1. Introdução
O termo empreendedor é utilizado desde a idade média. A priori, serviu para identificar o indivíduo que gerenciava grandes projetos de construção, sem a assunção de riscos. É traduzido como aquele que assume riscos e começa algo novo e tem seu possível surgimento registrado em meados do século XVII, na França. A criação desse termo é atribuída, segundo estudiosos, ao escritor e economista Richard Cantillon, que possivelmente foi o primeiro a realizar a diferenciação do empreendedor e do capitalista. Sobre o empreendedorismo ainda no contexto internacional, vale destacar a criação, em 1997, do projeto GEM – Global Entrepreneurship Monitor, que almejava segundo Dornelas (2008), medir a atividade empreendedora dos países e o relacionamento com o crescimento econômico. O autor enfatiza ainda que o termo no Brasil ganhou relevância a partir da década de 1990, com a criação de entidades como o SEBRAE (Serviço Brasileira de Apoio a Micro e Pequenas Empresas) e Softex (Sociedade Brasileira para a Exportação de Software) dentre outras.
A inovação do processo tecnológico abriu maior espaço ao desenvolvimento do empreendedorismo e a ocorrente e atual internacionalização das empresas requer do profissional uma formação intelectual eclética, sendo necessário assim o domínio de outras línguas no intuito de participar do processo de globalização. Com isso, os cursos de idiomas estrangeiros como o inglês e o espanhol são importantes para acompanhar e participar desse processo de desenvolvimento globalizado.
Nesse contexto, onde a globalização se caracteriza como um processo de integração mundial com repercussão nos diversos setores de comunicação, finanças e economia (BASSI, 1997), pode-se mencionar o caso particular do município de Parintins, em que, diante do contato direto com turistas estrangeiros no período do Festival Folclórico, bem como em outros momentos de visitas de navios estrangeiros e também dos iminentes eventos esportivos de caráter mundial, a Copa do Mundo 2014 e as Olimpíadas 2016, a realizar-se no país, verifica-se a necessidade do domínio de línguas estrangeiras, principalmente do inglês como a língua universal, com compreensão do idioma e habilidade oral que permita comunicação, recepção e comercialização de serviços e produtos com visitantes estrangeiros.
E mediante tal conjuntura, verifica-se a necessidade de estudar a oportunidade de empreender um ensino especializado das línguas inglês e espanhol no município de Parintins. Assim, esta pesquisa tem por objetivo identificar a atratividade para o desenvolvimento de novos negócios no setor de ensino de idiomas no município de Parintins.
2. Metodologia
Quanto aos aspectos metodológicos, foi realizada, a priori, uma pesquisa bibliográfica sobre o referido tema, possibilitando ao pesquisador uma proximidade mais estreita com o assunto, o que segundo Trujilo apud Lakatos (2009), representa “o reforço paralelo na análise de sua pesquisa ou manipulação de suas informações”
A pesquisa também assume caráter qualitativo-exploratório, tanto por se tratarem de informações abstratas e não numéricas, quanto pela escassez de informações sobre o setor, pois não existem informações sobre o setor na região (Vergara, 2010). A partir dos dados obtidos na coleta de dados no ambiente, por meio de questionários - fechados para os consumidores e semi-estruturados para as empresas – foi realizada uma análise no intuito de averiguar a demanda existente para o ensino de línguas no município de Parintins e correlacioná-los com a atratividade para o desenvolvimento de novos negócios no respectivo setor.
Essa pesquisa abrangeu todas as cinco empresas prestadoras particulares desse serviço e 384 possíveis consumidores, segundo o cálculo estatístico de acordo com a população do município, considerando uma margem de erro de 5% para um intervalo de 95% de confiança. Para tanto, foi realizada uma pesquisa de campo, que segundo Vergara (2010) “constitui-se em uma investigação empírica realizada no local onde ocorre ou ocorreu um fenômeno ou o que dispõe de elementos para explicá-lo. Pode incluir entrevistas, aplicações de questionários, testes e observações participantes ou não”. Juntamente com aplicação dos questionários, foi realizada uma entrevista informal com os prestadores de serviços.
Na pesquisa foi utilizado o método de abordagem dedutivo, que de acordo com Lakatos(2009) permite a conjectura da ocorrência de fenômenos particulares a partir das leis e teorias. Assim, será possível inferir algumas verdades com base nos dados verificados na coleta.
Utilizou-se como método de procedimento o método estatístico, uma vez que foram quantificadas as respostas e opiniões dos possíveis consumidores, projetando números e avaliando aspectos relacionados com a oferta de ensino de línguas estrangeiras.
O município de Parintins, foco dessa pesquisa, é composto por aproximadamente 68.000 habitantes na área urbana e 38.000 na área rural totalizando 106.000 habitantes. No contexto relacionado com ao poder aquisitivo da população, vale ressaltar que essa apresenta um baixo PIB per capita estimado em cerca de R$3.900,00 por habitante. (IBGE, 2010).
3. Referencial teórico
O empreendedorismo tem sua origem remontada à Idade Média quando o termo empreendedor expressava a ideia do indivíduo que administrava negócios, utilizando para tanto os recursos disponíveis na ocasião. Tem-se conhecimento na literatura que um dos primeiros autores a abordar empreendedorismo, Richard Cantillon, no século XVII, distinguiu a figura do empreendedor, caracterizado pela assunção de riscos, da figura do capitalista, indivíduo fornecedor de capital. Em seguida, é feita a diferenciação entre os indivíduos administrador e empreendedor, cuja equiparação entre os dois termos perdurou até o início do século XX. Filion (1997) os diferencia afirmando que “o gerente é voltado para a organização de recursos, enquanto o empreendedor é voltado para definição de contextos”. O autor ainda argumenta que
Foi Schumpeter (1928) que realmente lançou o campo do empreendedorismo, associando-o claramente a inovação: ‘a essência do empreendedorismo está na percepção e no aproveitamento das novas oportunidades no âmbito dos negócios (...) sempre tem a ver com criar uma nova forma de uso dos recursos nacionais, em que eles sejam deslocados de seu emprego tradicional e sujeitos a novas combinações.
Com o avanço tecnológico, o empreendedorismo conquista maior espaço, uma vez que a ordem em que esse processo acontece exige também uma quantidade maior de profissionais com características empreendedoras.
Segundo Souza e Anjos (2012) A presença do empreendedorismo em empresas, sociedades e grupos é um importante fator que fomenta inovações, tornando os seus atores mais aptos para competir num mercado com mudanças tão rápidas e contínuas.
No mesmo período em que a globalização ganhou relevância, o empreendedorismo começa a se tornar mais visível. Uma das causas desse fator são principalmente os avanços tecnológicos. Porém, quando tais avanços passaram a ocorrer de maneira rápida, o empreendedorismo ganhou relevância significativa. Afirma Dornelas (2008) que “a ênfase em empreendedorismo surge muito mais como consequências das mudanças tecnológicas e sua rapidez, e não é apenas um modismo (…)”.
Na conjuntura atual, é possível dizer, baseado ainda no autor, que vivenciamos a era do empreendedorismo, onde é notório observar a superação de barreiras econômicas, sociais e culturais, onde se depara com a produção de riquezas e as complexas relações de trabalho, e ainda a eclosão da internet, que por sua vez, acelera o processo de desenvolvimento econômico-social.
Esses acontecimentos são oriundos do processo de globalização que tem sua ênfase exatamente nesse século, como justificativa desses acontecimentos revolucionários. Nesse contexto, houve a necessidade de ter profissionais adequados a todo esse processo de mudanças, principalmente na área tecnológica. Por isso, o estudo do empreendedorismo começa a se destacar e qualificar indivíduos para se tornarem empreendedores.
A origem do processo de globalização é possível situar, segundo Santana (1999), no momento em que “a Europa, saindo do Feudalismo, estendeu suas conquistas territoriais a várias partes do planeta, dentro da expansão comercial iniciada no final da Idade Média, fundamentada na iniciativa da burguesia e no financiamento do Estado (...)” Nesse processo onde a integração econômica e a expansão de mercados começam a florescer, observa-se mudanças de caráter tanto social como político, que por sua vez alteram a forma habitual das pessoas e organizações se relacionarem.
No final do século XX, o processo de globalização começa a integrar vários setores mundiais, o que antes eram acontecimentos locais e nacionais passam a ser acontecimentos mundiais. Como consequência desse novo mundo “sem barreiras”, amplia-se a necessidade do conhecimento de línguas estrangeiras, para uma melhor interação com esses novos mercados globalizados.
Segundo Degen (2009), Joseph Schumpeter afirma que uma empresa com anos de existência no mercado pode ser ultrapassada por uma empresa inovadora de pequeno porte, contanto que essa atenda melhor às necessidades dos consumidores. Este é o processo de destruição criativa.
De acordo com as pesquisas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2002, as pequenas e médias empresas ofertam 57 % do total de empregos, 26 % do total da massa salarial, representando 99 % do total das empresas formais. O problema encontrado é que 60 % dessas empresas encerram suas atividades antes dos quatro anos de funcionamento. O estudo do empreendedorismo se faz necessário para prover uma solução para diminuição deste índice, visto que a atividade empreendedora se embasa em diversas ferramentas para análises, planejamentos e administração de negócios.
Wright (etall, 2010) afirma que “as tendências sociais também incluem mudanças demográficas”. Eventos esportivos de proporções mundiais promovem uma migração momentânea de turistas de diferentes nacionalidades. O aumento da oferta de produtos e serviços para esse turista será proporcional à demanda. Essa demanda por produtos e serviços gera uma demanda por profissionais que dominem uma língua estrangeira para exercer funções básicas que antes não exigiam tal nível de qualificação e atender esse novo perfil de cliente. Então surge a oportunidade de desenvolver empreendimentos na área de ensino de línguas em todo o país, especificamente no município de Parintins, local da pesquisa.
O surgimento dessa demanda implica em uma possível oportunidade de negócio no que se refere ao ensino de idiomas no município de Parintins. Por se caracterizar como uma atividade empreendedora existe a possibilidade de franquias a serem implantadas nesse ramo no município, uma vez que esses empreendimentos têm crescido e obtido êxito em todo país.
No município de Parintins é possível observar a presença de um espaço empreendedor perceptível na existência de pequenos e médios empreendimentos, nos diversos setores como, alimentício, varejo, confecções, supermercados, farmácias, açougues, lanhouses, escolas de ensino de línguas, objeto da pesquisa em questão. Degen (2009) afirma que:
É com criatividade que [o empreendedor] começa a associar as observações sobre os mais diversos tipos de empreendimentos. A criatividade fará com que ele visualize adotar a fórmula de sucesso de um negócio em um outro. São essas associações criativas que podem transformar uma simples oportunidade de negocio em um grande sucesso empresarial.
Assim, portanto, o desenvolvimento dessa criatividade pelo empreendedor é oriundo das constantes observações dos negócios, o que possibilita maiores chances de percepção de uma oportunidade para empreender.
4. Análise e discussão dos dados
4.1 Empresas
Para a coleta de dados pretendidos pela pesquisa foi realizada a aplicação de questionários e entrevista informal com cinco empreendedores do ramo de serviço de ensino de línguas do município de Parintins, com o intuito de verificar o perfil do empreendedor parintinense, sua visão de negócio e aspectos inerentes ao processo empreendedor realizados pelos mesmos.
Mediante a pesquisa realizada nos empreendimentos voltados para o ensino de idiomas no município de Parintins, pode-se constatar que todas as escolas pesquisadas atuam na formalidade e estão localizadas na área central do município onde há um fluxo populacional mais acentuado. Do total pesquisado, a maioria atua no mercado a menos de 05 anos e o restante das empresas possui experiência superior a 10 anos de atuação, o que nos possibilita inferir a existência da viabilidade do negócio de ensino de idiomas no município de Parintins. Quanto ao número de professores, as escolas apresentam de 01 a 05 profissionais, que na grande maioria, são os próprios empreendedores, fazedores do processo, que segundo Degen (2009) “(...) todo empreendedor que deseja ter sucesso precisa estar disposto a, no início, desenvolver ele mesmo, todas as atividades necessárias para empreender o negócio e fazer sua empresa crescer”.
A maioria das empresas participantes da pesquisa disponibiliza apenas o ensino de uma língua estrangeira, o inglês, ao passo que a minoria oferece o ensino de espanhol, cuja demanda é significativamente menor.
No que se refere ao oferecimento da modalidade de intercâmbio, foi identificado que apenas duas escolas oferecem esse tipo de serviço. Uma empresa disponibiliza anualmente uma bolsa integral de estudo para a Escola de Inglês de Oxford, na Inglaterra e a outra empresa oferece uma bolsa de estudos em Miami, Canadá ou Estados Unidos, para o aluno que obter maior grau de rendimento no processo de aprendizagem do idioma e grau de fluência na língua.
Em relação aos cursos oferecidos pelas empresas, foi possível encontrar peculiaridades no sentido do direcionamento do curso mediante a faixa etária. Das empresas que oferecem cursos voltados para o público infantil (3-5 anos), a mensalidade fica em torno de R$80,00 (oitenta reais) a R$ 120,00 (cento e vinte reais), enquanto a mensalidade para o público adulto fica em torno de R$100,00 (cem reais) a R$200,00 (duzentos reais). Das demais empresas que oferecem cursos voltados apenas para o público infanto-juvenil e para o público adulto, a mensalidade gira em torno de R$ 60,00 (sessenta reais) a R$ 270,00 (duzentos e setenta reais). Diante dos valores mencionados é possível inferir que o mais caro custa cerca de 450% a mais que o mais barato.
As escolas pesquisadas possuem a quantia de 60 a 327 alunos devidamente matriculados nos cursos de idiomas, divididos entre os públicos infantil, infanto-juvenil e adulto.
Ao serem questionados sobre qual o idioma mais procurado, foi observado que o inglês é o curso mais demandado pelos clientes.
Grande parte dos empreendedores pesquisados, quando indagados se a oferta de cursos satisfaz a necessidade local do município, confirma que a oferta está a contento da demanda existente, ou seja, na visão destes, não existe demanda de diferenciação desses serviços, e que o mercado está estável, visão positivista. Frente à teoria pode-se perceber que essa visão de frágil satisfação da estrutura do mercado apresenta uma relevante dificuldade de identificação das necessidades dos clientes.
Ao que diz respeito à qualidade do ensino de idiomas, grande parte dos empreendedores acredita que esta atividade apresenta um nível satisfatório de qualidade.
Pode-se notar que a motivação inicial para a implantação do empreendimento de ensino de línguas se constitui como satisfação pessoal para a maioria dos entrevistados, seguida da necessidade financeira e experiência no ramo, sendo que um dos entrevistados foi motivado pela identificação de uma viável oportunidade de negócio.
Quanto à realização de um planejamento específico voltado para a implantação do empreendimento de ensino, pode ser identificado que apenas um dos empreendedores franqueados realizou um plano de negócios enquanto o restante não elaborou esse planejamento específico, contudo, realizaram ações que Dornelas (2008) afirma serem fatores importantes na avaliação de uma oportunidade de negócio, a saber, análise de mercado, onde é possível verificar clientela, custo, crescimento, estrutura; análise econômica, onde é possível averiguar o retorno financeiro, viabilidade econômica, valor oferecido aos clientes, entre outras.
Na entrevista, foi perguntado aos empreendedores se os mesmos possuíam conhecimento e/ou experiência no ramo que se propuseram a investir. Em resposta, foi possível verificar que a totalidade possuía conhecimento ou experiência na área, o que condiz com Dornelas (2008) quando sugere ao empreendedor criar negócios em área que tenha conhecimento, domínio ou alguma experiência. Este fator favorece maiores possibilidades de êxito no negócio, uma vez que o conhecimento teórico auxilia a prática.
Os 05 empreendedores entrevistados apresentam características favoráveis à atuação no ramo do ensino de línguas. Nesse contexto, pode ser mencionado que um dos empreendedores possui experiência na área de gestão; outro possui conhecimento oriundo da prática cotidiana devido à naturalidade inglesa. Outro empreendedor entrevistado apresenta característica particular face à sua denominação como autodidata e o último ainda pelo fato de ter realizado intercâmbio em países estrangeiros, como Canadá e Inglaterra.
Ao serem inquiridos a respeito das abdicações feitas em prol da implantação e desenvolvimento da escola de ensino de idiomas, foi obtida como resposta da maioria, a renúncia das horas de lazer por parte dos empreendedores, considerando também num caso particular, a substituição de um emprego fixo em face a atividade empreendedora. Os mesmos argumentam ainda que essa abdicação é necessária tendo em vista o sucesso almejado, o que se pode relacionar com Degen (2009) quando diz que “a vontade dos empreendedores em vencer todas as dificuldades para desenvolver seu negócio, pagando o preço do sacrifício pessoal para ter sucesso, é função direta de sua necessidade de realizar”. Assim, essa dedicação assume caráter imprescindível no êxito da atividade proposta a ser empreendida.
Foram inquiridos aos entrevistados quais os mais usados veículos informativos que utilizam como meio de atualização quanto ao conhecimento, considerando a ideia de Dornelas (2008) , quando a expõe nas palavras, de que:
Novas ideias só surgem quando a mente da pessoa está aberta para que isso ocorra (...). Assim, qualquer fonte de informação pode ser um ponto de partida para novas ideias e identificação de oportunidade de mercado. Informação é a base de novas ideias. Estar bem informado é o dever de qualquer empreendedor.
Assim, pode-se notar a internet como o principal meio usado pelos empreendedores. Essa escolha está em concomitância com as palavras do autor, quando diz que a “internet é um celeiro de oportunidades jamais visto na história da humanidade”.
Diante da ideia de empreender uma escola de ensino de línguas, a priori, os empreendedores entrevistados em sua totalidade, estudaram o mercado, analisando a viabilidade financeira e demanda por tal serviço, e a minoria buscou informações com pessoas que já possuíam alguma espécie de conhecimento e experiência no ramo.
Ao que diz respeito às ações mercadológicas que as empresas focos da pesquisa realizam para atrair novos alunos, fora identificadas como as mais utilizadas pela maioria dos empreendimentos de ensino, o marketing informal, o popular boca-a-boca, cujos principais benefícios, segundo Kotler (2000), são:
As fontes de boca a boca são convincentes: o boca a boca é o único método de promoções de consumidores, feito por consumidores e para consumidores. (...) Clientes satisfeitos não só comprarão novamente como também são anúncios ambulantes e falantes de sua empresa.
Assim, uma vez que se o cliente é satisfeito com a prestação de serviços é bem provável que este influencie e encaminhe outros clientes para usufruírem do mesmo serviço. Além dessa estratégia, os empreendedores utilizam ainda a distribuição de panfletos, sorteio de notebook para os alunos que efetuarem ou renovarem sua matrícula, faixas em locais de grande circulação, anúncios em TV e parcerias com escolas, e outros recursos da mídia.
Quando questionados sobre a qualificação dos professores que ministram as aulas na escola de idiomas, foi identificado que metade dos empreendimentos contém professores capacitados na área de graduação em licenciatura em Língua Inglesa, enquanto que o restante das escolas possui professores graduados na área de Licenciatura em Letras, Administração e Pedagogia, com cursos na área de inglês.
Ao serem questionados sobre os problemas que se deparam no cotidiano do empreendimento, a maioria dos entrevistados identificou a evasão escolar como maior dificuldade do negócio. Um dos entrevistados acredita que a falta de professor qualificado na área de ensino é o maior problema encontrado atualmente no setor, pois tal fato se torna um limitador de crescimento, devido à inexistência dessa mão-de-obra dotadas desses tributos. Outro ainda acredita que a falta de capital de giro vem ser o maior problema de seu empreendimento.
Quanto ao aperfeiçoamento de seus serviços, identificou-se que a totalidade dos empreendedores entrevistados busca constantemente o conhecimento para melhoria de suas atividades. Os empreendedores afirmam que realizam cursos voltados para a área, participam de palestras, comparecem à feiras. Um empreendedor ainda relatou que planeja viajar com todos os professores de sua escola para realizar um curso no exterior. Um franqueado relatou também que anualmente todos os funcionários realizam cursos na matriz, além de cursos em instituições locais como o SEBRAE, que segundo Dornelas (2008) “é a principal entidade que apóia os empreendedores brasileiros”. Todos os aspectos abordados remontam à ideia de Dornelas (2008), quando diz que “[o empreendedor] deve ainda planejar bem os passos a serem dados e estar capacitados para atuar na área pretendida, fazendo cursos, participando de eventos, treinamentos, feiras, etc., tendo certeza de que conhece o solo onde está pisando”. Assim, destaca-se a importância desse órgão fomentador de qualificação de empreendedores, tendo em vista sua atuação mais eficaz e rentável no mercado.
Quando indagados a respeito do seu diferencial competitivo, foi identificado que a totalidade dos entrevistados acredita que a qualidade de ensino oferecida é a sua maior vantagem. Metade dos empreendedores diz ainda que o renome da escola, devido à atuação no mercado há vários anos, também é um importante diferencial que influencia a escolha do cliente por seus serviços frente a seus concorrentes. Os dois empreendedores franqueados afirmam que a bandeira da franquia agrega um diferencial competitivo no curso oferecido.
4.2 Clientes
Outro enfoque da pesquisa realizada se constitui na análise da opinião dos clientes em potencial no setor de serviços de ensino de línguas. Para tanto, foram aplicados 384 questionários semi-estruturados em praças públicas, escolas e nas vias públicas centrais com acentuado fluxo de pessoas.
O intuito da aplicação dos questionários consistia na obtenção das opiniões dos clientes em relação a aspectos inerentes ao serviço de ensino de línguas no município de Parintins, bem como na identificação da atratividade do setor.
Do total pesquisado, cerca de 53,1% são do sexo feminino, e os 46,9%, do sexo masculino. A faixa etária dos entrevistados foi classificada em intervalos, sendo 59,1% de 14 a 20 anos, 19,5% dos entrevistados de 21 a 26 anos, 10,9% do total entre 27 e 33 anos, 7,3% na faixa etária de 34 a 40 anos e 2,9% dos entrevistados com idade acima de 41 anos.
Em relação à localização de residência dos entrevistados, pode-se dizer que 21,1% dos mesmos residem no centro da cidade, 19,8% estão distribuídos uniformemente nos bairros Itaúna I e Itaúna II, em seguida, 14,1% residentes no Palmares, 6,5% no bairro de São Benedito, 6% no bairro do Paulo Correa, 5,2% no bairro de Santa Rita, e o restante, concentrados em menor proporção, nos demais bairros da cidade, conforme a Figura 1.
Fonte: Elaborado pelos autores com base na pesquisa de campo
Figura 1 - Bairros dos entrevistados
A pesquisa abrangeu cerca de 90% do total dos bairros de Parintins, fato que possibilita uma coleta de dados mais diversificada.
Quanto ao estado civil dos entrevistados, 87% são solteiros, 12,2% casados e apenas 0,8%, divorciados.
Em relação à escolaridade dos entrevistados, pode-se constatar que 58,1% possuem ensino médio incompleto, 26,6% já concluíram o ensino médio, 6,3% possuem nível superior completo, sendo que 7,6% dos entrevistados ainda não concluíram tal nível e ainda, 1% possuem ensino fundamental completo e apenas 0,5% possuem ensino fundamental incompleto.
Quanto ao vínculo empregatício dos entrevistados, 56% afirmam que possuem ocupação trabalhista, seja formal ou informal, enquanto o restante, não possui.
Ao que diz respeito à renda familiar, 70,1% dos entrevistados afirmam possuir uma renda de 1 a 2 salários mínimos, enquanto 21,1% possuem renda entre 3 e 4 salários e ainda 8,9% encontram-se na faixa de 5 a 6 salários. A maioria dos entrevistados, ou seja, os 70,1%, disponibilizam custeio para a realização de curso de línguas no valor de R$ 50,00 (cinqüenta reais) a R$80,00 (oitenta reais).
Em face a essa diversidade da renda financeira, as empresas pesquisadas oferecem cursos a valores distintos, o que por sua vez possibilita aos clientes de renda inferior, acesso a um curso de língua estrangeira.
Do total entrevistado, 71,1% não possuem filhos, e o restante de 28,9% responderam que possuem, sendo 80,2% deste valor a quantidade de 1 a 2 filhos, 16,2% de 3 a 4 filhos e 3,6% afirmam possuir acima de 4 filhos.
Foi inquirido ainda a respeito da assunção da responsabilidade pelos gastos com educação, e foi obtido como resposta de 47,1% dos entrevistados assumem eles mesmos tal obrigação, enquanto 49,7% dizem que os pais são os facilitadores para sua educação, 1,8% dizem ainda que os consortes são os responsáveis por estes gastos e apenas 1,3% afirmam que recebem ajuda de outros familiares.
Em relação ao interesse de aprender uma língua estrangeira, 94,8% dos entrevistados responderam que possuem interesse em assimilar no mínimo uma língua estrangeira, enquanto apenas 5,2% dos entrevistados afirmam não possuir nenhum interesse em aprender uma nova língua.
Informação que demonstra o anseio dos entrevistados em alargar suas fronteiras lingüísticas, tendo em vista aspectos como a ascensão social, bem como profissional, uma vez que o mercado atual, embebido do processo de globalização, exige tal fator como aspecto relevante no ato da contratação e até mesmo subsistência no ambiente organizacional.
Ao que diz respeito à prévia realização de um curso de língua estrangeira, 59% dos entrevistados responderam que ainda não realizaram curso algum de idiomas, enquanto 41% afirmam que já o fizeram, cujo 24% deste percentual o cursaram em escolas públicas e 17% em escolas particulares, conforme Figura 2.
Fonte: Elaborado pelos autores com base na pesquisa de campo
Figura 2 - Realização de curso de idiomas
Desta informação é possível verificar da porcentagem daqueles que já realizaram curso de línguas, que a maior parte destes o fizeram em escolas públicas devido à vantagem em não custear as despesas com o referido curso.
Quanto aos fatores que influenciam os entrevistados no ato de optar por uma escola de idiomas para realização de um curso frente a seus concorrentes, 68,8% responderam que a qualidade de ensino é o fator decisivo para a escolha e diferenciação das escolas, o que por sua vez pode ser associado à colocação dos empreendedores pesquisados, que também acreditam que a qualidade de ensino oferecida é a sua maior vantagem competitiva. Na sequência, tem-se 14,3% dos entrevistados afirmam que o preço é a particularidade com maior relevância, e ainda 13,8% dos entrevistados relatam que a opção de cursos oferecidos é o fator que mais influencia a escolha pelo estabelecimento de ensino de idiomas, e apenas 0,5% responderam que outros fatores influenciam sua decisão, conforme pode ser visualizado na Figura 3.
Fonte: Elaborado pelos autores com base na pesquisa de campo
Figura 3 - Fatores de influência na escolha do estabelecimento de ensino
Mediante a análise gráfica acima, é notório observar que os clientes demandam maior primazia aos cursos que oferecem um nível mais elevado de qualidade, ainda que estes apresentem um custo mais elevado, tal fator não influencia na decisão por tal escolha, uma vez que o quesito qualidade sobrepõe o quesito custo.
Quando questionados sobre a preferência na realização de um curso de idiomas, 68% da totalidade responderam que a língua inglesa seria sua primeira opção, enquanto 19% afirmam ser o espanhol, 5,5% ainda dizem ter preferência pelo francês e apenas 3,1% da amostra responderam que o japonês seria sua primeira opção
Diante do constatado, pode-se verificar que a língua inglesa possui prioridade de aprendizagem por parte dos entrevistados, uma vez que tal língua representa quesito indispensável no currículo profissional, bem como a viabilidade na ascensão acadêmica, organizacional e pessoal.
Em relação aos fatores motivadores para a realização do curso, verificou-se que a maioria, 80,5%%, é estimulada tendo em vista a qualificação profissional, enquanto 10,4% visa à satisfação da necessidade individual, 6,3%, o hobby, e 2,9% tem como fonte motivadora a necessidade organizacional, conforme a Figura 4.
Fonte: Elaborado pelos autores com base na pesquisa de campo
Figura 4 - Fatores motivadores para a realização de um curso de língua estrangeira
De acordo com a figura acima, é possível verificar que a qualificação profissional é o fator que mais exerce influência para a realização de um curso de língua estrangeira, isso devido à exigência acentuada do mercado de trabalho globalizado.
Em se tratando da disponibilidade financeira para custeio do curso de línguas, é possível dizer que 60,4% dos entrevistados se predispõem a pagar de R$50,00 (cinqüenta reais) a R$ 80,00 (oitenta reais) 20,1% dos entrevistados pagariam de R$ 81,00 (oitenta e um reais) a R$ 110,00 (cento e dez reais), 5,7% pagariam de R$ 111,00 (cento e onze reais) a R$ 140,00 (cento e quarenta reais), 4,7% pagariam de R$ 141,00 (cento e quarenta e um reais), a R$ 170,00 (cento e setenta reais), enquanto 9,1% estão dispostos a pagar entre R$ 171,00 (cento e setenta e um reais), a R$ 200,00 (duzentos reais),. Assim é possível aferir que existe uma demanda, em menor quantidade, disposta a investir um valor mais elevado na aprendizagem de língua estrangeira, contradizendo a visão errônea de que não existem clientes propensos a financiar o estudo de línguas a um custo maior.
No que diz respeito à importância creditada na aprendizagem de uma língua estrangeira, a maioria dos entrevistados, contabilizando um total de 99,2% julgam importante, enquanto apenas 0,8% dizem não achar importância em aprender outra língua. Assim, verifica-se que quase a totalidade do universo pesquisado afirma que a aprendizagem de uma língua estrangeira é vital no processo de ascensão profissional, organizacional e pessoal.
Foi indagado ainda dos entrevistados se a oferta do ensino de língua estrangeira satisfaz a necessidade local do município de Parintins, sendo possível constatar na opinião dos clientes, que pouco mais da metade, ou seja, 59,6% afirmam que sim, enquanto 40,4% afirmam que a oferta não satisfaz a demanda local. Dos que seguem esse raciocínio, 25% apontam como justificativa a falta de qualificação dos professores, 23,2% apontam a ausência de cursos específicos, e 20,6% afirmam que a quantia reduzida de escolas justifica essa insatisfação.
Para finalizar o questionário, foi perguntada aos entrevistados sua análise a respeito da qualidade do ensino de línguas oferecido no município de Parintins, e foi constatado que 44,8% consideram regular o referido ensino, 42,4% definem como bom, 6,8%, ruim, enquanto apenas 4,7% consideram o ensino excelente, conforme mostra a Figura 5.
Fonte: Elaborado pelos autores com base na pesquisa de campo
Figura 5 - Análise a respeito da qualidade do ensino de idiomas
5. Considerações finais
Mediante a pesquisa realizada, foi possível identificar que o ensino de línguas devido à necessidade imposta pela conjuntura atual oriunda do processo da globalização representa uma oportunidade de negócio no município de Parintins, onde foi possível verificar por meio dos dados coletados a existência da demanda e a atratividade do referido setor.
Esta demanda por sua vez, é caracterizada principalmente pela faixa etária de 14 a 20 anos, que são os clientes em potencial que apresentam maior interesse e necessidade emergente, devido ao anseio pelo ingresso no nível superior, qualificação profissional e preparação para o mercado de trabalho. Esses fatores intensificam a busca por parte dos clientes por um ensino de idiomas de maior qualidade e que possua capacidade de atender a quantidade demandada.
Foi possível verificar ainda, de acordo com a concepção da maioria dos clientes em conformidade com a dos empreendedores, que a oferta do ensino de idiomas está a contento da demanda local, com ressalva de uma expansão no desenvolvimento deste setor de ensino, no que diz respeito a cursos oferecidos, qualificação de profissionais, ambiente formalizado, aumento no número de escolas, entre outros.
É possível inferir também, mediante os resultados da pesquisa, que há a viabilidade desse negócio, considerando a carência do mercado local, sendo que as cinco escolas de ensino de idiomas existentes atualmente no município de Parintins abarcam um universo de apenas 327 alunos devidamente matriculados. Além do mais o município apresenta condições favoráveis à aceitação de franquias nesse setor ou até mesmo empreendimentos próprios que venham a oferecer tais serviços.
Assim, cabe ao candidato a empreendedor, ser criativo, conseguindo visualizar essa oportunidade de negócio, considerando ainda os eventos esportivos de caráter mundial, que provocarão um estímulo na demanda local por tal tipo de serviço, tendo em vista que o empreendedor possui caráter criativo, ou seja, consegue realizar e desenvolver projetos e ideias sob uma nova perspectiva, constituindo-se esta como uma das suas principais características para a concretização do processo empreendedor.
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