes.
Uma vez coletado todos os artigos nas bases utilizando o protocolo de busca sistemática, foi necessário criar um critério para a seleção dos artigos que iriam compor o estudo. Mesmo com a utilização dos protocolos de busca sistemática o resultado da coleta nas bases ainda retornou artigos que não interessavam ao estudo, artigos falsos positivos. Desta forma, foram analisados somente artigos que foram relevantes dentro da temática escolhida.
O critério utilizado para essa seleção foi de que os artigos deviam tratar sobre o uso de DT como técnica utilizada em engenharia de software ou desenvolvimento de software. Foram excluídos artigos que:
Nesta seção são apresentados os resultados das sínteses e análises dos dados selecionados na pesquisa para construir um panorama sobre a área temática abordada no presente artigo.
Nessa seção vamos apresentar os resultados das buscas depois das fases de filtragem e análise de dados, cabe aqui ressaltar que nesse tipo de trabalho é comum termos artigos que aparecem em mais de uma base, porém na pesquisa dessa temática usando as fontes de informação indicadas tal fato não aconteceu, o que nos poupou de fazer um trabalho extra de consolidação de dados diferentes devido os mecanismos de indexação diferentes em cada base.
Na primeira rodada de coleta de dados o retornaram 33 artigos da WOS e 32 da IEEExplorere 55 do Science Direct. Esses dados foram importados para um software gerenciador de referências bibliográficas, e foram analisados os abstracts de cada artigo para avaliar sua aderência ao tema da pesquisa, sendo eliminados os que não passavam no critério de corte estabelecido. Em seguida foram eliminados os artigos sem autoria e sem texto completo disponível obtendo-se dessa maneira o conjunto de nove trabalhos, sendo três da WOS, quatro da IEEExplorer e 2 do Science direct. A tabela 1 sintetiza os resultados obtidos na pesquisa sistemática realizada usando o protocolo descrito acima.
Tabela 1: Resultados da busca sistemática.
Base de pesquisa |
Artigos retornados na busca |
Artigos selecionados segundo critério de corte |
Web of Science |
33 |
3 |
IEEExplorer |
32 |
4 |
Science Direct |
55 |
2 |
Selecionados os nove trabalhos, as bases de dados foram visitadas novamente para obter os textos completos,
com os textos completos foi possível visualizar informações adicionais para montar a tabela 2 que sintetiza os dados bibliométricos encontrados na pesquisa.
Tabela 2: Síntese dos dados bibliométricos.
Informações bibliométricas |
Quantidade |
Publicações |
9 |
Autores |
21 |
Fontes de informações (periódicos/anais de eventos) |
8 |
Instituições |
10 |
Países |
5 |
Palavras-chave |
82 |
Do conjunto de documento totais temos seis publicações em Conference Proceedings. Esses trabalhos foram escritos por 14 autores diferentes, vinculados a sete instituições de cinco países diferentes. Para a elaboração desses trabalhos os autores utilizaram 71 palavras-chave sendo que os trabalhos foram publicados por seis fontes de informações diferentes todas e eventos. A exceção foi o único livro encontrado na busca sistemática.
A série histórica, conforme observada na Figura 4, apresenta uma distribuição quase uniforme com o ano de 2011 se destacando com dois artigos. O número de publicações ainda é pequeno o que aponta o tema como uma área ainda em desenvolvimento.
Figura 3: Série histórica, numero de publicações por ano. Fonte: autores.
Foram identificados 21 autores diferentes no conjunto geral de trabalhos selecionados. Esses autores se concentram em apenas cinco países. Com isso, foi possível traçar uma representatividade dos autores e seus países de origem, bem como destacar as instituições que tem abordado o tema.
Na Figura 5 apresenta-se o total de países que tem publicações na área temática pesquisada, enquanto que na tabela 3 a filiação de cada autor/grupo de autores. Observa-se que quatro dos artigos tem origem nos EUA e 2 na china. Austrália , Suécia,
Figura 4: Países x Numero de publicações. Fonte: autores.
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Tabela 3: Autores e filiações
Nome |
Instituição de vinculo |
País |
Innes, J. |
UX Innovat LLC, San Francisco, CA |
EUA |
Okudan, Gul E. Rao, Girish |
Penn State Univ, University Pk, PA |
EUA |
Taylor, P. |
Monash Univ, Dept Comp Sci & Software Engn, Melbourne |
Austrália |
Bosch, J. |
Chalmers University of Technology Gothenburg |
Suécia |
Gonzalez, C. S. G. Gonzalez,E. G. Cruz, V. M. Saavedra, J. S. |
Universidade de La laguna, Tenerife |
Espanha |
Jihong, Liu Zhaoyang, Sun |
School of Mechanical Engineering and Automation Beihang University,Beijing |
China |
Melville, N. P. Hopps, M. |
Universidade de Michingam |
EUA |
Burdick, Anne1 Willis, Holly2 |
1Art Center College of Design1, Pasadena, CA 2University of Southern California, Los Angeles, CA |
EUA |
Wang, Z. He, W. P. Zhang, D. H. Cai, H. M. Yu, S. H. |
Northwestern Polytechnical University, Xi'an, PR China |
China |
4.4 Principais fontes de publicação
Foram detectadas oito fontes de publicações diferentes 6 em eventos e dois em periódicos, isso aponta mais uma vez que o tema de DT aplicado a desenvolvimento de software só recentemente está sendo abordado pela literatura científica.
Tabela 4: Eventos e periódicos onde trabalhos foram publicados.
Conference Proceedings |
Proceedings of the ASME International Design Engineering Technical Conferences and Computers and Information in Engineering Conference |
International Conference on Software Methods and Tools, Proceeding |
Software Product Line Conference (SPLC), 2011 15th International |
Education Engineering (EDUCON), 2010 IEEE |
Computer Science and Information Technology, 2008. ICCSIT '08. International Conference on |
System Science (HICSS), 2012 45th Hawaii International Conference on |
Journals |
Design Studies |
Journal of Materials Processing Technology |
4.5 Principais palavras-chave
No conjunto geral de artigos selecionados, foram encontradas 82 palavras-chave diferentes. Essas palavras-chave foram informadas pelos autores e indexadas pelas 3 bases de dados pesquisadas (WOS, IEEExplore e Science Direct). Essas palavras foram extraídas utilizando a ferramenta de gerenciamento bibliográfico (EndNote). De posse dessa lista de palavras foi utilizado uma ferramenta de uma nuvem de tags para representar o conjunto de palavras. As palavras com maior destaque são as que mais se repetem como palavras- chave na lista, conforme a figura 5.
Figura 5: Nuvem de palavras-chave. Fonte: autores.
Conforme esperado, as palavras Design, thinking, development (desenvolvimento) e software se destacam como já era esperado até pela escolha dos termos utilizados nos mecanismos de busca. Os termos maintenance (manutenção) assim como agile também ganha destaque um pouco menor mostrando que o objeto de pesquisa está relacionado com atividades de manutenção e processos ágeis.
Antes de comentar o conteúdo de cada trabalho encontrado na busca sistemática a tabela 5 lista cada um deles.
Tabela 5: artigos da busca sistemática.
Trabalho |
Autor |
Meio de divulgação |
Ano |
Why Enterprises Can't Innovate: Helping Companies Learn Design Thinking |
Innes, J. |
Conference Proceedings |
2011 |
Collaborative conceptual Design Thinking and software aids: A review |
Okudan, G. E. Rao, G. |
Conference Proceedings |
2005 |
Designerly Thinking: What Software Methodology can learn from Design Theory |
Taylor, P. |
Livro |
2000 |
Achieving Speed in Legacy Systems |
Bosch, J. |
Conference Proceedings |
2011 |
Integrating the Design Thinking in to the UCD's methodology |
Gonzalez, C. S.G. Cruz, V. M. Gonzalez,E. G. Saavedra, J. S. |
Conference Proceedings |
2010 |
Representing Design Intent for Computer-supported Consistency Maintenance |
Zhaoyang, Sun Jihong, Liu |
Conference Proceedings |
2008 |
Systematic Service Innovation in Organizations: EDCI--A Template for Human-Centered Design of E-Services |
Melville, N. P. Hopps, M. |
Conference Proceedings |
2012 |
Digital learning, digital scholarship and design thinking |
Burdick, Anne Willis, Holly |
Journal |
2011 |
Creative design research of product appearance based on human–machine interaction and interface |
Wang, Z. He, W. P. Zhang, D. H. Cai, H. M. Yu, S. H. |
Journal |
2002 |
O artigo de Innes (2011) descreve os desafios da introdução de melhores praticas de design e inovação em empresas de grande porte com foco em produtos de software corporativos. Ele propõe uma teoria de por que as empresas existentes tendem a se concentrar principalmente em fatores de desenvolvimento técnico, enquanto ignoram a importância da facilidade de uso dos sistemas computacionais produzidos, e como mesmo dessa maneira tais empresas tem sido comercialmente bem sucedidas até hoje. Ele também propõe que as circunstâncias de mercado que permitiram esta situação são susceptíveis de mudar a medida que o mercado continua a amadurecer e os usuários se tornam mais exigentes. Em seguida, sugere métodos para se adaptar a essas mudanças, enfatizando os riscos futuros de se manter as práticas atuais. O artigo cita o DT como uma técnica que pode ser utilizada para aproximar o entendimento dos desenvolvedores e gerentes de projeto das necessidades e da forma que os usuários de sistemas desejam utilizar a solução.
O trabalho de Okudan e Rao (2005<) faz uma revisão sobre a ideia de design colaborativo e software de apoio ao design colaborativo. A revisão tem dois focos: 1) a teoria a cerca de design colaborativo, e 2) os softwares de apoio. Os recentes desenvolvimentos sobre estes focos são discutidos por sua contribuição para o desempenho do projeto colaborativo. O artigo conclui com recomendações para futuras pesquisas. A pesar de manter o foco em design em geral o artigo trata de praticas de DT e como elas estão sendo utilizadas para desenvolvimento colaborativo inclusive de software.
Já no livro Designerly Thinking: What Software Methodology can learn from Design Theory (Taylor, 2000) o autor faz um paralelo entre a disciplina de desenvolvimento de software com a disciplina de design. Taylor propõe uma alternativa as metodologias tradicionais de desenvolvimento de software, o uso de técnicas de design dentro dos processos de desenvolvimento de software. Este trabalho examina projeto do ponto de vista de desenho industrial e das disciplinas acadêmicas de design que deram origem a "ciência do design". O livro foca na necessidade de considerar o contexto mais amplo do produto, incluindo sua história e contexto social, e da necessidade de legitimar e gerir formas internas de difusão de tais projetos, experiência em design e linguagens de projeto para ajudar a equilibrar as demandas intensas em desenvolvimento moderno de software com a qualidade e uso.
O artigo de Bosch (2011) trata da capacidade de responder rapidamente ao interesse do cliente e efetivamente priorizar esforços no desenvolvimento de software com foco no cliente. Tal problema tem sido um desafio de longa data para produtos de software de mercado de massa. Este problema é agravado no contexto de linhas de produtos de software, varias versões de um mesmo software pode complicar a resposta rápida em casos de defeitos detectado, principalmente quando esses softwares são múlti plataforma. O artigo discute esses desafios; apresenta um estudo de caso, e uma metodologia baseada no DT e equipes auto-organizadas.
Já o artigo "Integrating the Design Thinking in to the UCD's methodology" (González, Cruz et al., 2010) apresenta como os autores tem integrado as várias técnicas do DT no Centro de metodologia de Design de software no processo de desenvolvimento de projetos em atividades de aprendizagem. A atividade experimental foi realizada com alunos da disciplina de Interfaces Humano-Computador, da Escola de Ciência da Computação da Universidade de La Laguna.
No artigo de Zhaoyang e Jihong (2008) o design é ferramenta essencial nas atividades de mudanças feitas em software, o artigo trata da importância de gerenciar a intenção de design de software antes das alterações, nessa visão o software é tratado como objeto de design. O artigo apresenta um modelo de processo de DT que registra não apenas as atividades de design e decisões, mas também as intenções de design por trás delas.
O artigo de Melville e Hopps (2012) introduz o modelo EDCI (acrônimo para Explorar-Descobrir-Conceituar-Implementar) para design de serviços eletrônicos centrado em humanos. O modelo contém duas dimensões (mundo conceitual versus real e problemas encontrados versus desenvolvimento de soluções, e quatro fases de e-design do serviço: 1) Explorar, 2) Descobrir, 3) Design e conceito, e 4) Implementar e avaliar. Exemplos e reflexões de aplicação do modelo em projetos são fornecidos no artigo. As contribuições principais deste artigo são para introduzir o EDCI como modelo de design e serviços, demonstrar a sua utilidade em um contexto de aprendizagem, ilustrar seu valor dentro de um ambiente do mundo real, e sugerir como o modelo pode fornecer os estágios iniciais necessários do design de serviços eletrônicos, o modelo é fortemente baseado nas ferramentas de DT.
O artigo de Burdick e Willis (2011<) apresenta o DT como uma ferramenta que pode ser integrada no aprendizagem com uso de computadores e outros meios digitais, nesse contexto o DT se apresenta como um modelo que emerge da cultura dos meios digitais como uma ferramenta mais adequada para produção de conhecimento inclusiva na aplicação de DT para desenvolvimento de programas de computador. As autoras argumentam que o DT possui aspectos intuitivos e orientados aos usuários que se ajustam melhor a iniciativas de aprendizagem digital, as autoras ressaltam ainda a necessidade de maior pesquisa do DT como novo modelo de produção de conhecimento.
Finalmente, o trabalho de Wang, He et al. (2002) adota o DT como ponto de partida para a proposta de uma nova metodologia que une o DT com a técnica de "Função-Comportamento-Estrutura para o design da aparência de produtos", o artigo apresenta recursos, métodos e tecnologia desse método para a construção de interfaces homem maquina, ao mesmo tempo que desenvolve o modelo de forma a permitir seu uso no desenvolvimento de interfaces usando ferramentas CAD (computer aided design), o modelo flutua e sua aplicação pode se dar tanto em manufatura de produtos quando em sistemas computacionais.
A síntese dos trabalhos encontrados na pesquisa revela que vários trabalhos apresentam o DT como um método que considera o software como um objeto de design, levando dessa forma o desenvolvimento de software a migrar para um modelo com foco centrado nos clientes. Encontramos ainda o DT sendo aplicado no desenvolvimento de software, mas com focos em aprendizagem e produção de conhecimento e em alguns casos o DT era complementado por outras metodologias para formar novos métodos, sempre com o objetivo de facilitar o design de novos produtos de software e a flexibilização comparado com os métodos tradicionais. Dessa forma a aplicação de DT nessa área apesar de relativamente jovem apresenta uma opção atrativa para ser combinada com métodos tradicionais de software, visando que o resultado final esteja mais perto das espectativas dos cliente. Porém podemos inferir pelo numero de artigos encontrados na pesquisa que o uso de DT no desenvolvimento de software ainda está só no começo, e precisa ser melhor estudado para avaliar seu real potencial.
O presente estudo teve como objetivo montar uma amostra do panorama teórico sobre a aplicação de DT no desenvolvimento de software. Como procedimentos metodológicos, os dados foram levantados por meio de uma análise bibliométrica. Foram identificadas as informações bibliográficas, tais como os principais autores, eventos, referências e etc.
O tema é relativamente novo, o número de artigos encontrados nas bases de dados pesquisadas, indica que o tema ainda está começando a ser explorado academicamente, sendo que a primeira publicação encontrada nessa pesquisa data do ano 2000. Provavelmente se a pesquisa fosse estendida a outras bases de artigos esse número aumentaria, entretanto, como o objetivo não é esgotar o assunto , como os dados levantados já é possível traçar um perfil inicial do tema pelo mapeamento das produções científicas utilizando as três bases de dados internacionais (WOS, IEEExplore e Science Direct).
A compreensão sobre o estado atual de pesquisa na área apontou vários caminhos para futuros trabalhos, entre estes caminhos pode-se citar o de estudos empíricos que ajudem demonstrar a eficácia do uso de DT na produção de software principalmente em metodologias de Design orientado ao cliente, outras áreas como, o uso de técnicas de DT na área de levantamento de requisitos e prototipação também aparecem como possíveis temas a serem desenvolvidos.
Observa-se que o uso de técnicas de Design é um meio para aproximar o entendimento dos atores que desenvolvem o software dos desejos e necessidades dos clientes. Os trabalhos aqui apresentados invariavelmente ilustram que o uso da metodologia de DT se alinha como pensamento dos métodos ágeis de desenvolvimento de software, seu uso pode contribuir para empresas melhorarem a qualidade do software produzido. Porém, como mencionado anteriormente o uso de DT nessa área ainda está só iniciando e ainda carece de mais pesquisas que apontem mais resultados positivos advindos da aplicação dessa técnica no desenvolvimento de software.
Os autores agradecem o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior(CAPES) que fomentam as pesquisas dos doutorandos deste artigo.
ABES. Mercado Brasileiro de Software: panorama e tendências, 2012. . São Paulo: Associação Brasileira de empresas de software 2012.
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1. Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis , SC, Brasil. Email: isadoras@gmail.com
2. Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Automação e Sistemas, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis , SC, Brasil. Email: joao.santanna@posgrad.ufsc.br
3. Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis , SC, Brasil. Email: sierra_ejs@yahoo.com.br