Emprendedores y economía informal: Un análisis del mercado popular de Teófilo Otoni
Almeida
Visando conhecer e discutir a experiência vivida pelos comerciantes no shopping popular de Teófilo Otoni, e as características do empreendedorismo por necessidade e ou por oportunidade neste contexto; o presente artigo utiliza uma abordagem qualitativa,
Através de pesquisa descritivo-exploratória (VERGARA, 2000), procurou-se identificar os aspectos demográficos dos participantes, os fatores e condições que afetam sua atividade atual e as impressões a respeito da atividade informal. Tais informações foram estruturadas e inter-relacionadas para fornecer indicativos da presença ou não de um perfil empreendedor e das motivações que os levaram a empreender.
A primeira etapa da pesquisa foi de natureza exploratória, visando prover os pesquisadores de maior conhecimento sobre o tema e o problema de pesquisa. Em uma segunda etapa, foi utilizada a pesquisa quantitativa, através da aplicação de um questionário composto de perguntas abertas e fechadas a 43 pessoas. O uso desta técnica possibilitou a mensuração dos resultados, através dos métodos de tabulação e processamento das informações coletadas, permitindo, em função do cruzamento destes dados, a leitura do perfil socioeconômico e empreendedor dos comerciantes do Shopping Popular.
Como limitações do estudo, vale destacar que apesar dos dados e informações obtidas serem de grande relevância para expor empiricamente a noção de empreendedorismo por necessidade, os resultados não são generalizáveis, considerando a representatividade da amostra por acessibilidade (VERGARA, 2000), em relação aos empreendimentos informais de Teófilo Otoni no Vale do Mucuri.
A coleta de dados foi realizada através de um questionário estruturado, com duração média de trinta minutos, possibilitando a obtenção de informações relevantes e precisas sobre os objetivos propostos neste trabalho.
As respostas atribuídas pelo entrevistado às questões propostas, foram analisadas à luz do marco teórico descrito, o que permitiu o agrupamento dos respondentes em categorias, em função de empreenderem por necessidade ou oportunidade, e de possuírem ou não características tradicionalmente atribuídas a indivíduos empreendedores.
Para contribuir na contextualização das respostas, caracteriza-se a seguir o shopping popular para, posteriormente discutir a presença de características empreendedoras nos respondentes e a motivação principal de tais indivíduos (oportunidade ou necessidade).
A informalidade pode ser vista como uma tentativa de burlar fatores como carga tributária elevada, custos para abertura de uma empresa, dificuldade para comercializar seus produtos, dentre outras questões. Até inicio de 2005, boa parte dos comerciantes informais do município de Teófilo Otoni, encontrava-se instalada em calçadas das principais ruas comerciais da cidade. Contudo, em julho de 2005 foi alugado pela Prefeitura Municipal um galpão na região central para instalação dos comerciantes informais, com a ordem de desocupação das ruas da cidade pelos vendedores ambulantes (SMP, 2008).
Segundo Ramos e Alencar (2004), a pressão de comerciantes formais e de parte da população que circula com freqüência pelo centro da cidade, foram fatores significativos na retirada dos ambulantes, contra a vontade dos mesmos. Sendo importante ressaltar que atrativos como a isenção do aluguel do box e treinamentos em gestão, prometidos pela prefeitura e pela mídia, não foram cumpridos quando da mudança. Para alocá-los foi criado o chamado shopping popular, onde realizou-se a pesquisa em função de sua relevância para o comércio informal e pelo número de empreendedores lá instalados.
Inaugurado em julho de 2004, no prédio que anteriormente sediava um supermercado, o estabelecimento conta com dois andares. Conforme retratado pelos comerciantes, o local possuía uma boa infra-estrutura para receber os ambulantes, mas havia necessidade de investimentos para instalação dos boxes e melhorias no aspecto visual dos mesmos. Apesar disso, a não-ocupação do estabelecimento por um período superior a trinta dias é considerada abandono do posto e motiva a exclusão do comerciante.
Conforme apresentado anteriormente, as características comumente associadas aos indivíduos empreendedores envolvem: habilidade de identificar novas oportunidades; habilidade de avaliar oportunidades e pensar criticamente; habilidade de comunicação persuasiva; habilidade de negociação; habilidade de comunicação interpessoal; habilidade de escutar e adquirir informação; habilidade de resolução de problemas; liderança; capacidade de planejamento e conhecimento de mercado. Para determinar se os respondentes possuem ou não um perfil empreendedor foram utilizados dezoito indicadores, propostos na parte estruturada do questionário.
Inicialmente, foram discutidos os benefícios percebidos em função dos respondentes atuarem em um negócio próprio. A possibilidade de ser o próprio patrão; perspectiva de crescimento profissional e pessoal; autonomia de horário; e interesse em contribuir para o desenvolvimento do país foram considerados indícios da presença de perfil empreendedor. A visão que os impulsionou na decisão de empreender também foi avaliada, sendo as afirmativas: “existe uma oportunidade de lucros nesse ramo e devo aproveitar”; “prefiro ganhar menos como autônomo a trabalhar para uma empresa”; e “existe uma necessidade não atendida no mercado”; associadas ao perfil empreendedor. Além disso, foram propostas questões a respeito da capacidade do indivíduo em lidar com a pressão no gerenciamento do negócio próprio e sobre a evolução da qualidade de vida como autônomo.
No que tange à capacidade de planejamento, indagou-se a respeito da necessidade de planejamento, da possibilidade de realizá-lo e dos resultados esperados. Ainda, buscou-se verificar se os respondentes têm consciência das ações que tomam visando competitividade no mercado, do respectivo resultado e da adequabilidade da maneira como atuam para com o público atendido. Assim, um perfil empreendedor engloba capacidade de planejar e analisar o ambiente; e noções de competitividade. Características como habilidade para liderar, monitoramento de tendências, criatividade, persistência, conformismo e falta de atitude para implementar projetos, também foram debatidas, sendo as quatro primeiras associadas ao perfil empreendedor.
Finalmente, os respondentes foram questionados sobre vantagens que esperavam obter, em relação aos assalariados. Idéias como liberdade para tomar decisões sobre os negócios; possibilidade de prestar contas apenas para si mesmo; potencial para grandes recompensas financeiras; oportunidade de enfrentar desafios; fuga da posição de empregado subordinado; sentimento de satisfação e orgulho; e possibilidade de abandonar a rotina estariam ligadas a indivíduos mais empreendedores.
Com base nos critérios previamente expostos, dos vinte e três homens e vinte mulheres entrevistadas, doze homens e cinco mulheres apresentaram indícios de que possuem um perfil empreendedor. Os demais mostraram características passivas e pouca visão de negócio, portanto pouca habilidade empreendedora.
A análise a respeito das características empreendedoras auxilia na compreensão das motivações que levaram o indivíduo a estabelecer seu próprio negócio no mercado informal, porém, é insuficiente por si só, para retratar em profundidade o quadro deste tipo de atividade, sendo essencial avaliar as características sócio-econômicas dos participantes para classificar sua motivação entre necessidade ou oportunidade.
Inicialmente, vemos que dois aspectos importantes limitam significativamente a possibilidade de absorção dos entrevistados pelo mercado formal de trabalho: a idade média de 38 anos e a baixa escolaridade (inferior a oito anos para vinte e nove entrevistados, sendo que nenhum possui curso superior). Apesar de sete entrevistados possuírem casa própria e bens importantes para a satisfação de suas necessidades básicas (geladeira, fogão e outros), a maioria dos indivíduos revela ser a única fonte de renda e apresenta grande dificuldade para obtenção de proventos mínimos para sustentar uma residência com cinco ocupantes, em média.
As pessoas entrevistadas relataram ter atuado no mercado formal de trabalho por um período médio de sete anos. A remuneração bruta mensal recebida (em média um salário mínimo) ilustra essa precariedade, sendo que a maioria afirmou que a renda auferida era insuficiente para sustentar a família, doze relataram enfrentar problemas orçamentários ocasionais e apenas sete julgavam ser suficiente o rendimento obtido no mercado formal.
A respeito dos motivos que levaram à saída do emprego formal, os principais seguem comentados: cinco participantes foram dispensados pelas empresas (corte de custos ou problemas de qualificação profissional); dois receberam propostas das empresas para trabalharem de forma temporária; três indivíduos perderam o emprego por falência da empresa; e, apenas dois respondentes alegaram ter se demitido por vislumbrar uma oportunidade de mercado e rendimentos superiores na atividade informal; ou seja, a grande maioria chegou ao mercado informal por rejeição ou ausência de perspectiva no mercado formal.
Avaliou-se também a percepção dos entrevistados quanto à possibilidade de voltar ao mercado formal de trabalho, sendo que a maioria alegou que a idade e/ou a baixa escolaridade representariam impeditivos para seu retorno, devido à escassez de vagas e preferência por perfis mais jovens e com nível escolaridade superior. Além disso, todos julgaram importante, porém financeiramente inviável investir na obtenção de conhecimentos que os tornassem mais “habilitados” e com pouca capacidade de absorção de novos conhecimentos.
Finalmente, em busca de uma categorização mais precisa dos respondentes, os comerciantes foram indagados a respeito da principal motivação para abrir seu próprio negócio. Dentre as possibilidades de resposta incluíram-se afirmações relacionadas ao empreendedorismo por oportunidade (como realização profissional, autonomia, independência, e outras), e elementos do empreendedorismo por necessidade (desemprego e ausência de vagas, renda insuficiente, falta de qualificação, idade avançada, falta de incentivo do governo e outros).
A análise conjunta das opiniões dos respondentes e das informações fornecidas a respeito de escolaridade, renda e outros aspectos sócio-econômicos levaram à classificação de trinta e dois participantes como empreendedores por necessidade e onze por oportunidade.
Contudo, é importante destacar que o ingresso no mercado informal não proporciona uma melhora significativa nas condições de vida, uma vez que a maioria dos participantes alegou que a renda na nova atividade é ainda insuficiente e instável.